Com a chegada das férias de verão, meus pais se divorciaram. Segundo eles, não queriam atrapalhar o ano letivo com mudanças e tribunais, por isso esperaram. Porém paralelamente minha mãe já tinha um novo companheiro que ia quando papai não estava.
Eu não me importava de verdade. Passava o dia todo viajando e falando de coisas bobas com minha irmã ou turma. Ninguém percebia ou se importava muito.Por outro lado foram nas férias de verão que sofri o primeiro baque.
Após um flagrante da mãe, Namjoon foi proibido de sair com a turma e até se referir a nós. Todos ficaram devastados, havíamos perdido o líder.
Naturalmente o mais velho assumiu o posto, mas foi em menos de um mês praticamente expulso da turma.Havia se envolvido com H.
Era cada vez mais comum ver garotinhas de 11 a 13 anos se prostituindo na frente do metrô do zoo, onde os gringos pechinchavam até 20 marcos por uma chupada.
As garotas desesperadas por H davam de tudo. Era nojento.Após o flagrante e Namjoon todos se tornaram mais cautelosos. Eu apesar de tudo não precisava me preocupar muito. Quando chegava zonzo e com os olhos vermelhos minha mãe achava que estava bêbado e apenas me colocava na cama. Eu apesar de temer o flagra às vezes torcia para que ela descobrisse. Talvez assim o seu novo companheiro deixasse por algum tempo de ser o foco da sua vida burguesa medíocre.
Bem, agora além das aflições de casa também lidava com os problemas do Sound. Cada vez mais Taehyung se tornava viciado em H. Eu temia pela vida dele, me cansava de pedir para que ele se desintoxicasse daquele veneno, mas quando estava sob efeito se fingia de surdo e quando estava sóbrio dava juras falsas.
Logo descobri um fatídico fato, não existe amor entre viciados.
Nós nos tornamos cada vez mais individuais até que nos sufocamos em nós mesmos.
O peso caia gradativamente sob meus ombros e eu pouco a pouco via que não ia segurar a barra.
Achei por muito que iria me matar até o sábado no Sound em que Lee chegou me oferecendo H. das boas. Com a crescente ela provavelmente achava que eu estava no meio.
Já cansado depois de dar um longo sermão em Taehyung eu, chapado até os fios de cabelo, aceitei.Cheguei no banheiro imundo do Sound com nojo até de respirar.
Sabia que haviam duas maneirad de usar. Ou eu esquentava na colher e usava uma seringa ou eu cheirava. Bem, eu não tinha colher e muito menos seringa, além de que tinha medo de agulhas.
Peguei um espelhinho de dentro da bolsa pequena que carregava a todo lugar e também o cartão de crédito que roubara do meu pai na última visita quinzenal.Juntei em uma carreira e cheirei.
Por Deus, me senti leve demais. Tão leve que meus joelhos falharam e eu caí.
Naquela hora não existia mais chão sujo de banheiro imundo do Sound. Eu estava acima demais de tudo aquilo.
Por algum momento entendi as garotinhas e garotinhos que caem na H. O sentimento de chegar no limite do mais pesado te dá o sentimento de que você é infinito e imortal.
Dentro do banheiro imundo do Sound eu me tornei infinito.
E foi ai que meus problemas começaram.
Ao sair do banheiro dei de cara com Taehyung com uma cara não muito boa e Lee logo atrás preocupada comigo.
Coitada, ofereceu por educação já que era de praxe de nossa turma oferecer sempre que tinham alguma coisa.
Recebi o sermão que costumava dar e no fim um abraço forte e lágrimas nos ombros.
Afinal talvez depois de estar no mesmo nível dele eu voltasse a acreditar no amor entre viciados.
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Capítulo quase de transição, se não saiu bom eu sinto muito.
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1974
FanfictionQuando Seokjin teve que se mudar com a familia de Seul para Berlim apenas aos 12 anos, não esperava ter tanto contato com as mazelas do vício que vira nos metrôs na ida à escola. ¤Ambientada na Alemanha de 1974. ¤Baseado nos relatos de Christiane F...