A mensagem que recebi no sábado pela manhã dizia o seguinte: "Bom dia. Esse é o meu número. O que acha de irmos ao cinema hoje à noite? Danilo." Eu ainda não sabia o que estava fazendo, então decidi dar um gelo naquele convite. Nem visualizei a mensagem no WhatsApp. Confusão era o meu nome do meio naquela manhã.
Demorei a dormir na noite anterior, aliás, cochilei um pouco por volta das quatro horas. Acordei as seis em ponto. A imagem de Danilo tão safado e sensual, tão selvagem a me desejar... Não conseguia entender. E ainda podia sentir a sensação das suas mãos no meu corpo, assim como o toque do seu beijo avassalador. Meu Deus do céu... Eu já estava excitada.
Por que ele voltou para Teresina? Tudo bem que eu não era informada sobre a sua vida em São Paulo e não tinha contato com ele, mas a minha mãe... Ah, a minha mãe! Ela e a Dona Sônia, mãe da Mariana e do Danilo, são amicíssimas. Acredito que sejam melhores amigas até mais do que eu sou com Mariana. É certo que a amizade de nossas mães se desenvolveu através da nossa amizade, mas elas se tornaram cúmplices e a Dona Sônia foi muito importante na época do divórcio dos meus pais.
Sempre suspeitei que as duas tivessem planos secretos e românticos para mim e Danilo. Na infância elas brincavam que iríamos namorar quando crescêssemos. Na adolescência havia comentários mais discretos sobre como eu estava me tornando uma mulher incrível, e Danilo, um rapaz também incrível, seria um sortudo se, talvez – aquele talvez cheio de esperança e fantasias com chuva de arroz – a gente começasse a namorar e vapt-vupt vivêssemos felizes para sempre.
Quando parei de falar com Danilo, por causa do episódio da tinta, a sua própria mãe se intrigou com o filho por uma semana. Ela ficou muito chateada e lhe disse palavras duras sobre o seu comportamento inadequado e imaturo do qual ela se envergonhava profundamente. O tanto que a escola passou a mão na sua cabeça, Dona Sônia não passou. O primeiro buquê de rosas que ganhei na vida foi de dela, como um pedido de desculpas.
Depois que Danilo foi embora para São Paulo, embora fosse evitado ao máximo que falassem sobre ele, vez ou outra a minha mãe soltava uma pérola. "Vi uma foto de Danilo ontem no Orkut. Ele está tão lindo!". "Sônia me disse que o Danilo perguntou sobre você. Ele é um rapaz muito adorável. Deveriam voltar a se falar.". "O Danilo é um homem encantador. Nem acredito que o vi correndo pelo condomínio todo suado e cheio de grude. Vocês sempre formaram um belo par grudento desde a infância.". "Pedi ao seu primo Jonas para combinar uma foto sua com o Danilo no Photoshop. Vocês são um belo casal.". "Acho essa intriga de vocês muito sem fundamento. Tenho certeza que quando se encontrarem, alguma coisa vai acontecer.".
Infelizmente alguma coisa aconteceu mesmo quando nos encontramos. A gente quase entrou em combustão juntos! Após aquela raiva e o constrangimento horrível no aeroporto, depois o silêncio mórbido no carro, o lanche surpresa com direito a um bolo confeitado idiota na minha casa... Meu Deus. Não era para ter acontecido aquilo. Ouvi uma batida na porta do meu quarto.
— Filha, o Danilo está aqui. – disse minha mãe, toda animadinha.
Mas que inferno! Eram dez horas da manhã e eu estava um lixo, ainda usando a camisola que vesti para dormir e sem calcinha, já que eu durmo sem calcinha. Tinha acabado de tomar o café da manhã. Pelo menos escovei os dentes. Vesti a primeira calcinha que encontrei na gaveta e abri a porta do meu quarto. Lá estava ele parado, usando uma camisa pólo e uma bermuda jeans. Mais lindo impossível. Seu perfume embriagando o ar. Um sorriso tímido estampado no rosto. Danilo me olhou maliciosamente dos pés a cabeça e corou. E eu molhei como se ele fosse chuva...
— Meu bem, – começou minha mãe – eu vou ter que ir ao supermercado fazer umas comprinhas. A Sônia vai comigo. Foi muita gentileza a sua de vir aqui me avisar que ela já está pronta, Danilo. Vou indo. Comportem-se, crianças.
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O IRMÃO DA MINHA AMIGA (VOL. 1 - SÉRIE OS IRMÃOS)
RomantizmDanilo é irmão da amiga de Alice. Eles cresceram juntos mantendo uma relação recíproca de desafeto. O mal estar provocado pelas implicâncias da infância e pelas confusões da adolescência passou enquanto o destino se encarregou de afastá-los, fazend...