❀ one | era para ser um dia normal

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Boa leitura!

 

 

 
We're now going to progress to some steps with are a bit more difficult.

Ready, set and begin!

 

 

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— Pode me ajudar a abotoar essa peça? Não consigo alcançar... — A senhora com o vestido vermelho extremamente extravagante abotoado até a metade me perguntava pela milésima vez com aquela voz enjoativa naquela tarde. Eu havia escutado isso tantas vezes que meu cérebro já estava dando pane no sistema.

— Sim senhora... — E pela milésima vez eu a respondi, tentando ao máximo ser educada e evitar mostrar a língua para ela. Maturidade? Conheço não.

Foi um pouco complicado fazer o zíper subir, eu temia que com a força que eu colocava a pequena peça acabasse se prendendo na própria roupa ou até na pele da mulher e nenhuma das duas situações seriam legais. Não tenho dinheiro nem para pagar aquela roupa e menos ainda para custear um advogado para o processo que eu levaria na cara.

Eu me submetia a cada situação, que, misericórdia!

Felizmente deu tudo certo e terminei de abotoar o vestido, deixando-a observar seu reflexo no grande espelho do provador. Ela se movimentou para garantir que nada iria incomodá-la e deve ter dado umas três voltas em torno de si, me deixando levemente tonta. Talvez fosse também por eu ter pulado o horário de almoço, mas vamos esquecer essa parte.

— Hum, acha que ficou bom? — Ela perguntou. Àquela altura do campeonato eu tinha duas opções: ou dizia a verdade, que era que a parte de trás do vestido marcava muito por ser bem espesso e só de olhar eu sentia vontade de me coçar; ou dizia o óbvio que era aquilo que ela queria escutar.

— Vermelho é uma cor que combina bastante com a senhorita — tentei ser o mais sincera possível. Felizmente, a mulher sorriu.

— Ah, então levarei esse mesmo, querida — isso! Eu poderia quase me ajoelhar e agradecer a tudo de mais sagrado no universo por finalmente ter conseguido convencer aquela senhora a escolher uma roupa. É sério, já era o sexto vestido que ela experimentava hoje e eu pensei que passaria o resto do meu turno sendo sua "avaliadora pessoal de vestuário". Nem sabia se esse emprego existia de verdade, mas eu poderia dar uma pesquisada ao chegar em casa para ver se o salário era bom – se ainda estivesse viva, porque ultimamente a única coisa que eu fazia era capotar de sono e só acordar no dia seguinte para não faltar à faculdade.

Vida de universitária não é fácil.

Ajudei a mulher também a retirar o vestido – não foi muito legal ter que fazer isso – e logo fiquei mais calma quando vi ela se direcionando ao caixa. Nossa! Por essas e outras eu realmente merecia um belo aumento. Porém, obviamente esse sonho ficaria apenas em sonho mesmo.

Aproveitei que o movimento estava baixo e agora eu estava um pouco desocupada e fui até a ala de funcionários para me dar ao direito de uma dose de hidratação por H2O que tanto precisava. E, claro, também belisquei alguns dos biscoitos deixados na mesa de café ou então era capaz de cair dura no meio da loja e eu tenho certeza de que Sohye não conseguiria chamar o socorro porque ela é tão sem sorte quanto eu e iria desmaiar me vendo desmaiar.

Hoje com certeza não era um dos meus melhores dias. Não que eu não seja ranzinza e antipática naturalmente – nem parece, já que ajo como se fosse um poço de gentileza e educação quase o tempo inteiro –, mas algo dentro de mim, uma vozinha altamente desnecessária, fazia questão de ficar martelando e martelando coisas, talvez fosse algum sintoma de TPM, mas eu acreditava que era só eu acordando com dois pés esquerdos – o que deveria ser maravilhoso para uma pessoa canhota como eu, contudo, não era o que o universo demonstrava.

Gucci's Boy - Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora