Capítulo 17 - Da varanda

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O dia tinha amanhecido e a fisioterapeuta já aguardava na sala, Amanda estava vestida com sua roupa de correr, sentia falta, mas ainda não se sentia à vontade para sair sozinha, não admitia, mas sabia que estava apresentando sinais de trauma, Carol tinha preparado uma série de exercícios mais complexa, queria que Amanda se sentisse mais confiante, tinha noção que seu ombro havia melhorado muito e que o psicológico de amanda era o que a atrapalhava. Rita fazia o café observando Amanda de rabo de olho, queria que a filha se esforçasse mais, sabia que Amanda estava estranha, conhecia sua filha, ela sempre foi muito esforçada, tinha medo de Amanda ter pegado essa tal de depressão, não acreditava muito nesse tipo de doença, mas se Amanda tivesse com isso, ela tinha que ajudar. Enquanto isso a fisioterapeuta continuava com os exercícios e a paciência com as reclamações de Amanda.

__Arnaldo.

__Oi?

__Desce para comprar pão para o café.

__Eu vou tomar banho, paixão, vai indo lá que eu termino o café.

__Mas não presta pra ir ali, né? Oh, homem!

Rita pegou sua bolsinha de mão onde guardava seu dinheiro, Amanda havia ignorado a semi discussão dos dois, não adiantava falar com seu pai, ele era caso perdido, aprendeu isso porque vivia defendendo sua mãe de seus machismos, e a própria acabava do lado dele, deixava os dois se resolverem agora. Rita desceu o prédio reclamando mentalmente de como Arnaldo havia se tornado um homem tão pouco companheiro, quando se casaram a tratava como uma princesa, e com o decorrer ela havia se tornado uma empregada que as vezes ganhava carinho e flores, na sua mente ela havia o mal acostumado, mas não sabia muito bem como tratar seu marido diferente, tinha sido criada dessa maneira, ao chegar na padaria, a fila estava grande, o pão havia acabado de sair, e ouvia-se comentários sobre estar quentinho, Rita estava na fila, quando sentiu seu rosto adormecer, sua visão estava escurecendo aos poucos, e ela ficou tonta, se escorou no balcão para não cair, sentiu duas mãos segurando por baixo dos seus braços enquanto ela tentava não deixar o corpo amolecer completamente, uma mulher trouxe rapidamente uma cadeira e a balconista um copo d'agua.

__A senhora está bem?

__Sim... É a minha pressão... Acabei me estressando e ela caiu, já estou melhor.

__Isso é perigoso a senhora quase caiu, qual seu nome?

__Rita... Tá tudo bem, eu moro logo ali, vou para casa deitar.

__Eu te acompanho.

__Não precisa é aqui em frente.

O homem que havia a segurado por trás para que não caísse se entrometeu na conversa.

__Deixa ela te acompanhar, dona. É mais seguro, vai que sua pressão cai de novo.

__Tá bom, tá bom.

Rita caminhava com a desconhecida pela calçada, a moça fazia quase uma barreira com medo de que Rita passasse mal novamente, mas ela se conhecia, sabia que era coisa de momento, que rapidinho voltava ao normal, só não podia passar estresse novamente, as duas esperavam o elevador.

__Tenho uma amiga que mora nesse prédio.

__Na verdade eu não moro aqui, tô na casa da minha filha que sofreu um acidente de trabalho.

__É mesmo? Qual o nome dela?

O elevador chegou e as duas entraram.

__Amanda.


Luana estava deitada na cama de seu quarto sem forças para levantar, não tinha uma ressaca assim há muito tempo, inspirou fundo e reuniu toda força que tinha para sentar na cama, precisava agora chegar até o banheiro, cada passo em direção ao banheiro era como um passo na lua, pesado e surreal, andava escorando nas paredes e sentindo raiva de si mesma por ter bebido tanto, enquanto tirava sua roupa para entrar no banho pensava na conversa com Amanda, nunca havia visto Amanda tão puta com ela, com razão é claro, mas ao mesmo tempo sendo uma porta de tão grossa e incompreensível. A água caia em seu corpo fazendo com que suas forças voltasse aos poucos, tinha um pouco de vontade de vomitar, mas odiava esse momento, preferia passar mal do que vomitar, pois depois seria aquele gosto horrível na boca dela que a faria querer vomitar tornando isso tudo um looping eterno. terminou seu banho, vestiu o hobby do hotel, penteou seus cabelos em frente ao espelho e foi até a mesa do telefone, não tinha condições de tomar café fora do quarto, discou o numero da recepção enquanto olhava pela porta de vidro, a varanda do apartamento de Amanda chamava sua atenção, o recepcionista atendeu.

__Oi, eu gostaria de tomar café no quarto, tem como preparar algo e trazer aqui?

__Sim temos algumas opções no cardápio ao lado do telefone, senhora.

__Ok, só um momento que irei olhar aqui.

Luana decidia entre os ovos mexidos com suco de laranja e o pão de queijo com café quando sua visão periférica chamou sua atenção de volta para a varanda. Amanda estava lá, e estava acompanhada, tentava identificar quem era, não parecia com a fisioterapeuta e quando caiu a ficha, Luana sentiu seu sangue ferver, Flávia havia voltado.

Passagem para o passado [REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora