Amor de Irmãos

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Luke - Janeiro de 2018

Não faço ideia de quantas festas Ashton pretende dar no intervalo de tempo em que Dawn está em Los Angeles, mas não teremos dinheiro aos 80 anos se continuarmos neste ritmo. Se sobrevivermos até lá, porque dizem por aí que bebidas e drogas matam mesmo. Estamos fodidos.

Eu estou especialmente fodido. Eu já fumei "medicinalmente" duas vezes nas últimas três horas, porque os sintomas da minha doença são as lembranças do dia anterior, quando eu estava tão perto de Dawn que podia quase ver dentro dela. E eu lembro bem a maneira como ela pegou uma mecha do meu cabelo na mão e como eu achei, por um segundo, que estávamos bem. Mas eu também lembro que, logo em seguida, ela foi embora  e eu nem sei se cheguei a ficar sóbrio em algum momento depois disso.

Eu devia tomar jeito. Já faz um ano que terminamos — mais de um ano. Devia converter toda minha frustração em exercícios, comidas saudáveis e veganismo, tipo o Michael, eu acho. Talvez eu devesse até cortar o cabelo e deixar de lado o lance do indie melancólico. Sem maconha. Sem álcool. Sem nada além disso.

Mas é bem complicado, ainda mais quando eu estou bêbado, chapado e Dawn está dançando na sala da minha casa com a Nia. Nia!

E cada música que toca eu sinto que estou perdendo tempo. Tipo, uns dois dias atrás eu tinha mais dias do que tenho agora para fazê-la voltar pra mim ou superar de vez essa situação. Perdi dois dias, e eu não estou perto de nenhum dos objetivos. Empaquei. Empaquei e estou tendo uma explosão de pensamentos. Estou divagando, vendo algumas coisas coloridas e outras borradas.

E a Dawn agora está dançando com a Nia e com a Crystal. Nem sabia que a Nia e a Crystal sabiam da existência uma da outra, mas agora todas elas estão mexendo os quadris de um lado para o outro.

Dawn é a mais bonita, mas não vou avisar isso para nenhum dos meus amigos.

O sofá se mexe sob meu corpo e eu olho pro lado, observando a pessoa que sentou. É um dos amigos do Calum. Não temos tantos amigos em comum assim, então no fim das contas a festa é sempre com uns amigos dele e uns amigos do Ashton e uns amigos meus. Amigos no geral.

— Cara — ele diz, tragando o cigarro que está segurando com o indicador e o polegar. — Todo mundo percebeu que o amigo estrelinha do Calum está passando por uma situação difícil enquanto olha pra loirinha.

Penso um pouco a respeito. Eu devo ser o "amigo estrelinha" e Dawn deve ser a "loirinha".

— Precisa de ajuda para chegar na garota?

— Não — balanço a cabeça.

— Você vai chegar na garota? Porque tem gente querendo. Mas estamos dando um tempo pra ver qual é o seu lance.

Olho para ele, e a pele dele está meio rosada agora, porque eu estou muito alto, então eu assimilo que ele mal cabe dentro de si de vontade para chegar na Dawn, e é aí que eu surto.

Surto internamente. Sabe, eu estava tranquilo vivendo pela metade, antes dela tocar em mim. Agora é tudo vazio. Se ela vai dar um ponto final nisso, que seja um ponto final. Mas precisa ser agora.

Levanto-me do sofá, deixando o cara com mania de irmandade para trás, e ando até o meio da sala. As pessoas não dançam tanto em festas, não no nosso tipo de festa, isso é mania da Crystal. Ela é bem saudável e capaz de dizer não às drogas, ao álcool e até consegue deixar Michael sob controle. Então ela dança, às vezes com a Sierra, às vezes mais gente se junta a ela, enquanto o resto de nós ignora que tem música tocando.

Mas hoje temos o trio inusitado: Nia, Crystal e Dawn.

— Parecem estar se divertindo — comento.

Daylight || Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora