Naquela manhã, minha cabeça latejava sem parar. As consequências do álcool excessivo na noite anterior começavam a dar as caras enquanto eu dirigia no caminho de volta a minha casa. É uma pena que não posso dizer que não me lembrava de nada porque eu me lembro de tudo o que aconteceu, e lembro muito bem! Lembro de tudo o que eu e Carine fizemos no quarto dela, lembro de ver Camila com Shawn Mendes, lembro da raiva que senti. Mas o que eu não conseguia esquecer de forma alguma eram os olhos escuros de Camila ao entrar no carro de Erick Liu. Lembro muito bem do efeito do álcool que não me deixou perceber a dimensão da merda que eu estava fazendo, mas, agora eu percebo!
Enquanto dirigia, com o sol e a claridade me castigando, pensava no que dizer para Camila, algo como "Não era eu!" ou "Eu tenho uma gêmea!" eram as únicas respostas que vinham na minha mente e que pareciam ter saído de um filme de comédia romântica. Mais agumas daquelas desculpas esfarrapadas que qualquer ser vivente sabe que é mentira. Ocorreu-me então alegar que não temos um compromisso fixo, que não ditamos as regras e que não falamos sobre podermos estar com outras pessoas ou não. Mas, que tipo de ser humano acharia que Camila Cabello se prestaria a esse papel? Ela tem cara daquelas que têm mulher ou homens de uma mulher só! Foi então que pensei em alegar que ela também estava com aquele chefe irritante. O problema era que eu não havia a visto o beijar, contudo, ela havia me visto praticamente engolir Carine.
Não tinha jeito, eu estava sem saída.
Conferi a hora do relógio digital do carro, onze horas e vinte minutos da manhã daquele dia que seria mais um extremamente longo. Eu estava ferrada!
Assim que cheguei na garagem, estacionei e me dirigi aos elevadores, que, por algum milagre divino, estavam funcionando. Rapidamente já estava no décimo terceiro andar bocejando de sono pela noite mal dormida. Bufei indo em passos lentos até a cozinha, abrindo a dispensa e pegando a comida de Granola. Troquei sua água e coloquei comida em seu pote.
— É, Granola, acho que não veremos mais aquela cubana por aqui! — Falei com a cadela que estava deitada no tapete e ela tombou a cabeça para um lado e depois para o outro em total confusão. — Eu fiz uma merda enorme!
Foi tudo o que eu disse antes de ir para o meu quarto e fechar a porta já ligando o ar condicionado. Dirigi-me ao banheiro e me despi entrando sob a água quente. Fechei os olhos e tentei relaxar, mas minha cabeça processava tudo a mil por segundo. O que Camila estaria pensando? Ela teria percebido que era eu ali, bem ao seu lado, beijando outra? O seu olhar totalmente sem brilho entrando no carro me dizia que sim, ela sabia que era eu, mas eu não queria acreditar. E as crônicas? O que eu faria sem ela para me inspirar? Para onde eu iria se ela não me guiasse mais?
Existem pessoas que são como um lampião, que iluminam o nosso caminho. Mas não é só isso, temos que mantê-las conosco, temos que manter a sua chama acesa, temos que alimentá-las de alguma forma para que a sua chama resista ao tempo e ao frio. No caso dos lampiões, um bocado de óleo e tudo está resolvido. No caso das pessoas tudo se torna mais complicado. Camila Cabello era o meu lampião. Tudo estava começando a dar certo, eu finalmente estava com alguém legal, eu finalmente estava em um emprego, eu finalmente estava me sentindo feliz e bem comigo mesma. Mas, era tudo graças a ela, vinha tudo dela, da sua luz, e, por algum motivo, eu sentia que eu havia assoprado a chama que me iluminava, na noite anterior, e agora precisaria de mais óleo para tentar reacendê-la.
De onde eu tiraria óleo? O que seria capaz de reacendê-la? Eu não tinha a mínima ideia.
Suspirei após terminar o banho e saí, pisando no tapete e começando a me secar com a toalha azul marinho que estava pendurada em meu box. Reclinei a cabeça para a direita e então para a esquerda, estalando o meu pescoço enquanto me encarava no espelho. Estava cansada e precisava de uma bela tarde de sono. Algo me dizia que depois de dormir tudo se resolveria.
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Lista de desaparecidos
FanfictionMuitas mulheres no mundo são incompletas, mas Lauren Jauregui era uma mulher completamente vazia. Uma jornalista que acaba de conseguir um emprego em um dos melhores jornais do estado e precisa se inspirar. Nada melhor do que comida para isso! Cam...