Kee era uma rainha má e temperamental que queria ficar jovem para sempre. Queria ter o mundo aos seus pés para que pudesse governar eternamente. Procurava ajuda a todos os curandeiros da sua ilha, mas nenhum conseguia ter a solução para o seu problema. Enquanto isso o tempo passava e as rugas começaram a notar-se. Era viúva. Tinha uma filha que era muito bela e diferente de todas as jovens da Ilha do Vulcão Azul. A sua pele era muito branca e os seus olhos eram intensamente azuis. Ela não parecia nativa. Kee tinha um mordomo fiel que andava para todo o lado com ela. Um mordomo que era apaixonado pela rainha. Ele sabia que isso era errado, tentava ao máximo evitar mostrar os seus sentimentos. Esse mordomo apreciava muito a princesa, o seu espírito simpático e prestável mostrava que ela seria uma rainha brilhante, como o seu nome indicava. Tiye era o mesmo nome de uma deusa da luz, venerada pelos antepassados da ilha.
A Ilha do Vulcão Azul era parte de Datoolik, mas não avançava tecnologicamente, era como se o tempo tivesse parado nas suas florestas cerradas e lindas paisagens verdejantes e azuis. A Ilha tinha muitas lagoas e muitos diziam que era a responsável pelo nascimento do país. O vulcão estava adormecido, mas antes as suas erupções eram violentas e construíam cada vez mais ilhas.
Kee tinha ciúmes da filha. Ela queria trancá-la para sempre no palácio, mantê-la longe dos súbditos. Mas viu uma boa oportunidade de livrar-se dela, quando recebeu um visitante de outro reino. Havia um príncipe interessado em casar com ela. A rainha Kee adorou a ideia e concordou com o casamento. Como presente, o príncipe Naguib ofereceu à rainha os serviços de um cientista vindo diretamente de Lucra, essa era a cidade mais avançada de Datoolik. Chegava mesmo a parecer uma cidade do futuro dos livros de ficção científica. Às ordens da rainha, o cientista começou a investigar.
Naguib era totalmente apaixonado por Tiye. Ele fazia tudo para ver o seu sorriso e a forma tímida como ela o olhava, era um olhar enamorado. Ambos davam-se muito bem e isso ajudou a que o casamento fosse bem sucedido. Kee começou a levantar problemas no reino porque queria mais recursos para a investigação do seu cientista. Os impostos aumentaram em 50% e as pessoas não conseguiam pagar o tributo à rainha. O mordomo fiel ficou preocupado com a maneira como a rainha não ouvia os seus conselhos e acabou por desabafar com o príncipe Naguib. O homem falou com o povo e concordaram que era hora de Tiye começar a governar a Ilha ao seu lado.
Kee ficou furiosa com a notícia. Tão furiosa que mandou assassinar os inimigos da rainha! Os traidores do reinado. Tiye e Naguib fugiram para o meio da floresta e foram ajudados pelo povo que morava junto ao Vulcão, os vulcaninos. Aí permaneceram por um ano.
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A rainha não desistia de procurar a filha e o genro. Eles eram a única verdadeira ameaça aos seus planos. No entanto, depois de um ano, as coisas pareceram acalmar e Kee esqueceu aqueles dois.
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A princesa Mandisa tinha 6 meses de idade quando Tiye e Naguib foram descobertos junto ao vulcão. Mais uma vez, fugiram com a filhinha pelo meio do mato e encontraram uma caverna onde procuraram abrigo da forte tempestade.
- Que vamos fazer, agora? - Perguntou Tiye com a menina nos braços.
Naguib abraçou-as e pensou seriamente que era quase impossível desaparecer sem deixar rasto. Os guardas reais estavam cada vez mais espertos e tinham novos métodos graças ao cientista de Lucra e as suas invenções bélicas.
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O cientista conseguira a solução para o problema da rainha Kee. Havia uma receita para que ela conseguisse o que queria... Tudo seria seu! A rainha pareceu ficar com os olhos de uma cor diferente quando ouviu a notícia e sem mais demoras, dirigiu-se ao laboratório.
O mordomo não queria permitir tal coisa! Ao conseguir entrar no laboratório, antes da rainha, roubou a receita e fugiu com ela pela floresta. Levou um cavalo e depois de algumas horas, parou para descansar. Ouviu um bebé chorar. Achou muito estranho haver um bebé no meio da floresta e seguiu o som. Encontrou assim a pequena princesa Mandisa no colo da mãe que tentava acalmá-la a todo o custo.
- Que faz aqui? - Perguntou o príncipe Naguib preocupado ao ver o mordomo.
- Estou a fugir da rainha, assim como vocês.
- Não acredito. - Desconfiou Tiye.
- A rainha Kee perdeu o equilíbrio. Ela já não sabe o que é a realidade... Anda atrás da imortalidade e do poder absoluto. Aquele cientista anda a colocar-lhe ideias piores na cabeça.
- Lamento ouvir isso. - Naguib sentia-se responsável.
- Temos de fugir desta ilha. Ouvi dizer que a Ilha Mickri recebe refugiados. Podíamos ir para lá. - O mordomo parecia esperançoso.
- Antes temos de conseguir livrar o povo! - Tiye não queria ir embora sem saber que o seu povo ficaria bem.
O mordomo não sabia o que fazer!
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O povo revoltou-se contra a rainha Kee e no meio da confusão mataram o cientista de Lucra. Com ele, morreu toda a sua pesquisa. A rainha conseguiu fugir e sentiu-se arrasada por não ter a receita que queria. Ficou totalmente arreliada e nesse dia executou em praça pública mais de 50 traidores. O seu ódio apenas crescia.
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Mandisa, com apenas 2 anos de idade, falava de forma praticamente correta. Sorria muito e parecia ser muito feliz apesar das circunstâncias. O mordomo, o príncipe Naguib e a princesa Tiye continuavam fugidos e agora estavam a fazer planos para apanhar transporte para a Ilha Mickri. Havia muita especulação do que aconteceria ao chegarem. Sabiam que a Ilha era também um reino e que os seus habitantes diziam-se descendentes dos deuses. Os povos das Ilhas eram sempre muito estranhos para o mordomo. Ele achava que eram pessoas muito fantasiosas e que nunca chegaria o dia em que iriam ver a realidade como ela era. Esse era o problema da rainha segundo a sua opinião.
O príncipe era muito versado nas línguas de Datoolik. Logo que pôde, ensinava vários idiomas à sua pequena filha e a menina facilmente apanhava a pronúncia original das localidades.
- Quanto mais jovem! Mais fácil será aprenderes minha borboleta. - Sorria ele.
Ela sorria e mostrava alegria nos seus profundos olhos azuis.
...
Era de madrugada, havia um silêncio insuportável no cais da Ilha do Vulcão Azul. O mordomo achou que algo estava errado, mas já era tarde. Os guardas da rainha acertaram no príncipe Naguib com algumas flechas envenenadas. Tiye deu a menina para os braços do mordomo e implorou:
- Fuja com a minha menina! Por favor... Eu vou ficar para trás! Arranje-lhe uma boa família.
O mordomo ia recusar aquela ideia ridícula, mas a mulher corajosamente mostrou que se rendia. Os guardas prenderam-na e o mordomo ficou a observar a cena enquanto o barco se afastava cada vez mais até a Ilha desaparecer no horizonte.
...
O mordomo suspirou ao olhar para a pequena menina que parecia muito triste e distante:
- Onde está a minha mãe? - Choramingava.
O homem não sabia o que dizer. Deu a receita com carinho à menina:
- Guarda isto com a tua vida, minha princesa!
A menina guardou o papel no bolso com todo o cuidado e deu a mão ao senhor enquanto caminharam até uma casa de campo.
*****
Voltei com mais uma ideia fresca!
No entanto, só voltarei a publicar quando estiver concluído em Word. De qualquer forma, espero que seja suficiente para criar expectativa...
Obrigada por sempre lerem e votarem nas minhas histórias. É para que outros leiam que me esforço e tiro tempo para escrever! : )
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O Perfume da Mia (Concluído)
Romance**Vencedor da Longlist dos Wattys2018 ** Mia é uma jovem que sabe muitas línguas. Ela tem um passado que só é conhecido pelos seus pais. Ao mesmo tempo, quer realizar o seu sonho de trabalhar na BBTec junto à famosa Harper Sullivan (Simulador do Amo...