n o v e

1.3K 149 86
                                    

— Senhorita Deville, eu lhe fiz uma pergunta. Está surda? Por que está escondida aí mexendo no celular, ao invés de estar trabalhando?

— Desculpe, Sr... — Franzi um pouco os olhos para lembrar seu nome, e suspirei aliviada quando minha mente voltou para o dia da minha entrevista, onde eu li seu nome na placa em sua mesa. — Andrews. Eu estava só checando se minha irmã havia mandado alguma mensagem. É que, sabe, ela está doente... E eu fico preocupada. — Menti.

— Em horário de serviço, senhorita, você se preocupa somente com o que acontece no hotel. Entendo que tenha problemas, mas sua vida pessoal não me interessa. Contudo, você ainda está em treinamento, então vou deixar passar. Na próxima, não serei tão generoso. — Ele disse sério, e eu assenti freneticamente.

— Não vai haver uma próxima vez, Sr. Andrews.

Ele concordou, ainda carrancudo, e saiu, me deixando com a bronca recém levada.

Rapidamente guardei o celular e fui contar para Lucy e Violette o quanto o Sr. Andrews era um cavalo. Eu estava correndo pelos corredores do Dummont, perguntando por elas para cada alma viva no caminho, e então quando estava subindo para o andar perigoso, tentei ser mais cautelosa e menos eufórica.

Minhas colegas, entretanto, não estavam em lugar nenhum.

Dei de ombros imaginando que elas apenas precisaram sair e não me encontraram pra avisar. Foi quando parei de dar bobeira e fui para o refeitório almoçar.

Quando cheguei lá, minhas amigas também não estavam entre as pessoas que comiam e descansavam. Resolvi esquecer delas, e peguei um prato para me servir, porque toda essa adrenalina tinha me dado muita fome.

                                     ...

Elas chegaram juntas, quinze minutos após eu ter me servido e começado a comer. Não me explicaram onde estavam e eu também não aparentei fazer muita questão da explicação, mas internamente eu estava morrendo de curiosidade. Ainda mais que vez ou outra as duas sorriam entre elas, quando achavam que eu não estava olhando.

Acabei por contar rapidamente sobre o episódio com o gerente, mas elas pareceram nem se importar.

— Têm certeza que não querem me contar nada? — Perguntei depois de um tempo, mordendo a língua ao acabar com o silêncio. — Vocês estão estranhas.

— Eu não tenho nada pra contar. E você, Violette? — Lucy respondeu prontamente, lançando um olhar significativo para a menina de cabelos coloridos.

— O quê? Imagina! Não tenho nada pra te contar não, amiga. Você tá bem? — Respondeu, sorrindo.

— Sim, vocês que estão muito estranhas. — Repeti, dando ênfase no "muito".

— A gente? — Falaram em uníssono. — A gente ta super normal! Você que tá toda desconfiada. — Lucy concluiu, dando uma garfada em seu frango.

Semicerrei os olhos para elas, decidindo que eu ia descobrir o que estava acontecendo de um jeito ou de outro.

Depois de concluir a conversa estranha, levantei e fui lavar meu prato, sendo acompanhada pelas minhas colegas, que agora estavam ainda mais sorridentes. Isso estava realmente me tirando do sério.

Assim que terminei de guardar as minhas coisas, saí em disparada na frente delas, evitando olhar pra trás. Mesmo que meu corpo estivesse implorando por descanso, eu precisava trabalhar.

Então eu fui, antes que me arrependesse e dissesse que precisava ir embora, "cuidar da minha irmã doente"

Lucy me alcançou, e agora eu estava ajudando ela com uma suíte grande e cara. Ela ainda estava me irritando com sua alegria secreta. O meu palpite era que ela queria me enlouquecer.

Eu precisava sair de lá o mais rápido possível, ou então a felicidade exagerada presente no cômodo me sufocaria, por isso tentei agilizar o meu serviço o máximo que eu podia.

Entretanto, parei quando senti meu celular vibrar no bolso, então desbloqueei a tela com os dedos impacientes e vi. Era ele.

Shawn: Espero por você.

Ariel: O quê? Como assim?

Shawn: Disse que espero por você.

Ariel: Me espera? Pra quê?

Shawn: Você saberá depois. xx

 xx

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Perfectly Wrong | sprmOnde histórias criam vida. Descubra agora