Twenty One

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Narrador

Sophie se encontrava em frente ao antigo apartamento, aquele que seria dela e do ex-noivo.
Suas mãos suavam e seu corpo tremia, a mulher não desejava reencontrar um de seus amores, ao menos, não hoje. Forçadamente, ela apertou a campainha. Iria desistir, provavelmente o mais velho teria se mudado para algum outro lugar e quem sabe de cidade. Assim que iria embora, a porta foi aberta. Um homem de estatura alta, pele bronzeada (mas nem tanto), cabelos pretos com design de um mullet e uma boca convidativa avermelhada.

O Kim analisava por completo a garota que estava em sua casa. Ele sabia que era sua ex-noiva, tentava inutilmente engolir a tristeza presente em seu olhar por a ver novamente depois de dois longos anos.

— Por que esta aqui? - perguntou firme, apertando a maçaneta para conter sua raiva.

— Pois você me deve explicações, a começar pelo fato de receber dinheiro do Ivan.

Aparentemente, Taehyung não havia se assustado com a afirmação da mais nova. Sempre soube que ela era esperta e que, de uma forma ou de outra, iria descobrir toda verdade.
O coreano puxou sua antiga amada para o apartamento. As vistas da morena, estava tudo igual a quando se foi, retirando o fato de que todos os retratos dos dois, que antes estavam espalhadas por todo o local, foram trocados por fotografias de Tae com seus amigos e irmãos.

— Como você teve acesso a essas informações?

— O que um bom sexo não pode fazer. - sorriu sarcasticamente, vendo Kim engolir em seco. — Agora responda minha pergunta.

— Ainda acha que tem algum poder sobre mim? Não irei lhe contar nada Sophie, apenas lide com os fatos.

— Quais fatos? O que você deseja me entregar 'pra todos os meus amigos? - se exaltou.

— Não grite, lembre-se que esta na minha casa. - disse o rapaz rudemente. — Por mais que eu adoraria ver você se afundando nas mentiras que criou, não iria gastar meu tempo fazendo com que isso acontecesse.

— Então por que manteve contato com o Ivan durante todo esse tempo?

— Pela empresa porra. - bateu a mão na mesa de centro. — Ele comprou 50% do que era 'pra ser nosso, por isso todas as transações.

A garota se recusava a acreditar nas palavras do homem em sua frente. Eles criaram juntos uma das maiores empresas de telecomunicação de toda a Coreia do Sul, o sonho do ex-noivo tinha se realizado e agora iria vender metade das ações para um homem morto?

— Eu vendi as ações pois estamos falindo Sophie, agora você entende a gravidade da situação? - disse como se lesse os pensamentos da mulher. — Desde que meu pai repassou para mim todas as outras três empresas dos Kim não tive tempo 'pra administrar a minha.

— Mas... O seu pai sempre se recusou em repassar o comando a você, ele sempre disse que iria tudo para a sua irmã.

— Iria, mas ela morreu em um acidente com o namorado assim que você resolveu ir embora da Coreia.

E pela segunda vez naquele mesmo dia, a morena se sentiu como um monstro. Ela não esteve aqui para o apoiar em um dos piores momentos que as pessoas podem enfrentar. Sem repensar, Sophie abraçou Tae que, no começo, havia se recusado a retribuir seu aperto, mas logo mudou de ideia. Os dois estavam conectados por um simples gesto, ambos sentiam saudades de seus momentos e gostariam de admitir, mas certamente não os faria.

— Me perdoa por tudo que fiz com você. Eu sou um monstro em ter ido embora um dia antes do nosso casamento e ter deixado com que você sofresse tudo isso sozinho, deveria estar aqui e te apoiar como fazia antes de estragar com as nossas vidas.

— Naquele ano tudo que eu mais queria era lhe ter de volta. - ele sorriu minimamente. — Me machuca saber que se não fosse pelo Ivan, você nunca teria voltado.

— Eu sempre estive aqui. - fitou os olhos negros do antigo amado. — Sei que você nunca me expulsou definitivamente do seu coração.

E novamente os dois se abraçaram. Naquele momento ambos estavam em sua bolha, por um instante, nada parecia ter mudado. Era como se a garota nunca houvesse partido.
Um latido estridente os despertou, na direção de Sophie corria Yeotan, seu antigo pitbull. A mulher sorria enquanto alisava o pelo negro do cachorro que lambia sua face.

— Que saudades eu senti de você meu garotão. - afinou a voz, fazendo o mais velho rir.

— Acho que ele ainda ama você. - a morena o fitou e logo sorriu. — Acho que posso lhe ajudar a encontrar quem esta lhe ameaçando.

A brasileira ergueu seu olhar para Kim que a encarava sugestivo. Ela sorriu, um dos poucos que haviam sido verdadeiros desde que sua vida começou a capotar novamente.

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