Um conselho

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— Preciso levantar. — Camila sussurrou baixinho quando o sol já começava a nascer. — Fran tem que ir pra escola! — Suspirou profundamente saindo do meu abraço e se sentando na cama.

— Está cedo ainda... — Eu disse passando a mão em suas costas tentando a convencer de deitar mais um pouco.

— Na verdade está tarde! — Ela riu de leve ficando em pé e indo ao banheiro. — Se cobre porque ela pode vir aqui enquanto eu estiver no banho! — Disse antes de fechar a porta.

Continuei deitada em sua cama, sentindo o seu perfume evidente nos lenções. Em minha mente o filme da noite que tivemos se repetia diversas e diversas vezes mais; cada cheiro, cada toque, cada sentimento, cada emoção, cada suspiro. Não parecia real, nada parecia real. Cabello parecia tão inalcançável, tão distante da minha realidade que era difícil acreditar que ela esteva daquela forma em meus braços na noite anterior.

Minutos mais tarde, quando eu já estava quase pegando no sono, ela saiu do banheiro com um rabo de cavalo no cabelo, um jeans claro e apertado, uma blusa solta de alça fina na cor vinho e rasteirinhas nos pés. Ela sorriu se aproximando de mim na cama e se inclinou selando seus lábios nos meus e depois se sentou ao meu lado.

— Está com sono, né? — Ela perguntou sorrindo para então sugerir: — Tira um cochilo enquanto eu arrumo a Fran, depois tomamos café e saímos!

— Melhor não. — Bocejei. — Vou tomar um banho, tenho muitas coisas para fazer hoje. Já encontro vocês lá! — Sorri de volta sentando na cama.

— Tudo bem! — Ergueu o corpo saindo do quarto.

Segui até a minha mochila e peguei tudo o que precisaria, em seguida, entrei no banheiro e o cheiro do sabonete dela estava espalhado por todos os cantos me trazendo lembranças de todas as sensações de como foi beijar a pele dela durante a noite. Tomei um banho rápido, água gelada para despertar, e então saí do box para me arrumar.



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— Por que, mamá? — Francesca perguntava fazendo bico.

— Porque nós marcamos a consulta, Francesca! — Camila respondeu. Cabello e eu estávamos tomando café e a loirinha, que já havia tomado o café que sua mãe preparou e levou para ela na cama, estava reclamando de ter que ir a uma consulta médica hoje depois da aula.

— Não quero ir! — Ela fez bico cruzando os bracinhos. — Não gosto de hospital!

— Eu sei, mi amor, mas você também sabe que precisa ir sempre! — Camila respondeu com toda paciência do mundo, mesmo que já fosse a terceira vez que elas estivessem tocando no assunto. — Depois podemos ir fazer uma visita à tia Jessica o que acha?

— Promete que vamos? — Perguntou se aproximando da mãe.

— Prometo! — Camila sorriu.

— Você não gosta de hospitais, vai mesmo visitar Jessica? — Perguntei rindo querendo provocar a menor.

— Eu sei como é ruim estar lá, então vou dar apoio! — Disse firme, como se fosse uma adulta, como se fosse a própria mãe. — Você leva a Soph? — Perguntou-me. 

— Pode deixar, loirinha, eu levo sim! — Sorri e ela retribuiu.

Terminamos o café e seguimos nosso caminho. Camila e eu deixamos Francesca na escola primeiro, e já que eu estava sem o carro, depois ela me deixou em casa seguindo para o Arturo. Segundo ela, não teria gravação, então ela aproveitaria para compensar o tempo que tem perdido no restaurante.

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