Pinguim

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Uma música tocava no carro, por sorte, evitando o silêncio total entre os dois. Luísa se obrigou a levantar naquela manhã, simplesmente por já ter combinado com Jean, e pela culpa que a impregnava devido ao comportamento do dia anterior. Por outro lado, Jean ficava a olhar de soslaio para ela, a espera de qualquer sinal de que estava aberta a dialogar, mesmo que sobre o clima. Cansado da falta de sinais dela, optou por desligar o som e tentar mudar o clima.

— Eu não ainda não sei o que vestir — exclamou.

Ela enfim o olhou. Dos pés à cabeça. Por fim sorriu.

— Desde que você não pareça um peão de rodeio como agora, tudo bem. Apesar de que o estilo combina com você. Mas, definitivamente, é o baile da escola e não quadrilha de São João. — Luísa resolveu melhorar o clima. Provocou-o.

— Quadrilha?

— É o que parece, com essa camisa de estampa xadrez. — Gargalhou.

O som da risada dela o despertou. Conseguira tirar o nublado dos olhos dela. Então riu de volta.

— Nossa! Você pegou pesado comigo — ralhou em brincadeira.

— E é por isso que eu estou indo com você — admitiu. — Melhor agir ao seu lado do que ter que falar certas verdades.

— Essa não! Já estou começando a ficar com medo do que vem pela frente! — Riu temeroso pelo desconhecido.

— Deve ficar preocupado! Se fosse eu, ficaria!

Aquele era um dos momentos que Jean queria guardar para sempre. Ambos sorrindo à toa, juntos, sem discutir, sem dor ou qualquer tensão. Mas nem sabia o que viria pela frente.

A preocupação bateu quando ela o fez parar em frente à loja que era voltada apenas para trajes festivos.

Ternos e mais ternos, por todos os lados, além dos vestidos de baile, chamativos e coloridos. Fora tudo o que ele conseguira notar. E arisco como era, se sentiu aprisionado dentro da loja, na ânsia de correr e desistir da ideia maluca de ir ao evento. Só que, nunca perderia a chance de ir em companhia de Luísa.

— Você tem alguma preferência? — perguntou a atendente.

— Deixarei tudo a gosto de Luísa. Trate com ela, por favor. — pediu gentilmente.

— Tem certeza, Jean? — inquiriu Maria Luísa. O olhar matreiro a acompanhava.

— Absoluta — disse com uma certeza que sequer tinha. Porém, o que ele entendia de ternos e gravatas? Nada. Se fosse pra escolher boas calças de montaria, botas e chapéus, o faria com maestria, mas, ternos?

— Tudo bem! — Aceitou de bom grado e se dispôs a escolher entre os quais mais gostou e separou dois.

O simples fato de estar naquela loja, assistindo Luísa procurar algo que lhe caísse bem já o estava sufocando, como se uma gravata o enforcasse. E tudo veio a piorar quando ela o chamou para o provador.

— Vista e saia para eu ver como ficou.

— Sem essa Luísa — retrucou emburrado. — Não vou bancar sua coleguinha, com quem faz compras.

— Se não me queria ajudando, por que aceitou que eu viesse? — Ela o interrogou. — Eu posso ir embora, se quiser.

— Ok. Tudo bem — exclamou incomodado. — Não tenho muitas opções, não é?

— Não — disse a lhe dar as costas e dar-lhe a privacidade que precisava.

Maria Luísa estava cansada de esperar. Os olhos fixavam no relógio volta e meia, até que ele saiu do provador. Os pés descalços, o terno com encaixe perfeito no corpo masculino, demarcado pelos anos de esforço físico que definiram cada centímetro dele. A gravata por dar o nó caía sobre o ombro e ele parecia não respirar dentro da roupa. Estava suando, ela notou.

Prometidos - Série Promessas Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora