Não faça isso

153 12 0
                                    



Dizer sim ou não ao dono dos seus pensamentos mostrou ser um assunto inquietante à cabeça já tão ocupada de Luísa. Listou prós e contras, pensou nas reações das pessoas, conjecturou formas de contar sobre o envolvimento entre eles ao pai, assim como refletiu sobre as chances de dar errado. Poderia ser como fogo em palha e logo tudo ter fim. E não estava preparada para pensar sobre um possível fim, tanto quanto nos rumos que tudo podia seguir. Inquieta, assim estava ela, a partilhar sua cama com as roupinhas de bebê que levava na mala junto às cinzas do filho.

Estava obstinada a debater o assunto cara a cara com Jean, e tinha uma interrogação a incomodando. Precisava ouvir da boca dele o que o fez mudar de ideia quanto à decisão de quebrar a resistência. Queria que a noite chegasse, para procurá-lo depois do jantar, mas os pensamentos soltos não lhe deram sossego, fazendo-a pegar um cavalo no meio da tarde, montá-lo e partir em disparada à procura dele, ignorando até mesmo o fato de não usar calças de montaria.

Tomou a estrada de terra na direção da casa dele, o encontrando à meio caminho com sua mãe.

— Perdida, moça? — Ele perguntou ao frear diante da imagem dela.

— Na verdade estava à sua procura — respondeu-lhe séria, provocando abalo no coração do homem. Ele não poderia simplesmente voltar. Prometera a sua mãe que a levaria para passar a tarde com Sandra.

— Você pode voltar com a gente? Estávamos indo pra lá agora mesmo — falou a torcer por resposta positiva.

Ela deixou de fitar-lhe para mirar o horizonte a ponderar à cerca da proposta. Mas, tinha que negar. Não queria companhia além da dele quando tivessem aquela conversa. Melhor que ocorresse longe de casa.

— Na verdade, pode esperar. Não era nada demais — indagou cabisbaixa e completou. — Depois nos falamos — concluiu a dar as costas.

— Lulu, menina, espere! — Sua madrinha se manifestou. — Jean irá apenas me deixar. Se quiser esperar um pouquinho, ele lhe acompanha!

A senhora salvara o dia, alegrando Jean, que queria levantar ela no colo e agradecer, porém, apenas assentiu em concordância a completar.

— Mamãe está certa! Se puder esperar, eu volto.

— Pode ir para nossa casa também. Melhor que esperar na estrada, além de ser mais seguro. O mundo anda muito cruel! Na verdade, cruéis são as pessoas, e, por culpa delas, culpamos o mundo — aconselhou Josefa.

— Ok. Espero por você em casa — afirmou. — Até mais, Dinda!

Quando ela partiu, à galopes, Josefa sorria por dentro. Se seu filho soubesse que ela estava cheia de promessas para que ele se resolvesse na vida, com mulher e filhos, nem acreditaria. Ele, por outro lado, sentiu o peso da ansiedade bater. Não sabia se queria ouvir o que ela tinha a dizer. Pela expressão na face, carregada de seriedade, não esperava por boa notícia. Ela lhe diria não, partiria seu coração e o enterraria para sempre. Ele estaria morto para ela, para sempre.

Provavelmente após isso ela partiria outra vez, para longe. Só que, se ela fizesse aquilo que pensava, não deixaria passar como antes, embarcando de encontro a ela, aonde quer que fosse.

Jean pisou fundo no acelerador a retornar para casa, mas, não encontrou aquela que estava bagunçando seus pensamentos. Onde ela poderia ter se metido? Então se lembrou do dia no rio, selando um cavalo rapidamente e partindo em disparada à procura dela, ainda que, para ouvir negativa sentença. Os anseios em seu peito gritavam alto, o amedrontando.

O cavalo dela pastava às margens do rio enquanto ela nadava nas tranquilas águas. Jean estacou a observá-la. O vestido fino junto ao corpo, margeando cada curva e detalhe. Tão perfeita aos seus olhos quanto nunca estivera. Sua boca secara. As conjecturas martelando forte, sem muitas certezas. O que seria dele se ela partisse? Se negasse a ele uma chance de mostrar seu amor...

Prometidos - Série Promessas Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora