Lar, doce lar!

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Maria Luísa não se contentaria em chegar a sua casa, após tanto tempo, e não encontrar ninguém à sua espera, principalmente com a notícia de que seu pai estava internado. Ao chegar à cidade, direcionou-se ao hospital. Queria muito ver seu pai. E Sandra também.

Diferente de muitas relações, Luísa tinha algo forte com Sandra. Não desde o princípio. Mas, com o tempo, a mulher ganhou a sua confiança e seu coração. E graças ela, Luísa conseguiu passar por grandes provações e se fortalecer.

Sandra não permitiu que Maria Luísa sucumbisse, quando beirou o precipício do desespero.

— Pai — exclamou, ao ver o homem combalido e pálido. — Sandra! — Seus olhos encheram-se de lágrimas naquele instante. Há muito tempo não via os dois juntos daquela forma.

— Lulu, minha filha. — O homem abriu os braços para acolhê-la.

Entre lágrimas e abraços, enfim sentiu-se feliz, como há muito não sentia. Estava de volta, ao lado do pai e de sua amiga. Juntas eram as mais belas rosas do jardim, aos olhos de seu pai.

O momento de euforia havia passado e Luísa precisava saber o que acontecera. Chamou Sandra para o corredor e pôde exibir a sua preocupação verdadeira.

— O que houve, de verdade? — inquiriu apreensiva.

Mas Sandra a acalmou com o simples olhar e as mãos em seus ombros.

— Não é nada realmente tão sério. Você sabe como seu pai é. Sai cedo todos os dias, sem se alimentar como deve, trabalha o dia inteiro no sol, lado a lado com os funcionários. E quando resolve comer, não quer nada saudável. Parece um menino. Só quer saber de frituras e doces. O médico pediu uns exames para comprovar, mas nós sabemos que, no mínimo, ele está com o colesterol alto. E, no estilo de vida que quer levar, eu já sabia que em algum momento aconteceria algo, como de fato aconteceu.

— Ele caiu? Notei alguns hematomas nos braços. Ai, meu Deus! — O vinco na testa e os passos em círculos a entregavam.

— Ele caiu do trator, quando arava a terra. Por sorte havia outro homem com ele e parou o trator antes. — Sandra não conseguira segurar o pranto por nenhum segundo a mais. — Querida, se Jean não estivesse lá, para parar o trator, seu pai teria ficado preso debaixo de uma das rodas traseiras.

Maria Luísa abraçou a mulher a consolar-lhe. Seu pai ficaria bem. Mas, o maior impacto fora, sem sombra de dúvidas, ouvir o nome de Jean.

Mesmo com os anos, ele ainda trabalhava para seu pai. E hora ou outra daria de cara com ele. Seu corpo tremeu inteiro. As lembranças de antes tomaram conta de sua cabeça. Em silêncio forçou-se a sentar, vislumbrando novamente o que se passara entre eles. Sua última chance, numa medida desesperada, quando procurou por Jean, a revelar-lhe seus secretos sentimentos pelo homem, na espera de que ele lhe aceitasse. Apesar do que sentia na época, queria mesmo era que ele assumisse um compromisso que não a forçasse a partir. Se ele lhe desse o sonhado Sim, poderia ter-lhe confiado o motivo de sua partida. E não precisaria ter ido para longe, como seu pai fizera questão.

Mas passara. Sua negativa apenas a destruiu mais do que já estava. E por fim a fortaleceu. Não há como reerguer algo que já está de pé.

Por fim, os resultados dos exames chegaram. Maciel estava realmente com as taxas altas. Não apenas colesterol, mas também diabetes. O homem, na casa dos sessenta anos, fora liberado na manhã seguinte com recomendações de dieta controlada e ordem de retorno em algumas semanas, para avaliar novamente suas taxas e iniciar as medicações, caso necessárias.

Luísa vislumbrou ao longe a sua casa, a qual não via há oito anos. A casa ampla, de fachada rustica, cercada por árvores enormes e antigas, com varanda por todo o redor da mesma e adornada com roseiras junto à casa.

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