Capítulo 23 - Homeless

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Amanda estava na calçada em frente ao seu prédio quando Flávia topou vê-la. Amanda precisava se desculpar-se, ela a tinha ajudado com sua mãe e além do mais Amanda não podia ser uma babaca e ter raiva de outra babaca, era incoerente, não dava pra ser hipócrita nesse nível. Flávia concordou em Amanda a buscar, seus pais iriam embora na parte da tarde e durante a noite, elas poderiam se encontrarem e conversarem melhor sobre tudo o que tinha acontecido. Amanda desligou o telefone e subiu, provavelmente seus pais já estavam prontos para irem embora e ela gostaria de se despedir.

Toda felicidade que Luana tinha acumulado por conta do apartamento novo foi por água abaixo. Aquela ligação a fez perceber que a tal Flávia talvez tivesse alguma importância pra Amanda. Até então ela achava que era algo casual, mas não tinha ideia do que havia acontecido nesse mês que ela esteve fora. Amanda estava mais que chateada, estava puta! E com razão, Luana começava a pensar que talvez não houvesse perdão da parte de Amanda, ela se sentia brava porque Amanda conseguiu tudo o que queria no primeiro dia dela aqui, não precisou contar o porquê traiu, todo o universo parecia colaborar para que ela dormisse no apartamento de Amanda, e até ela se entregou no primeiro abraço. Porque tinha de ser tudo difícil quando se tratava dela? Luana já não sabia o que fazer, estava deitada olhando pro teto quando seu telefone tocou. Era uma chamada de vídeo de sua mãe, Luana se ajeitou no quarto, precisava atender, não tinha mais como adiar essa conversar.

__Ei pai, ei mãe.

__Luana! Por que você fez isso com a gente?

__Fiz o que mãe?

__Foi pro Brasil atrás de uma sapatão! Eu não acredito minha filha, a gente te criou tão bem.

__Mãe, eu não vim pro Brasil por isso, eu consegui um emprego numa universidade maravilhosa.

__Mas você não precisa de emprego, filha. Você tem o Adam. Olha para com essa besteira, ir pro Brasil nessa crise, pode voltar. A gente já conversou com o Adam, ele vai pro Brasil atrás de você, e você dê um jeito de voltar com ele, hein!

__Mãe, você não tá entendendo, o Adam não manda em mim, a gente terminou. Aliás vocês também não podem decidir nada por mim. Eu vou morar aqui.

__É mesmo? Então espero que se saia bem sem seus cartões, porque eu e sua mãe não vamos mais pagar pra você ficar se divertindo com uma sapatão, o Adam já cancelou os cartões que ele bancava também. Ou você volta ou vai passar fome.

Luana ficou encarando a tela do celular que mostrava a ligação finalizada. Ela tinha gastado todas suas economias com o deposito do aluguel do apartamento, era fim de tarde de uma sexta-feira, o deposito provavelmente só constaria na segunda e ela não tinha pra onde ir. Eduardo havia a convidado pra subir a serra no fim de semana, mas ela recusou para se organizar, e agora esta sem ter onde ficar, não conseguiria pagar mais diárias no hotel.


Amanda e Flávia estavam caminhando no calçadão, as duas tinham tomado um sorvete no fim da tarde, Amanda conseguiu se explicar, pediu desculpas e prometeu que não aconteceria de novo, a situação com Luana é cada vez mais complicada, mas isso não justifica deixar uma amiga pra trás, Flávia estava disposta a ser amiga de Amanda, por mais que ela tivesse sentimentos pela mesma, era o que Amanda poderia oferecer no momento, e ela resolveu aceitar.

__Obrigada de novo por me desculpar, você tem sido maravilhosa.

__Não tem de quê. Entendo seu lado, a Luana não facilita as coisas pra você.

__Não seria a Luana se fosse fácil.

_Parece que conheço cada vez mais ela.

As duas riram.

__Ei, vai ter uma festa mais tarde la no meu apartamento. Se quiser aparecer por lá, vai ter um monte de universitários bêbados.

__É uma proposta tentadora, mas eu preciso descansar.

__Ah, qualé, você me deve essa. Só passa por lá pra dar um oi.

__Ok, eu te devo essa. Mas agora vou te levar pra casa, porque preciso urgentemente tomar um banho.


Luana já havia esgotado as possibilidades de sua mente, já não conseguia pensar em mais nada, não sabia o que faria pra pagar as diárias, não tinha onde ficar e a única pessoa que poderia ajuda-la estava completamente puta com ela. Não tinha pra onde correr, ela tinha de tentar. Discou o número de Amanda e esperou até que caísse na caixa postal. Luana suspirou fundou, sem nenhuma esperança restante quando seu telefone tocou.

__O que foi?

__Hey... Desculpa te ligar assim, mas eu realmente preciso da sua ajuda.

__Fala...

__Adam contou pra minha mãe que eu vim pro Brasil atrás de você, eles cortaram todos meus cartões de crédito e todo dinheiro que eu tinha eu usei pra pagar o deposito do apartamento. Eu não tenho mais como pagar as diárias do hotel e não tenho pra onde ir.

__O que você espera que eu faça?

__Tá bom Amanda, não vou ficar me humilhando, obrigada.

Luana desligou o telefone e pensou em ligar para o dono do apartamento, talvez o deposito ja tivesse constado e ela poderia ir para seu apartamento, cogitou ligar pra Eduardo, talvez ele ainda tivesse por aqui não sabia bem o que fazer, estava completamente desesperada, sua mente só conseguia pensar em quando Adam viria. Discou o número do dono do apartamento e contou o que havia acontecido, ela tinha o comprovante do deposito, ele ficou receoso e disse que até poderia ajuda-lá, mas que só amanhã na parte da tarde, estava de plantão essa noite e ficaria impossível sair para recebe-la no apartamento. Luana suspirou e pensou: menos pior, a diária de hoje valeria até às onze, ela poderia esperar por ele em alguma pracinha ou algo do tipo, seu telefone tocou e ela surpreendeu-se quando percebeu que era Amanda.
—Oi?
—Eu tô aqui embaixo, trás suas coisas.
—Não precisa, obrigada.
—Olha, desculpa ter sido grossa. Eu jamais negaria ajuda a você, desce por favor, pode fixar lá em casa o quando quiser.
—Eu já consegui um acordo, amanhã à tarde eu  vou pro meu apartamento.
—Ótimo, te ajudo com aa bagagens, pelo que sei não tem dinheiro pro uber também, ne?
—É...
—-Desce, tô te esperando.

Luana desligou o telefone e um leve sorriso apareceu em seu rosto, talvez seus pais tivessem a ajudado no fim das contas, arrumou suas malas rápido e desceu para o check off. Amanda estava encostada na lateral do seu carro a esperando, estava tão bonita, toda arrumada, uma maquiagem leve e uma roupa casual que a deixava elegante, mas sem a intenção. Amanda a deixava cada vez mais encantada, e ao mesmo tempo triste por não poder expressar isso.

Passagem para o passado [REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora