Hoje acordei bem mais cedo; estava animada. Me pergunto para onde ele vai me levar. Desço as escadas, ansiosa. Confesso que me arrumei mais hoje.
- Você está linda... - Colin me diz, tentando não me encarar. Ia agradecê-lo mas vi que não estava sozinho. Me agacho e acaricio o cachorrinho que ele trazia. Era um bebê ainda mas estava bastante grande. Ele retribuiu o carinho pulando em mim.
- Ei, qual o nome dele? - pergunto tentando me desvencilhar dos ataques do cachorro. Olho para Colin e ele está com um sorriso enorme assistindo à cena. Também observo que ele trouxe uma cesta mas não me interessei em perguntar o que tinha dentro. Nem conseguiria, o cachorro tomava toda a minha atenção.
- Bom... - ele para e põe a mão na nuca enquanto sorri. Parecia não saber o que me responder. - Eu encontrei ele ontem na rua...
- Você adotou um cachorro? Ontem?
- Ele me pediu, não pude recusar - ele diz, com um sorriso ainda tímido.
- Eu gostei muito dele.
- Quer dar um nome para ele?
- Sim... ele combina com...
- Espera - ele me interrompe. - Que tal você me dizer no final do passeio? Assim você pode pensar com mais calma.
- Sim!
Colin olha em volta e aponta para minha bicicleta. Percebo que não vamos andando dessa vez. Inclusive, no dia anterior, eu havia decorado toda a minha bicicleta então tudo bem. Ele vai na frente e o cachorrinho corre atrás dele.
Nós pedalamos muito e chegamos em uma floresta. Iríamos mais longe mas o cachorrinho estava ficando cansado, então Colin pediu para pararmos.
- Aqui é um lugar mais calmo. Achei que ficaria muito chato só virmos para uma floresta. Então, trouxe comida.
- Tipo um piquenique? - pergunto, totalmente animada.
- Tipo um piquenique.
- Meu Deus! Eu sempre quis fazer um piquenique - me viro na direção do cachorrinho enquanto Colin arrumava o espaço. Era difícil ter acesso à muitas coisas, então ele trouxe um lençol para por no chão. Ele ria da minha animação. - Você acredita, cachorrinho? Estamos em um piquenique de verdade! Isso só pode ser um sonho.
O cachorrinho pulou em mim de novo, só que forte. Ele era filhote mas tinha uma força surpreendente e me derrubou de joelhos no chão. Sussurrei para ele:
- Seja esperto, me mate depois da comida. Assim eu posso lhe dar um pouco - digo piscando para ele.
- Ok, tudo pronto - Colin anuncia olhando para tudo orgulhoso.
Sento no lençol e coloco o cachorrinho no meu colo. Colin senta ao meu lado, e ainda sim não me encara.
- Desculpa.
- Pelo quê, querido? - pergunto mas logo percebo que chamo ele de querido. Se não queria me olhar antes, agora era definitivo.
- Por não ser o piquenique perfeito que você tanto deve sonhar...
- Não acho que possa ser mais perfeito - ele levanta a cabeça e me olha. Dou um sorriso. - Agora, se você não me der algo para comer, o piquenique vai virar uma cena de crime.
Ele ri e pega a cesta. Escolho as comidas que mais gosto. Ele não veio despreparado; trouxe a ração do cachorrinho.
- Eu acho que o nome dele deveria ser Peace - digo com a boca um pouco cheia ainda.
- Peace? Não é paz em inglês?
- Sim. É porque ele é a própria representação da paz.
- Esse cachorro tem tudo menos a paz.
Rio alto.
- Mas se você quer esse nome, esse será o nome dele.
- Sério? Obrigada! - me empolgo e abraço ele forte. Seu rosto cora.
Ele acaba de comer e deita no lençol. Deito ao lado dele.
- Olha como as nuvens estão lindas - digo.
- Aquela ali parece você - Colin diz, risonho.
- Ei, - aperto os olhos para enxergar melhor. - Você está me ofendendo?
- Nunca faria isso, princesa.
Eu encaro ele ao mesmo tempo que ele me olha. Ficamos nos encarando, por, digamos, uma eternidade e meia. Queria guardar aquele momento em um pote e revê-lo pelo resto da minha vida. Principalmente o jeito em que o sol batia nos nossos rostos; fazendo-nos ficar mais vermelhos ainda. Mas, tudo tem um fim. Peace pulou em nós e derrubou um pouco de suco no lençol.
- Eu disse que ele não tinha nada de paz - Colin diz e rimos da reação do Peace ao se molhar no suco.
- Tadinho...
Peace deita aos pés de Colin e dorme. Também estava meio sonolenta mas tive que ficar acordada.
- Desculpa não te levar para um lugar tão bonito quanto o de ontem. Deixarei o melhor para o final. Você gostou daqui, mesmo sendo simples?
- Esse simples é maravilhoso. Eu amei! - ele olha um pouco sem graça para mim, como se não acreditasse. - Por que você pede tanto desculpa?
- Eu gosto que tudo saia perfeito... principalmente se for para você.
- Sabe uma coisa que eu aprendi? - digo me virando para o céu. - Que não importa o lugar, se eu estiver com você será perfeito. Porque você faz o preto e branco virar colorido, você me faz sorrir. E também, nada adiantará as belas paisagens se você não tiver com quem ir. Acho que por isso as pessoas não procuram mais esses lugares - faço uma pausa e olho para ele. - Ainda bem que eu tenho você.
Ele sorri. Eu me deito mais perto dele e sem querer o abraço. Tentei desfazer o abraço mas não consegui sentir mais nada. Dormi nos braços dele.
Acordo com Colin me chamando. Ele parecia assustando. O sol já estava indo embora.
- Precisamos ir.
- Aconteceu algo?
- Eles estão aqui.
Eles? O exército estava aqui? Levantamos e formos para nossas bicicletas. Peace ainda dormia então eu o coloquei na cesta da minha bicicleta. Ele era grande porém cabia. Devia estar apertado mas era por um bem maior.
Ao chegar em frente minha casa, Colin se despede com um aperto de mão. Mas eu vou e o abraço.
- Obrigada pelo dia maravilhoso.
- Amanhã virei no horário do nascer do sol. Ok?
- Mal posso esperar.
Entro rápido. Se os guardas nos vissem na rua, achariam que fazíamos parte de alguma rebelião. Ao me olhar no espelho, estava toda vermelha. Observo um colar em mim. Era uma flor.
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Amor meu em dias contados
Короткий рассказ"Porém sempre lembre que, de todos, o que mais te amou fui eu." O quanto um dia pode se tornar importante para você? Julie encontra Colin, uma pessoa aparentemente rica em sua humilde rua. Ambos se apaixonam e agora terão que viver uma grande histór...