Capítulo 9

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     Por uma fração de segundo eu me perdi em seus olhos e percebi que essas situações não são novas para mim. Felizmente um carro buzinou e eu despertei dos meus pensamentos.

     — Aonde nós vamos?

     Perguntei assim que ele atravessou a rua e parou na minha frente, um pouco próximo demais para o meu gosto.

     — Boa tarde boneca.

     Revirei os olhos e repeti a pergunta:

     — Aonde nós vamos?

     — Você tem alguma preferência?

     — Qual é o lugar mais caro?

     Coloquei meu óculos de sol. Preciso lembrar de agradecer a Madu por essa sujestão, assim ele não percebe facilmente para onde eu estou olhando.

     — Tem um lugar que provavelmente você não conhece.

     — Nessa ervilha que chamamos de cidade? Dúvido.

     Falei o mais áspera possível.

     — O restaurante dos meus pais, foi aberto recentemente.

     Dos pais dele? Ele pegou na minha mão e saiu me arrastando.

     — Espera... Por qual motivo você está me levando lá?

     — Para comer.

     Mais grosso que a porteira lá de casa.

     — Mas eu não quero comer lá.

     — Anda logo.

     — Não.

     Parei no meio do caminho mas ele não teve a reação que eu esperava.

     — Parece que o seu cadarço...

     Eu olhei para o cadarço mas em um rápido movimento ele se abaixou e segurou minhas pernas me jogando em seus ombros como um saco de cimento.

     — É sério isso? Me coloca no chão.

     — Depois de mais ou menos quinze passos.

     — Agora mesmo Daniel.

     Ele não respondeu. Por sorte meu óculos caiu e eu pensei que ele deixaria eu pegar, pensei errado, ele apenas virou e abaixou tão rapidamente que eu não consegui reagir.

     Um pouco mais a frente ele finalmente me desceu e devolveu meu óculos. Comecei a ajeitar o meu cabelo então seus olhos passearam pelo meu corpo de forma indecente e para a minha surpresa ele depositou as mãos na minha cintura e me puxou para si.

     Fechei os olhos tentando me manter lúcida mas ele sabe muito bem como enlouquecer uma garota. "Foco, Ellen, foco!", repeti silenciosamente para mim mesma até conseguir dizer:

     — Você acha que meu corpo é seu para ficar tocando? Se continuar eu aproveito que vai me levar no restaurante dos seus pais e converso com eles sobre como é o filho deles.

     Ele riu e inconscientemente curvou a cabeça para traz deixando a pose de durão dar lugar a uma atmosfera descontraída, e adicionou tranquilamente:

     — Eles sabem muito bem. Agora me diz...

     — O que?

     — Não tinha roupa mais descente que essa para vestir não?

     Ele concertou o decote do meu vestido que, até então, eu não havia notado que estava mostrando meu sutiã. Que vergonha. Mantive a postura, dessa vez um pouco menos rígida e disse:

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