Capítulo 13 - Moço

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Nathalie

Fechei a porta do quarto de Priscila e ao me virar me deparo com Benjamin me encarando. Suspiro em susto rápido.
- Benjamin.
- Alteza, necessitas de outra coisa? Não estava mais em seu cômodo quando retornei com sua água.
- Eu só vim dar boa noite pra Priscila.
Falei em meio a um sorriso nervoso enquanto comecei a caminhar pelo corredor em direção ao meu quarto.
- Certo. Alteza, precisa de mais alguma coisa?
Fechei meus olhos e respirei por um momento. Aquele moço estava me deixando ansiosa. Caminhei até meu quarto e abri a porta.
- Benjamin. Posso falar com você em meu quarto?
- Por padrões, talvez não seria apropriado, dado o horário e as circu..
Puxei o braço de Benjamin pra dentro sem que ele pudesse terminar a frase. Eu precisava ser firme.
- Qual é a sua?
- Como? A sua? Não entend..
- Qual é a sua, moço?! Você fica me seguindo o tempo todo, faz tudo por mim e me deixa.. me deixa.. ah! Me deixa nervosa com esse seu jeito aí.
- Não compreendo, Alteza.
- Não, né? Bom, tudo bem. Deixa eu tentar te explicar. Eu sei que faz parte da sua função me auxiliar com qualquer coisa, mas você me deixa nervosa com esse seu jeito! Você sempre soube sua posição e o que tinha que fazer, mas eu acabei de começar a aprender e eu preciso de um pouco de espaço, sabe? É complicado me manter equilibrada com um gato de um metro e oitenta me seguindo pra todo lado.
- Um gato, Alteza?
Congelei. Eu não disse aquilo mesmo, disse? Ai, que vergonha! Precisava pensar rápido, mas havia congelado com as palavras.
- Gatos não são os animais felinos?
Isso! Ele não sabia o que eu queria dizer! Obrigada pelas diferenças linguísticas!
- Óbvio! E você fica atrás de mim como se caçasse um rato, mas eu não sou um rato, Benjamin. Sou uma pessoa normal! E é muito estranho para pessoas normais serem seguidas por estranhos.
- Compreendo agora, Alteza. O que gostarias que eu fizesse para reduzir tal pressão?
- Será que podemos recomeçar? Se eu vou passar o resto da minha vida com você, queria pelo menos que fosse meu amigo. Será que podemos tentar assim?
- Se será de seu agrado.
- Moço, assim você não me ajuda. Não quero que você seja meu amigo porque eu estou ordenando. Estou perguntando se podemos tentar ser amigos para não sermos estranhos andando juntos.. Você quer ser meu amigo, Ben? Posso te chamar de Ben?
- Sim, Alteza.
- Me chame de Nath.
- De acordo com o código em corte, não posso lhe endereçar de maneira informal.
- Ben, não tem corte aqui. Só tem eu. Você pode me chamar de Nath quando estivermos sozinhos. Eu realmente quero te conhecer e quero que sejamos amigos. Você pode deixar de sutilezas? Pelo menos quando estivermos a sós?
- Se for de seu agrado, Alte..
Esfreguei minha mão esquerda por cima de meus olhos e virei de costas pra que ele não visse meu rosto.
- Tentarei assim, Nath. Desejo-lhe uma boa noite. Com licença.
Benjamin abriu a porta e saiu do quarto. Eu não acreditava que havia sido tão impulsiva com ele. Coitado. Aposto que também não era fácil pra ele e eu acabará de dificultar as coisas ainda mais.
Me joguei de barriga na cama e demorei para dormir.

Sangue Azul - Os Mistérios de QuimeriaOnde histórias criam vida. Descubra agora