Capítulo 4 - Priscila

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O professor começou a aula de história e eu já estava querendo dormir na mesa. O motivo? Estudo dos países, mas não os países legais como os Estados Unidos e o Japão. Países fechados ou previamente fechados para o mundo exterior. Países como a Coreia do Norte, Quimeria e Arábia Saudita.
Enquanto ele falava sobre a Coreia do Norte, seu regime e comando, eu senti meus olhos ficando pesados e minha cabeça perdendo equilíbrio. Encostei meu cotovelo direito na mesa e inclinei meu rosto na mão.
Acordei com um estrondo. O professor havia batido sua mão na mesa e me olhava de maneira enfurecida. Ele era do tipo nervosinho, o que o tornava bem chato.
Eu não havia percebido que tinha dormido, mas olhei para o relógio em cima da lousa e vi que já haviam passado quarenta minutos desde que a aula começou.
Todos os alunos olhavam para mim. Como o professor estava na minha frente e eu estava sentada na última fileira da sala, senti meu rosto esquentar com toda a atenção. Eu não me considerava uma pessoa tímida, mas qualquer atenção não solicitada, me deixava constrangida em níveis absurdos.
- Priscila. Você estava dormindo?
Perguntou o professor com fogo em seus olhos, mas mantendo uma voz educada.
- Não.. Eu.. Eu estava prestando atenção, só estava de olhos fechados. Desculpe.
- Estava prestando atenção?
Essa não. Eu não devia ter dito isso. Com certeza alguma bomba vem por aí.
- Me lembre então, quem é o monarca regente do país Europeu que eu falava?
- Bem, você estava falando de...
Olhei para a lousa, havia um desenho de separações e um deles dizia Portugal. Ele provavelmente não estava mais falando da Coreia do Norte.
- Quimeria! Isso! Quimeria! O monarca regente é.. hum... A.. Rainha Elizabete?
A sala inteira caiu na risada. Eu sabia que estava errada, mas entre adivinhar um nome e falar um nome de um monarca Europeu, achei mais fácil errar com estilo.
- Não! Rei Miguel Simon Castro Lúpus I. Você pode não ter prestado atenção, mas vou deixar essa passar porque você foi bem espertinha.
Sorri ao elogio.
- Que não se repita!
Complementou o professor com voz alta.
Suspirei em alívio e me forcei a prestar atenção ao resto da aula. Não queria que me pegassem de surpresa.
Na hora do recreio, eu estava conversando com a minha amiga Luiza quando senti um toque nas costas. Me virei e minha mãe estava ali com Flora e Poliana.
- O que vocês estão fazendo aqui?
- Eu vim buscar vocês. Precisamos ir pra casa. Já chamei a Nathalie, ela vai sair do trabalho assim que puder.
Fomos todas ao estacionamento da escola onde entramos no duster preto da minha mãe. No caminho, enchemos minha mãe de perguntas, das quais ela respondeu que conversaríamos em casa. Quando chegamos, Nathalie já estava lá com o Papai e um homem que eu nunca tinha visto.
Ele deveria ter uns dois metros de altura, cabelos cinzas e olhos pretos. O Papai apresentou ele como Jorge e disse que era um velho amigo dele.
- Muito prazer, meninas. Vocês são mais lindas do que eu imaginava.
Encarei aquele homem com suspeita. Nós conhecíamos todos os amigos do Papai, não que ele tivesse muitos. Só que ele nunca havia mencionando nenhum Jorge.
Um breve silêncio perdurou na sala. Mamãe disse que ia fazer um café e que logo mais voltaria.
Poliana cortou o silêncio e perguntou porquê havíamos saído da escola após o primeiro tempo.
- Jorge fez uma longa viagem para contar uma história para vocês. Uma história da qual eu não deveria ter guardado por tanto tempo. Tem a ver com os avôs de vocês.
- Os que moram longe e nunca se importaram com a gente?
Perguntou Flora com rispidez. Algo estava a incomodando.
- Flora, não fale assim.
Consentiu Nathalie.
- Mas é verdade.
Falou Flora cruzando os braços.

Sangue Azul - Os Mistérios de QuimeriaOnde histórias criam vida. Descubra agora