Capítulo 14

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Cheguei pra vocês matarem saudade! Se curtirem o capítulo, votem e se quiserem comentem o que acharam.
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Boa leitura!

Clarke.

Tinha passado duas semanas. Octavia tinha acordado da cirurgia, minha mãe se recusava a contar porque chamou Wells no hospital, e poucas coisas de fato estavam acontecendo. Mas entre essas coisas apenas uma me preocupava de fato. 

A família do Wells estava tentando nos processar por danos morais. Desde lá eu fui instruída pela advogada da minha família a ficar longe dos Blakes. Na escola o clima não estava lá aquelas coisas e os milhões de trabalhos e seminários que eu tinha que preparar estavam me sobrecarregando.

"Como vai com tudo isso?" 

"Ótima." - Echo me encarou com um olhar constestador. "Eu to bem, juro. Só faltam alguns trabalhos nada mais. Agora tira esse café do meu lado antes que eu bata em você."

"Cinquenta reais que você não termina tudo isso até amanhã."

"Emori, eu vou bater em você também se ficar duvidando da minha capacidade de rapidez." - Dei uma piscada um pouco antes de perceber que faltava um ou dois livros pra terminar os projetos. "Droga! Estão a fim de ir buscar um ou dois livros na biblioteca sobre anatomia cerebral? Por favorzinho."

"Sem chance, essa é a primeira vez que eu realmente descanso hoje."

"Eu já te disse que tô tomando meu café, desculpa."

"Vocês são umas otárias. Não saiam daqui. A gente tem aula de...?"

"Física." - Emori acrescentou.

Sempre que eu ia na biblioteca pra pegar um ou dois livros acabava ficando lá muito mais tempo do que esperava. Eu sempre acabava hipnotizada por um ou outro e terminava de ler antes que o sinal tocasse. Mas dessa vez não foram os livros que fizeram meu coração acelerar e me distrair do resto do mundo.

Lá estava Bellamy Blake encostado a última fileira de estantes encarando a que estava a sua frente. 

Não havia ninguém naquele setor que pudesse afirmar que eu estava quebrando alguma restrição jurídica ou algo do tipo. Então apenas assoprei a capa do meu livro empoeirado e me sentei ao lado dele que pareceu surpreso de me ver ali.

"Clarke Griffin, se alguém nos vir estamos ferrados, sabe disso né?"

"Ninguém vem nesse corredor, imbecil. Estamos a salvo." - Ele acenou com a cabeça e levantou as mãos gesticulando rendição.

"Como você tá? A Octavia tá bem?"

"É. Ela ta reclamando muito porque ela passa o dia inteiro no sofá tomando uns mil antibióticos e provavelmente vai voltar pra escola daqui um mês. E você?"

"Não tá lá aquelas coisas. Wells..."

"Ele fez alguma coisa com você?" - A expressão no rosto dele tinha mudado completamente. 

"Não. Eu ia dizer que não conversamos ainda. Minha mãe nunca vai me dizer o porquê ela chamou ele aquele dia e o único jeito é..."

"Só queria que essa droga de restrição fosse retirada. Sei que sabe se cuidar sozinha, mas eu não confio naquele cara. E só de imaginar você sozinha com ele..."

"Ei, fica calmo. Nada vai acontecer, tá. Tenho tudo sob controle." - Deitei minha cabeça no ombro dele e quando fui me afastar nossos lábios ficaram muito próximos. Consegui sentir a respiração dele e um misto de sentimentos que quase me impulsionaram a fazer algo que eu sabia que nós dois queríamos. Me desentrelacei dele, me despedi e tentei disfarçar saindo de lá o mais rápido que pude. 

Voltei ao refeitório e presenciei as expressões surpresas no rosto de Emori e Echo. Elas provavelmente imaginavam que eu não iria voltar antes de terminar de ler a biblioteca inteira pela quinquagésima vez. A adrenalina continuava fluindo em cada parte do meu corpo e minhas bochechas estavam extremamente vermelhas.

"O que aconteceu?" - Raven chegou sutilmente com um sorriso estampado no seu rosto.

"Nada. Por que alguma coisa teria acontecido?"

"Eu te conheço há uma década, loira. Algo aconteceu e você esta bem envergonhada." - Ela soltou uma gargalhada.

"Vamos só parar de falar! eu to muito concentrada e se não estão dispostas a calar a boca preciso que saiam." - Esbravejei enquanto todas estavam rindo.

"Tenho que admitir que adorei esse seu lado." - Emori sorriu.

¨¨¨

Honestamente, aquele dia havia ganhado o primeiro lugar na lista de "dias mais cansativos". Depois de três aulas inteiras terminando tudo, eu estava um caco. Subi as escadas e joguei minha mochila antes que pudesse ver em que canto do quarto ela tinha sido arremessada.

Deitei na minha cama que nunca esteve tão macia e aconchegante e cochilei por alguns minutos. Mas infelizmente a luz e a vibração do meu celular espantaram a possibilidade de permanecer na minha cama até outro dia. Como tinha acabado de comprar outro telefone há alguns dias o contato da Raven ainda não estava salvo. Esfregando meus olhos com o brilho do meu celular quase me cegando, pude ler algo do tipo - "Vamos sair hj? aaaaa"  -  considerando que há probabilidade de eu dormir no rolê era muito grande eu pensei em cancelar com ela. Mas tinha que levar em conta que talvez eu estivesse sendo uma amiga muito ausente pra Raven nesses últimos tempos. Tanta coisa só acontecendo, quando na verdade eu deveria prestar mais atenção nela.

Confirmei com ela, que na mesma hora disse que iria me buscar em quarenta minutos. Queria morrer naquele momento. Sair bêbada de sono não era a melhor ideia de saída com a melhor amiga que eu tinha. 

Entrei no banho e procurei aproveitar o momento sossegado que teria antes de ter que colocar um jeans extremamente desconfortável e fingir interesse em qualquer coisa que Raven falasse. Mas eu sabia que não era como se eu não quisesse ouvi-la. Eu só estava cansada demais pra ouvir qualquer um falar de problemas e pedir conselhos de como lidar com eles. A questão é que não fazia mais de sete minutos que eu havia entrado no chuveiro e o interfone tocou. Levou umas três vezes pra eu perceber de fato que era em casa. Geralmente, não tocam o interfone (ou tocam e eu não estou em casa pra saber). Parecia ser alguém extremamente desesperado. Mentira. A pessoa havia levado um intervalo de vários minutos antes de tocar novamente, mas meu cérebro levou a diante a ideia de que fosse alguém insano a ponto de tocar aquele botão.

 Saí do Box, me enrolei na toalha, calcei minhas pantufas e fui com o cabelo pingando água escada abaixo. Provavelmente deveria ser minha mãe, cansada demais após outra noite no plantão. Mas pra minha surpresa não foi. Quando abri a porta, ali estava ele. Bellamy me fitou de cima pra baixo e ficamos um tempo sem saber o que dizer.

"Se continuar aqui vai pegar pneumonia ou coisa pior, Griffin."

"Se importa de esperar?" - Ele acenou a cabeça negando e tudo que passava pela minha cabeça era o porquê será que ele estava ali. Mas isso não significava que eu estava reclamando.

State of Grace (Bellarke)Onde histórias criam vida. Descubra agora