Capítulo 5: Neblina.

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Mais alguém está ouvindo esses sinos de aleluia ou estou alucinando sozinha? Finalmente esse dia chegou. E hoje não é qualquer dia não, é o melhor dia do universo desde que o calendário foi inventado. É sexta-feira, porra! Essa semana que se passou pareceu durar mais que minha vida inteira, uma eternidade. Graças á tudo que é mais sagrado, ela terminou.

Não devia ser mais que sete horas da manhã quando atravessei o portão da minha escola, com Silverchair no último volume nos meus fones de ouvido. A música estava estourando meus tímpanos, só para deixar bem claro. Olhei para o pátio e vi todos meus amigos sentado numa mesa mais afastada. O Diego estava entre gargalhadas enquanto colocava seus pés na mesa e a Mirela os tentava empurrar pro chão em várias tentativas inúteis, a Rafa e o Oli estavam conversando entre si algo bem sério, o Syn e o Johnny pareciam estar assistindo algo no telefone do Johnny, provavelmente algum vídeo. E o Rich? Bom, como bem conheço a espécie desse rapaz, ele estava cantando a Sav, porque a bochecha da garota parecia um pimentão vermelho e ela não parava de dar aquelas risadas sem graça. Fiquei feliz ao ver que a Savannah tinha se entrosado com meus amigos, eu sempre achei ela um pouco solitária. E olha, eu sei bem como é se sentir sozinha.

— A maluca chegou! – a voz do Rich é tão potente que até destoou a do Daniel Johns, vocalista do Silverchair que ainda berrava no fundo dos meus neurônios.

— Fala, cara – apesar de ter falado baixo em comparação ao Rich, não resisti a uma risada e um tapinha na cabeça do Ingle. Eu gostava desse jeito dele, como se sempre fumasse um antes de sair de casa para viver maluco assim a todo instante.

Sentei próximo ao meu melhor amigo tatuado e ele passou o braço magro por cima dos meus ombros, me abraçando.  No fim nós paramos de brigar e deixamos tudo para trás. Não havia motivos para brigar por conta do Diego e acredito que com o tempo, o Syn passe a contar mais sobre suas coisas pessoais. Por isso, resolvi não me importar mais com a curva da mulher na janela. Não é da minha conta e se o Syn quiser me contar, ele vai contar. Não posso obrigá-lo a nada.

— Tô sentindo que vou ter um surto de felicidade, sério. Mal posso esperar por hoje, vai ser épico! – soltei o que estava quase me matando de ansiedade, praticamente gritando. Eu estava entre amigos, tinha o direito de ser feliz.

— Por que? – o Syn questionou desconfiado.

— O after, meu.

— Que after, Bells? Tá tudo bem? – ele colocou a mão pesada na minha testa, checando minha temperatura. A tirei logo em seguida.

— Tu não sabes? A Rafa não te chamou?

Quando dei conta da merda que havia dito, olhei para a Rafa e toda a mesa tinha parado de conversar, apenas prestando atenção na conversa entre eu e o Syn. A loira balançava a cabeça em negação e me fuzilava com o olhar. Em outras palavras, era um simples: ''Cala essa sua boca grande, vadia.'' Ai, lixo. O Oliver arregalou os olhos e sinceramente o garoto parecia que tinha recebido uma entidade maligna no corpo. Eu tenho muito medo do Oliver ás vezes.

— After? Que porra de after? – é oficial: Me fodi, fodi minha melhor amiga e fodi todo mundo.

No entanto, tentei ao máximo trocar de assunto e fingir como se nada tivesse acontecido.

— Por que vocês homens são tão ciumentos? – apontei para os meninos da mesa e fiz descaso da situação. Só não esperava o olhar torto e bravo do Diego, o que me levou a tomar um susto e quase tombei de onde estava sentada. Após esse pequeno mico, a vontade de cavar um buraco para me esconder era infinita. Corei de leve.

— Vocês são nossas amigas e nós sabemos como os caras são. Só queremos que vocês fiquem seguras – o Diego respondeu minha pergunta.

Sei que não foi a intenção, mas quanto machismo. No dia que eu precisar de algum homem para resolver meus problemas ou me proteger, me internem.

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