#3 A Viagem

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Olivia e Noah Croft viram a filha, Mia entrar na porta e sorriram um para o outro.

- Olá! - Saudou ela.

- Como correu o dia? - Perguntou a mãe.

- Bem. Um pouco cansativo, mas tirei um 19,2 a matemática.

O pai abraçou-a dando-lhe um beijo na cabeça:

- Esta é a nossa menina!

- Acho que mereces um presente. - Olivia parecia ter alguma na manga.

- Temos um bilhete de viagem para uma das Ilhas. Vamos passar férias! - Anunciou Noah.

Mia agarrou no bilhete com expectativa, mas ficou arrasada de ver que iam à Ilha Mickri, não à Ilha do Vulcão Azul.

- Ilha Mickri? - Mia não conseguia esconder a deceção.

- Sabemos que queres muito ir para a Ilha do Vulcão Azul, mas aquilo está sempre instável... Será melhor visitar essa ilha quando estiver tudo mais calmo. - Ponderou o pai.

- Mas poderás levar a Vanessa! - Festejou Olivia.

Mia tentou ficar um pouco contente com essa perspetiva e guardou o bilhete dentro do seu caderno de invenções.

...

Vanessa não se calava sobre o que poderiam fazer assim que chegassem à Ilha.

- A história conta que os que vivem na Ilha são descendentes de extraterrestres super desenvolvidos do planeta Oberon. São bonitos! Olha a fotografia! - Estendeu o livro de turismo que lia entusiasticamente para Mia que simplesmente sorriu ao ver um rapaz bem parecido de cabelo quase branco na fotografia.

- O Príncipe Malachi é o único herdeiro do trono e será rei assim que a rainha perder a batalha contra a doença. Parece grave. Pobre príncipe jeitoso! - Suspirou Vanessa – Não me importava nada de o consolar!

Olhou para Mia que continuava com os pensamentos longe.

- Estás bem?

- Sim. Zangada, mas bem. Mais uma vez, discuti sobre ir para a Ilha do Vulcão Azul. Os meus pais parecem ter outros motivos para não querer que eu visite! Eles andam a esconder-me algo.

- Estou tão entusiasmada! Ouve isto: na Ilha Mickri falasse o Mickritiano. E é a única Ilha que não ensina mais idioma algum. Como vão compreender-nos?

- Eu falo Mickritiano. - Lembrou Mia.

- Certo. Já me tinha esquecido que és a linguista. O que é curioso! Nem a tua mãe, nem o teu pai falam muitas línguas. - Meditou Vanessa bem disposta.

Mia continuou calada e enterrou-se no banco da embarcação que a levava para a Ilha que ela não queria ir.

...

Malachi olhava pela janela com algum nervosismo. Angus aproximou-se:

- Meu bom príncipe, lamento que tenha de escolher uma esposa amanhã à noite.

- Também eu lamento. Acabou-se a liberdade! - Resmungou ele.

O velho mordomo retirou-se da sua presença e passeou um pouco pelo palácio. Recebeu um telefonema de alguns amigos seus do passado e teve uma ideia.

...

A rainha ficou curiosa ao ver o mordomo com um sorriso. Isso queria dizer que ele tinha boas notícias. A rainha endireitou-se um pouco nas almofadas e ficou expectante. O homem começou:

- Sua Alteza, ao pesquisar a fundo os documentos Mickritianos descobri que há uma solução muito interessante para o problema do príncipe.

- Que solução?

- Antigamente, a Ilha Mickri e a Ilha do Vulcão Azul eram parceiros. Quase eram uma só Ilha.

- Lembro que o meu pai contava muitas histórias sobre isso.

- Houve um contrato feito entre dois reis no passado que dizem que a 25ª geração das duas Ilhas teria de casar para que ambas as Ilhas tivessem paz e prosperidade. Ao analisar isso, vi que ao realizar esse casamento, será possível retirar a atual rainha do poder para que ambas as Ilhas sejam governadas pelo casal.

- E qual é a 25ª geração?

- O Príncipe Malachi e a Princesa Mandisa.

- Mas... a princesa está desaparecida. Dizem que morreu afogada. Além de que os Mickritianos apenas se apaixonam uma vez na vida. Sabes disso, certo Angus? Isso não seria justo para o Malachi. Queria dar-lhe a oportunidade de viver um amor verdadeiro.

- Minha Alteza, sei o que se diz... Mas, se o príncipe não escolher ninguém... Ele terá de casar por obrigação e a verdade é que eu sei onde está a princesa. Fui eu quem a salvou e sei onde estará hospedada nesta mesma ilha.

...

Vanessa desatou a gritar de felicidade quando um homem da guarda real bateu à porta do quarto de hotel das duas jovens e lhes entregou um convite. Dizia:

"O Príncipe Malachi quer convidar todas as jovens presentes na Ilha para estarem no baile real amanhã à noite. Todas serão bem-vindas."

Vanessa corria de um lado para o outro e saltava na cama:

- Ó MEU DEUS! Ó MEU DEUS! ESTA É A HISTÓRIA DA CINDERELA!!!

- Acalma-te um pouco, 'Nessa! Estás a assustar o coitado do guarda real. - Suspirou Mia no idioma do senhor.

- Agradeço menina, mas a verdade é que já vi reações piores. Hoje uma senhora tentou beijar-me ao receber o convite.

Vanessa parou de saltar e bem perto do guarda perguntou:

- Conhece o príncipe Malachi?

O homem mirou-a com algum receio e Mia traduziu a pergunta.

- Sim menina, conheço. - Sorriu o homem.

- E ele é tão bonito ao vivo como é nas fotografias?

Mia não queria nada fazer essa pergunta, então limitou-se a questionar:

- A ilha é muito bonita. Conhece algum sítio para duas jovens se divertirem?

O senhor ficou muito bem humorado:

- Muito obrigado pelo elogio, menina. Fazemos o nosso melhor. Há um salão de convívio no centro da Ilha onde muitos jovens passam o tempo. É um pouco escuro, mas ouvi maravilhas a respeito do atendimento.

- Que foi que ele disse? - Vanessa aguardava ansiosamente a resposta.

- Ele disse que o príncipe é bonito. - Inventou ela.

- Mas ele disse milhões de palavras! Não me digas que ele fez uma descrição de sonho e estás a guardá-la só para ti?

- Hum... Ele disse que o príncipe é bonito mas de longe. Cada vez que se aproxima alguém dele, acontece que a miragem desaparece e ele parece mais feio que um ogre. - Troçou ela dando uma gargalhada ao ver o semblante horrorizado da amiga.

- Já entendi. A gozar com os meus sentimentos?!? Vou tentar outra coisa! - Vanessa foi buscar o guia turístico e mostrou ao guarda a foto do príncipe, exagerou nos gestos – Ele! Lindo?? Ou não??

O guarda real ficou um pouco embaraçado e respondeu:

- A sua amiga é das fãs malucas! Mas aqui vai – Também exagerou nos gestos – Melhor príncipe da Terra!

Vanessa deu um grito estridente de alegria e pulou à volta do senhor a planear o casamento com Malachi. Mia desculpou-se:

- Peço imensas desculpas pela minha amiga, senhor!

- Já estou habituado. - Suspirou o homem.

*****

Este senhor coitado! Devia receber uma medalha para aturar tantas fãs malucas do príncipe Malachi.

O Perfume da Mia (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora