Capítulo 6

34 5 0
                                    

    — E quem teria sido?

     — Foi o burguês opressor.

     Arregalei os olhos, que bomba.

     — Como assim? O Mateus? Mas ele... Vocês não trabalham juntos na rádio?

     Deve ser horrível conviver com ele nos contra turnos e intervalos. Estou me sentindo mal por ela.

      — Infelizmente. Mas eu gosto da rádio e não vou deixar de fazer as minhas coisas por causa de um cafajeste.

     — Linda! Não merece apenas Palmas, merece Tocantins inteiro.

     Falei batendo palmas.

     — Que piada mais disco de referência do facebook.

     — Grossa.

     — Soraia?

     Uma garota do cabelo loiro, quase branco, corpo esbelto e altura de modelo acenou freneticamente para mim. Apontei o dedo indicador na direção da minha pessoa e a garota deu um jóia, rindo. Olhei para a Madu que também não estava entendendo mas disse:

     — Então "Soraia", aquela é uma das meninas que eu citei antes, Camila.

     Uma das beldades que gostam do Daniel. Fomos até ela que estava em uma mesa de inscrições.

     — Você vai modelar esse ano!

     Pisquei atônita. Como é que é?

     — Não vou.

     Ela parece não ter escutado, pegou uma fita métrica e pediu a duas meninas que me colocacem em um círculo, dentro de um provador de bambolê, daqueles que você entra no círculo e levanta para trocar de roupa em público.

     Elas ficaram loucas. Camila entrou no negócio e começou a tirar minhas medidas.

     — Eu disse que não vou.

     — Eu preciso que você faca isso.

     — Precisa? Porque não vai você?

     — São quinze meninas, eu estou no grupo.

     — Aposto que várias outras gostariam.

     Disse tentando me livrar dessa garota estranha.

     — Você já se inscreveu em outra modalidade? Tenho certeza que não. Está tentando se destacar depois do vexame no meio do ano? Então precisa ser mais ousada, aparecer aqui bonita é assunto para um ou dois dias, você precisa surpreender sempre, essa é a vida de pessoas populares.

     — Mas porque eu?

     — Daniel Blatter, não é óbvio? Você chama a atenção dele, nunca vimos ele conversar com uma menina como conversou com você há alguns instantes, não sem estar envolvido em alguma aposta. Você tem algum segredo dele? Descobriu quando "namoravam"? Se me contar posso fazer o que você quiser.

    — Eu tenho um enorme segredo dele. — Os olhos da menina brilharam então diminuí o tom e sussurrei: — Sem apostas ele não é ninguém.

     A garota me olhou horrorizada.

     — Não pode falar essas coisas só por que ele não te quis. Isso é uma coisa muito baixa, até mesmo para você.

     Eu ri e consegui sair do provador. A Madu estava com dois pedaços de bolo na mão me aguardando.

     — Vai ser modelo?

     — Miss College Einstein.

     Ela arregalou os olhos e eu ri, então ela notou que era brincadeira.

Valentine's DayOnde histórias criam vida. Descubra agora