Prologo

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Quando aqueles olhos marejados, antes escondidos por trás dos esvoaçantes cabelos encontraram os dele, logo ele soube: aquele olhar silencioso despedia-se, partindo, por indeterminado tempo, levando no peito um amor sufocado, do qual partira sem saber que era correspondido. Derramar lágrimas não seria justo. Com nenhum deles. Mas, ele estacou e mordeu fortemente os lábios, a segurar-se. Queria correr e implorar para que ela ficasse. Dizer-lhe o que sentia. Desejava tomá-la nos braços, num forte aperto, a rodopiar com ela e mergulhar na imensidão dos olhos dela e se deliciar com o doce e jovem amor dela. Porém, calar aquele sentimento era o melhor a ser feito.

O motivo? Como se Vinte anos de diferença já não falassem por si só, como ele pensava, o fato de ela ser menor de idade piorava ainda mais as coisas. E o último detalhe, e um dos mais importantes gritava ainda mais alto em sua mente: ela era filha do homem que lhe dera opções na vida. Emprego, moradia, estabilidade, para que pudesse cuidar de sua família.

A grande verdade sobre aquela partida era que seu coração se fechara, para qualquer outra pessoa que surgisse. E, embora ela talvez nunca voltasse a pisar naquele solo para morar, seu coração sempre pertenceria a jovem que se foi com pesar e a falsa ilusão de que seus sentimentos não eram correspondidos. No entanto, envolver-se com ela, em plena adolescência, e com a diferencia de idade, nem de longe poderia ser cogitado.

A vida sempre fora cheia de desencontros. Como sina, maltratando corações que se completam, muito antes de haver entrega. Mas, o destino não brinca com ninguém, e hora ou outra, tudo tem chance de mudar.


Postado em 27/08/2018

Atualizado e revisado: 25/08/2019

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