Capítulo 25 - Impulsos

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Amanda estava sentada em um banco em frente à praia, algumas pessoas correndo pelo calçadão, os comerciantes abrindo os quiosques, o dia estava bonito, ensolarado, fazia calor, o verão começava a dar as caras, era final de outubro e Amanda encarava o mar enquanto o tempo passava, ainda estava com as roupas da noite anterior, seu carro estava estacionado logo atrás dela, seu pensamento tava longe, mas precisava ir pra casa, sabia que encontraria com Luana e que as coisas ficariam cada vez mais complicadas para as duas. Tentava evitar esse encontro, mas uma hora teria de voltar pra casa, respirou fundo criando coragem para ir pra casa quando seu telefone tocou, era Joaquim. Amanda estranhou, mas resolveu atender.

__Ei...

__Amanda, acho que é melhor você vir aqui na regional.

__Joaquim eu não posso aparecer ai, ainda estou de licença o que ta acontecendo?

__Tem um caso aqui... Eu acho melhor você ver pessoalmente.

__Eu não tô com cabeça pra trabalho agora Joaquim... Desculpa mesmo.

__Amanda, você tá envolvida no caso, preciso de você como parte da ação. Se não aparecer vão ter de mandar te intimar.

__Como é que é?? Eu tô a caminho.

Amanda entrou no carro sem entender nada do que estava acontecendo, Joaquim não a tinha dado mais informações, o que significava que provavelmente ele não fazia parte do caso, só estava tentando ajuda-la. A regional ficava há alguns quarteirões da praia, Amanda dirigia o mais rápido que podia e tentava pensar em alguma possibilidade de estar envolvida em qualquer situação, e nada vinha à sua cabeça. Quando conseguiu estacionar, desceu do carro apressada, entrou quase que correndo na delegacia, se dirigiu até o balcão para se apresentar, quando olhou por cima do ombro do policial que a verificava seu nome no computador, viu Luana prestando depoimento dentro de uma das salas, Amanda ficou pálida quando percebeu o que estava acontecendo.


ALGUMAS HORAS ATRÁS

Luana tinha arrumado o apartamento de Amanda e deixado do mesmo jeito que estava antes dela chegar, deixou um bilhete em cima da mesinha: "Obrigada pela estadia, não tenho como te agradecer por isso, mas consegui liberar meu apartamento. A propósito não vou te incomodar mais, você parece ter tomado sua decisão". Luana encostou a porta e desceu para esperar o seu uber que parecia já estar chegando, ao sair no portão, o sol batia no seu rosto fazendo com que Luana não conseguisse enxergar bem, colocou suas malas no chão e aumentou o brilho do celular pra tentar enxergar o número da placa, um carro preto estava parado do outro lado da rua, Luana cerrou os olhos tentando ver a placa quando um homem saiu do carro vindo em sua direção, Luana entendeu que seu motorista estava vindo ajuda-la com as malas, ela segurou uma das malas deixando a outra no chão para que ele carregasse.

__Então é aqui que você tá se escondendo, vagabunda.

__Adam?

__É ai que a sapatão mora?

__Como você me achou? O que você ta fazendo aqui?

__Colocando juízo na sua cabeça, você tá doente Luana, essa mulher fez sua cabeça.

__Como você sabia que eu tava aqui Adam?

__Seu cartão de crédito, gênio. Você usou pela ultima vez nesse hotel. Eles disseram que você não tava mais hospedada ali e eu não acreditei, fiquei aqui na frente te esperando, uma hora você teria de sair. Mas não sabia que você tava na casa dessa filha da puta e nem sabia que ela morava em frente ao hotel, foi assim que vocês ficaram enquanto eu tava na porra da Inglaterra sendo um chifrudo?

__Adam, se acalma, você tá dando um show no meio da rua. Ninguém precisa saber disso.

__Entra no carro, Luana.

__Eu não vou entrar no carro com você, Adam. Eu tô indo pro meu apartamento, se acalma e a gente marca um local pra conversar melhor.

Luana acenava pro uber que agora estava na frente da sua calçada, ela pedia para que ele esperasse. Adam estava furioso, respirava fundo, e balançava a cabeça de um lado para o outro, seus olhos estavam arregalados, ele não piscava uma só vez, Luana estava assustada, mas tentava acalma-lo, ela encostou no seu braço, pedindo que ele tentasse entender, Adam cerrou os dentes e segurou Luana pelos braços prendendo-a contra o muro do prédio, o motorista do uber assustado, abriu a porta e gritou com ele para que ele parasse, mas ele estava completamente tomado pela raiva, o rosto de Luana estava em câmera lenta, ele podia ouvir ao fundo ela gritando: "Adam, não! Adam, para com isso!", mas ele não conseguia pensar em mais nada a não ser sua raiva, Luana o tinha abandonado e o trocado por uma mulher, isso era inadmissível, ele tinha sido bom em perdoa-la e ela achava que podia fazer isso com ele de novo? Não dava pra ela sair impune disso. Adam bateu a cabeça de Luana contra o muro duas vezes, o rosto dela mudou, a expressão de medo deu lugar a de dor, o motorista do uber puxou Adam pelo ombro tentando tirar ele de perto de Luana, mas Adam tinha um metro e oitenta, um porte atlético e o motorista era um senhor de aproximadamente uns sessenta anos, Adam empurrou-o pra cima do próprio carro. Luana estava com a mão na cabeça, sentia o galo que se formou instantaneamente, Adam olhou para Luana curvada sentindo dor e a raiva continuava, ele não conseguia olhar pra ela sem sentir ódio.

__Você acha que eu sou palhaço, Luana? É isso que você acha? Eu vou até o inferno atrás de você, mas você não vai me fazer de palhaço!

__Adam... Para por favor! Você tá me machucando! Socorro!!!!

Adam tampou a boca de Luana encostando-a contra parede, sentiu que algumas mãos o agarravam por trás, deu um solavanco se soltando novamente e desferiu um soco contra o rosto de Luana que caiu imediatamente, os funcionários do hotel, junto do motorista do uber seguraram Adam e chamaram a polícia.


Amanda deu a volta no balcão indo em direção a sala que Luana estava, o policial levantou e a segurou.

__Ei, você não pode passar por aqui.

__ Eu sou policial, olha ai, investigadora. Me da licença.

__Eu vi, você tá afastada, e é parte desse caso. A vitima estava hospedada na sua residência. Sente-se e aguarde ser chamada para depor.

__Eu preciso falar com ela, me da licença, por favor.

__Por favor, sente-se.

__Eu não vou em sentar, caramba! Eu preciso falar com ela, quem fez isso, me fala? O que aconteceu, porra!

Amanda estava furiosa enquanto o policial tentava conte-la, o rosto de Luana estava machucado, dava pra ver de longe o roxo e o inchaço, Amanda não estava entendendo nada, precisava saber o que tinha acontecido, procurava por algum policial conhecido para deixa-la passar, mas não via ninguém, só aquele policial na recepção, pegou o celular para ligar pra Joaquim quando viu um homem ser conduzido para dentro da delegacia, ele era alto, branco, tinha o cabelo loiro cortado e olhos azuis, Amanda sentiu seu sangue ferver, ele xingava em inglês enquanto os policiais o acompanhava, tudo começava a fazer sentido agora, ela o reconheceu das fotos com Luana nas redes sociais, andou de encontro a ele, olhou bem nos seus olhos.

__Foi você quem fez isso com ela?

Adam sentia nojo de Amanda, e raiva ao mesmo tempo, desprezava sua existência e a culpava de tudo que estava acontecendo, não sabia que ela era policial, mas isso não faria diferença pra ele, Adam cuspiu no rosto de Amanda.

__A culpa é sua, puta!

Amanda limpou seu rosto, trocou o celular de mão o segurando com a mão que o braço ainda estava machucado, os policiais já advertiam Adam quando Amanda socou a cara dele e partiu para cima. Joaquim chegou na hora para segurar Amanda que estava enfurecida. A delegacia toda parou para conter a briga dos dois, o policial que tomava o depoimento de Luana saiu da sala correndo, Luana olhava tentando entender o que estava acontecendo quando viu Amanda e Adam sendo contidos pelos policiais.

Passagem para o passado [REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora