Twenty

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Sophie Blanche

O vento frio da Coreia colidia contra meu rosto, balançando meus fios castanhos. Emma cuidava para que todas as bagagens fossem entregues em nosso Hotel, enquanto eu respondia algumas mensagens que Lucas havia enviado antes do avião decolar.

A loira me entregou as chaves da Ferrari que me esperava no estacionamento do aeroporto de Seul. Seriam três horas de viagem para que finalmente chegasse a Daegu, cidade natal do meu ex-noivo.

A estrada estava vazia, eu cantarolava versos de Ghost Of You - 5 Seconds Of Summer, enquanto batucava meus dedos no volante. A ideia de rever Taehyung depois de dois longos anos me enjoava. Em um dia seria nosso casamento, mas como sempre, alguma coisa teria de dar errado.
Apenas Yuta sabe que antes de ir para Paris, morei na Coreia do Sul com Charles.

« — Você fica maravilhosa nesse vestido. - abraçou minha cintura. — Mas eu lhe prefiro sem.

— Não seja safado Tae, se nos atrasarmos para o jantar da empresa, a culpa vai ser inteiramente sua.

— Por que minha? Não fui eu quem pedi 'pra você usar esse vestido. - sorriu.

— Mas foi você quem me deu, idiota. - o mais velho riu, logo assentindo. — Agora vamos.

Antes que pudesse atravessar a porta, meu noivo puxou-me contra si. Entrelacei minhas mãos em seu pescoço, enquanto as dele apertavam firmemente minha cintura. Em um pequeno ato, nos beijamos ferozmente. Sua mão percorreu caminho para minha coxa, que estava a mostra graças a fenda do vestido vinho que ganhei de Kim. Eu não poderia estar mais feliz, se não ao lado dele. »

Meu peito se apertava a cada lembrança dos anos que passei ao lado do antigo moreno. Eu o amei, talvez não como e nem com a mesma intensidade que amo Lucas, mas foi algo verdadeiro. Não poderia nunca o apagar de minha vida e me recuso a esquecer todos os nossos momentos, que foram, sem duvidas, um dos melhores que tive em todos estes 25 anos.

  « — Eu tenho uma surpresa.

— Que seja algo bom, por favor. - eu pedi, enquanto desligava o notebook.

Meu namorado retirou de suas costas um cachorrinho. Seu pelo era negro, assim como os olhos, ele era uma graça. O pequeno pitbull correu em minha direção, cheirando-me por inteira.
Abri um sorriso para o Kim, que apreciava a cena com um olhar apaixonado.
Me joguei em seus braços, enquanto selava seu rosto diversas vezes, murmurando um « obrigada ».

— Eu sempre quis um cachorro, nem posso acreditar. Obrigada de novo amor.

— Faço qualquer coisa por você e para ver esse sorriso no seu rosto. - o acastanhando me beijou, eu retribui e sorri, o abraçando novamente. »

Meus olhos estavam marejados, mas não me permiti chorar. Por minha culpa ele se afastou, e como sempre eu tenho o poder de machucar todas as pessoas ao meu redor. Sou um monstro acobertado pela aparência de uma mulher que não existe. Sou uma farsa escondia pelas mentiras que se tornaram parte do meu tedioso cotidiano. Sou e sempre serei apenas a pior versão de mim mesma, pois a melhor esta morta a muito tempo. Não se pode reviver os mortos, mas podemos nos passar por eles.

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