O IRMÃO DA MINHA AMIGA (VOL. 1 - SÉRIE OS IRMÃOS)

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Saí de cima de Danilo e fiquei de pé no chão tão rápido quanto um gato arisco saltando de um prédio. As minhas pernas se transformaram em gelatina, mas tentei ser firme. Danilo, ainda sobre a minha cama, arrumou a sua camisa. Olhei para ele. Olhei para aquela ereção. Não é o tipo de coisa que se disfarça com facilidade. Mesmo sem se recompor, ele ficou de pé ao meu lado. Constrangimento tornou-se o meu nome do meio. Alice Maria Constrangimento Melo da Silva. Quanta vergonha!

— Eu ainda não entendi. – a voz de Mariana era um sussurro trêmulo.

— O que você não entendeu? Está tudo tão óbvio! – resmunguei.

— Parece que vocês dois tomaram um choque elétrico. – ela balançou a cabeça em negativa, olhando de um para o outro, espantada, mas havia aquele sorriso querendo se formar em seus lábios. Então, ela cedeu – Alice, a última vez que te vi descabelada assim estávamos atrás do trio da Ivete no carnaval de Salvador no meio de centenas de pessoas. Nem na academia fazendo jump você fica desse jeito.

— Desculpa, amiga. É que eu não sei fazer safadeza sem ficar descabelada.

Mariana soltou uma gargalhada daquelas. Eu não resisti e também ri. Ah, eu já tinha sido pega em flagrante mesmo... Que se dane!

— E você, Danilo? Voou de avião por cerca de 3 horas, mas veio ficar amassado onde? Aqui, com essa descabelada. E eu nunca tinha te visto tão vermelho.

— Eu não consigo levar a situação na esportiva como a Alice. – ele estava sério.

— O que mais me surpreende é que eu não esperava por essa tensão sexual avassaladora. Acho que nem vocês mesmo. Ou aquela discussão fazia parte da dança do acasalamento de vocês? – minha amiga continuou rindo.

— Para, Mariana. – disse Danilo permanecendo com cara de poucos amigos.

— Vocês têm sorte que quem abriu a porta fui eu. E graças a Deus que abri antes de vocês estarem transando, porque é isso que vocês iam fazer, não é? Ainda estou chocada.

— Eu estou tão chocada quanto você. – disse – Foi ele quem me agarrou!

— Principalmente quando você me disse para calar a boca e te beijar.

— É que você tava sendo lento demais.

Trocamos olhares cheios de fagulhas. Eu sabia que aquele amasso não tinha sido suficiente. Odiava pensar que precisava de mais do Danilo.

— Não sei o que se passou na cabeça de vocês, mas saibam que eu apoio. – disse Mariana interrompendo nosso contato visual – E não deixem nossas mães ficarem sabendo disso, pois elas começarão a fazer o enxoval do bebê. Aposto que mamãe vai querer fazer uma roupinha de crochê e a dona Antônia vai costurar uma colcha.

— Quanta bobagem! – a raiva retornou ao meu corpo – A gente não estava fazendo nada de mais. Não teve importância e não vai se repetir.

— Concordo e assino embaixo. – disse Danilo – Foi um erro, na verdade.

Ouvi-lo dizer enfaticamente que foi um erro foi bem pior que eu dizer que não teve importância. De todo modo, não haveria repetição. Era um erro mesmo.

— Tudo bem, gente! Eu só vim até aqui porque me mandaram ver o que estava acontecendo. Querem saber se vocês conversaram e fizeram as pazes, mas vocês estavam fazendo mais do que isso. Vou dizer que fizeram as pazes.

— Não precisa dizer nada, Mariana. – falei exaltada – Por que dar tanta importância para o que nós fazemos ou deixamos de fazer? Não vamos ser amigos!

— Exatamente! – disse Danilo – Inclusive eu acho que podemos conviver como se o outro não existisse, como nos velhos tempos. Vai ser melhor assim.

— Como você é babaca! – rosnei para ele – Graças a Deus não transei com você.

— E você é ridiculamente imatura. Não consegue assumir o que sente nem para você mesma. É sério que é psicóloga?

— Vá se ferrar, Danilo! – respirei fundo – E saiam os dois do meu quarto, porque eu quero banhar. Fora!

Danilo e eu nos encaramos e, embora o simples fato de olhar em seus olhos me deixasse excitada, eu não cederia ao desejo que foi despertado. Droga! Eu poderia odiá-lo para sempre se não tivesse lhe beijado nem desejado desesperadamente transar com ele durante aquele amasso incrível. Danilo não é só um homem lindo, mas é uma delícia. E eu adorei sentir o martelo do Thor... Ah, como eu gostaria que o seu martelo visitasse o País das Maravilhas!

— Parem de se encarar como se fossem transar a qualquer momento! Eu ainda estou aqui. Vocês só não vão terminar o que começaram se os dois forem babacas. – disse Mariana.

Os irmãos saíram do meu quarto e eu corri para o banheiro tomar um banho frio para acalmar os ânimos. Na sala, fizeram questão de me esperar sair do chuveiro para cortarem o bolo. Após todos terem ido embora, fui surpreendida pelo retorno de Danilo, que pediu para falar comigo fora de casa.

Já passava das onze horas da noite e estávamos sozinhos. Novamente Danilo agiu por impulso e me encurralou contra a parede mais próxima. Eu deveria ter dado um chute no seu saco, mas não resisti à sua boca em meu pescoço.

— Sai comigo amanhã? – ele pediu com os dentes na minha orelha.

— O que tem em mente? – eu gemi.

— Por enquanto nada, mas sei que quero ter você.

— Está tão desesperado assim?

— Por que não me dá o número do seu telefone e a gente não conversa pelo WhatsApp? Eu já tenho um chip daqui.

Eu não conseguia pensar direito com Danilo colado ao meu corpo, com seus lábios brincando nos meus.

— Está com o seu celular aí? – perguntei.

Ele procurou em um dos bolsos da calça e me deu o aparelho. Digitei o meu número e o salvei.

— Já está tarde e estamos cansados. Você deveria ir para casa.

— Que desculpa esfarrapada. Só mais um beijo, por favor. – ele sussurrou.

E após não só mais um, como vários beijos, Danilo caminhou até a porta da sua casa e entrou. O que tínhamos feito naquela noite eu não sabia explicar. Não esperava reencontrar Danilo, mas o que fizemos foi mais que um simples reencontro. E ele voltaria a morar em Teresina e eu nem sabia se ele voltaria a ser meu vizinho. Eu não sabia de nada... Exceto que beijá-lo era uma das melhores coisas do mundo.