Capítulo 5 - A Revelação

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Nathalie

Todas encaramos Jorge sem entender o que estava acontecendo. Ele olhou para cada uma de nós lentamente, pediu para que sentássemos e limpou a garganta.
- Meninas, vocês já ouviram falar de Quimeria?
- Aí, nem me fale nesse país.
Balbuciou Priscila em tom de zombaria. Flora a fitou com seriedade e Priscila se desculpou.
- Quimeria é um país europeu localizado entre a França e a Espanha. Retirado de muitos mapas por causa de sua cultura privativa, é um país com mais de 83 milhões de habitantes que falam a língua anglo-português. O que seria semelhante ao português de Portugal com sonoridade e fundamentado no inglês americano. Eu sou Quimeri e poderia me passar por brasileiro, não acham?
Continuamos a o encarar, eu sentia que devia dizer algo, mas as palavras não vinham porque eu realmente não tinha o que dizer pra ele. Eu havia aprendido o básico sobre Quimeria, não autorizavam turistas nem divulgavam estatísticas. Era um país com um grande ponto de interrogação. Lembro de ter estudado que o país só se proclamou há pouco mais de uma década.
Jorge limpou sua garganta de novo.
- Bem, a história que eu vou contar é única e não deve ser divulgada a ninguém, certo?
Concordamos acenando com nossas cabeças. Eu não sabia do que se tratava, mas sentia que era importante.
- Havia um príncipe no reino de Quimeria. Ele tinha seus vinte cinco anos e era muito querido pelo reino. Atencioso com tudo e todos, se não tivesse nascido de realeza, ele seria a escolha perfeita para o trono. O Rei Miguel amava seu filho e o ensinava com carinho as tradições e leis de Quimeria. Porém, o príncipe guardava um segredo de seu pai. Ele havia se apaixonado pela filha da costureira real. A moça trabalhava desde de seus doze anos como assistente da mãe e era bela e muito bondosa. Para se aproximar dela, o príncipe encomendava varias e varias roupas, pedindo para que medidas e provas fossem feitas com frequência. O que o príncipe não sabia, era que ela também o amava. Não porque era herdeiro ao trono, mas porque via em seus olhos a honestidade e humanidade que em muitos faltavam. Um dia, o príncipe pediu para que servissem um café enquanto tirava as suas medidas e a convidou para comer com ele. Assim foram os primeiros encontros dos dois, não tardou muito para que ambos percebessem que seus sentimentos eram mútuos e começarem a ficar juntos em segredo. O Rei nunca poderia saber, pois provavelmente decapitaria a moça.
- Nossa!
Deixei escapar o exclamo e tapei minha boca com a mão. Eu sabia que era uma prática comum em alguns países, mas não conseguia imaginar uma decapitação por amar alguém.
Jorge prosseguiu.
- O príncipe havia crescido comigo e éramos grandes amigos. Com idade adulta, comecei a trabalhar como escrivão para a família real e o príncipe me pedia ajuda com seus encontros escondidos. Tudo correu bem por quatro meses, até que um dia, enquanto o príncipe e seu amor estavam no labirinto do palácio, um guarda os flagrou e reportou ao Rei.
- Gente! Isso tá parecendo conto de fada!
Interrompeu Flora.
- De fato. Então, o Rei, furioso, pediu para que trancassem a jovem no calabouço para que fosse decapitada. Durante a noite, ela vomitava incansavelmente. Ao soar as quatro da manhã, trocaram suas roupas para vestes simples, quando perceberam que estava grávida. A gravidez foi informada ao Rei. Ele já havia dispensado toda a família da jovem do castelo e não achou que seria justo assassinar sua filha e seu neto, então naquele mesmo momento, o Rei ordenou que expulsassem a moça do reino sem relatar a ninguém o que havia acontecido.
- E o príncipe?
Questionou Poliana.
- Criou coragem para enfrentar o seu pai, mas já era tarde. A Quimeri já não estava no país. O príncipe me pediu auxílio e eu identifiquei para onde ela havia ido. O príncipe, trancado em seu quarto, escreveu uma carta de expulsão a si e resignação ao trono real. Eu o ajudei a sair do palácio dois dias depois e ele nunca mais retornou a Quimeria. Uma vez que se é expulso pela família real, a lei diz que jamais o corpo deverá pisar em solo Quimeriano.
- E ele a encontrou?
Perguntei com esperança do amor dos dois.
- Encontrei. E não só isso, mas tive outras três filhas maravilhosas das quais me orgulho e amo tanto.
Respondeu meu pai.

Sangue Azul - Os Mistérios de QuimeriaOnde histórias criam vida. Descubra agora