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meu primeiro amor

É claro que quando escrevi o pequeno bilhete propondo um encontro, havia colocado em uma data um pouco distante.

Eu ainda precisava de um tempo para me convencer de que aquilo valia a pena; para me convencer que eu valia a pena.

Já haviam se passado dois dias da minha decisão quando finalmente depositei o pequeno papel no armário de Changbin.

O coração disparado como sempre e as mãos trêmulas como se eu estivesse carregando o mundo nelas.

Eu passei os dias seguintes acordado, nervoso e ansioso, pensando na mudança que esse encontro poderia me proporcionar.

Me perguntava se meu coração aguentaria outra rejeição, me perguntava se eu conseguiria viver sabendo que Changbin se decepcionou ao me encontrar.

Esse era meu maior medo.

Decepcionar quem amo.

Por isso me mantive acordado, mesmo sentindo todas as minhas células pedindo por descanso.

Como eu poderia descansar se pensava em seu rosto sempre que fechava os olhos?

Como eu poderia fazer qualquer coisa sequer quando tudo o que eu queria era abraça-lo e dizer que estava tudo bem.

Dizer que agora eu estava ali.

Dizer que eu não iria embora.

Tomei um banho demorado na tentativa de esvair meus pensamentos debaixo da água quentinha.

Mas a verdade é que nada poderia tira-lo da minha mente.

Ele fez de mim sua morada e eu não era capaz de expulsa-lo.

Eu o abrigaria ali, por quanto tempo ele quisesse.

Quando o dia 12 finalmente chegou eu fui capaz de esquecer todo o esgotamento físico e mental e me focar no presente.

Eu veria Changbin, em carne e osso.

E ele me veria, mais do que como um simples papel anônimo.

Foi difícil.

Sair da cama e me arrumar sentindo que meu mundo estava prestes a acabar.

Foi tudo muito difícil.

E eu ainda não sabia ao certo se tudo aquilo valeria a pena.

Vesti uma roupa qualquer, dando pouca importância à como eu estava visivelmente acabado.

Eu queria mostrar o eu verdadeiro, pela primeira vez na minha vida.

Não me esconderia atrás de sorrisos e desculpas mal dadas de "é só sono".

Não era. Nunca era.

Ele havia lido minhas mais profundas palavras e tristes histórias.

Ele saberia que eu estaria apenas fingindo.

E eu não queria fingir. Não mais.

Sai de casa sentindo que meu coração havia ficado para trás.

O mundo parecia girar e eu apenas sentia meus pés se moverem sozinhos.

O suor frio descia pelas minhas costas ao que eu me aproximava cada vez mais do local.

E se ele não fosse?

E se ele não quisesse me conhecer?

E se...?

Parei de andar apenas para respirar fundo e tentar me controlar.

Contei baixinho os números de 1 a 30, sentindo que meu coração se acalmava.

Não era o suficiente, eu ainda sentia como se aquele fosse o momento mais difícil da minha vida.

Mas havia ajudado.

Continuei andando, aos poucos vendo o parque com maior nitidez.

A cada passo eu me sentia mais nervoso, mais fraco.

Sentia como se meus pais me vissem ali, agora, o desgosto deles seria ainda maior.

Talvez eles tivessem ido embora antes.

Limpei o suor de minha testa com a manga, ciente de que eu estava horrível.

Continuei andando até o chegar ao centro do parque.

Era a parte mais bonita, sem dúvidas.

Ali, você tinha uma visão de todas as partes do local, e conseguia ver suas tão incríveis diferenças.

A natureza sempre me encantou, e nunca falhava em me surpreender.

Uma brisa fraca passou por meu rosto, e logo vi pequenos pássaros pousando perto de mim.

Eles eram ainda filhotes, mal sabiam que a vida só se tornava pior.

Sorri fraquinho quando um pássaro maior pousou do lado deles e lhes alimentou.

Acompanhei quando eles voaram, juntos, e me senti estupido por desejar tanto ser um pássaro naquele momento.

Eu poderia apenas voar.

Quando Changbin me recusasse, eu poderia apenas ir embora.

E nunca olhar para baixo, apenas seguir os ventos do céu até achar algum lugar onde eu pudesse viver.

Ele me odiaria.

Eu tinha certeza.

Eu olhava para o chão.

Segurando minhas lágrimas.

Sabendo que a qualquer momento eu desabaria.

E assim dito, quando dois pés pararam na minha frente e eu levantei meu rosto não pude mais me controlar.

Por que ele estava ali.

Por que Changbin sorria para mim.

Como se eu fosse exatamente quem ele esperava.

E ele me abraçou, como se não estivesse arrependido.

E de fato, não estava.



voltei aqui para informar que falta apenas um capítulo pra ser postado <3
mil desculpas por fazer algo tão pequeno, como eu tinha a certeza de que ninguém leria eu apenas encurtei toda a minha escrita e postei resumidamente. me desculpem mesmo!! se vocês gostaram da fic e quiserem continuar me acompanhando eu já estou escrevendo minha próxima, dessa vez com uma história mais trabalhada e mais momentos felizes porem depende.

deixarei meus agradecimentos finais no próximo capítulo :)

unhappy | changlix Onde histórias criam vida. Descubra agora