Capítulo 27 - Tocaia

1.4K 95 18
                                    

A noite estava calma, as luzes da rua iluminavam dentro do carro de Amanda, ela estava recostada no banco olhando fixamente para o portão do apartamento de Luana, pensava no que tinha acontecido mais cedo e como Luana tinha se comportado diante da situação, tentava entender o lado dela, mas tudo o que conseguia pensar era no fato de que Luana ainda amava Adam. Sentia-se iludida, tinha realmente acreditado que Luana tinha voltado pra ela, mas seu maior medo tinha se confirmado, era apenas questão geográfica, Luana queri alguém por perto, e Amanda se encaixava no perfil. Mesmo sentindo-se idiota, Amanda fazia escolta no prédio dela, tinha medo que Adam voltasse e tentasse algo contra Luana, apensar dele ter sido orientado pelo advogado a voltar pra Inglaterra, não dava pra confiar num filha da puta daquele. Joaquim bateu no vidro do carro de Amanda que se assustou já tirando sua arma debaixo da perna.

__Porra, que susto!

__Desculpa. Posso entrar?

Amanda destravou a porta, Joaquim deu a volta sentando no carona.

__Pretende passar a noite aqui?

__É... tipo isso.

__Porque não liga pra ela? Passar a noite com ela seria melhor.

__Não é tão simples.

__Ela não ama aquele cara Amanda, você sabe disso. Larga de ser orgulhosa.

__Você não sabe o que ela fez. Você não entende.

__Sei. E sei que ela tá assustada, acabou de ser agredida e precisa de você lá com ela, não aqui imitando um policial americano dos anos setenta. Que porra é essa no seu carro, você tá tomando café as 19:00 da noite?

__Eu não posso me magoar mais, Joaquim... Não aguento mais passar por cima do meu orgulho pra conseguir ficar ao lado da Luana. Tem sido uma guerra isso, e eu perco todas batalhas que luto. A gente só tá se machucando.

__E você vai se machucar mais se continuar aqui. Para de ser tão racional, age um pouco com esse coração enferrujado... Ela te ama mais do que você imagina.

__Trinta minutos com ela e você já tá sabendo até dos sentimentos mais profundos?

__O que eu posso fazer? Sou um ótimo investigador. Sai desse carro, o apartamento dela é o 302.

Joaquim saiu do carro enquanto Amanda mmtomava coragem, ela queria fazer o que ele mandava, mas tinha inúmeros receios. Luana provavelmente estava magoada por ela ter passado a noite na casa de Flávia, não queria trazer mais problemas, mas ao mesmo temp queria estar junto dela nesse momento, ver o rosto de Luna todo machucado fez Amanda se sentir incapaz, ela deveria cuidar de Luana, não podia ter deixado isso acontecer, se sentia culpada. Saiu do carro batendo a porta e tocou o jnterfone do apartamento de Luana.

__Ei, sou eu, Amanda.
—Cansou de fazer tocaia?
__Sabia que eu estava aqui?
__Da pra ver seu carro da minha janela.
__Posso subir?

O portão abriu e Amanda seguiu até o elevador,  sentia um frio na barriga, estava nervosa, não sabia como seria tratada por Luana. Tinha sido fria com ela na noite anterior, e agora se arrependia disso. Amanda bateu duas vezes na porta de Luana que abriu e deixou que Amanda entrasse.
—Conseguiu um apartamento bacana.
—É, o preço é bom e já vem mobiliado.
—É bem perto da minha casa.
—É, coincidência...
__Como você tá?
—Sentindo alguma dores, principalmente na cabeça, mas tô tomando uns analgésicos e me recomendaram descanso.
__E seu rosto?
__Acho que vou evitar sair por um tempo...
Luana se deitou no sofá e se cobriu com uma manta, Amanda se aproximou e sentou na mesa de centro em frente a Luana, passou a mão por seu cabelo acertando atrás de sua orelha, seu rosto machucado estava escondido no escuro do apartamento, a tv estava muda, as imagens passavam na tela atrás de Amanda que se reclinou para beijar a testa de Luana, essa fechou os olhos sentindo os lábios quentes de Amanda.
__Eu te liguei...Eu ouvi uma discussão no hotel de madrugada, eu te liguei e você recusou minha chamada.
__Me perdoa, eu estava com raiva... Não deveria ter feito isso.
__Você dormiu com ela?
__Não...
__Não mente pra mim.
__Não tô. A gente se beijou... Depois eu fui embora e passei a madrugada bebendo sozinha em um quiosque. Não consegui parar de pensar em você.
Luana fechou os olhos, os analgésicos a deixavam com sono, se aconchegou em uma almofada, e murmurou algo que Amanda não pode compreender, ela então se levantou da mesa, acertou a manta sobre Luana, e sentou do seu lado, acariciando seus cabelos.

Passagem para o passado [REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora