Trevor Schneider
Faltava uma hora pra irmos pro Runassance, eu estava no meu quarto deitado olhando pro teto, faz quase uma semana desde o "acidente" com o Sebastian, nem foi algo que eu poderia ter evitado... Quer dizer, que eu quisesse evitar.
Flashback on
Coloquei a Minerva no seu quarto e depois voltei pra pegar o Sebastian que estava deitado no sofá. – Sebastian me ajuda a te levantar. Anda. – Puxei ele e comecei a arrasta-lo.
– Hum... Para de me puxar. Me deixa dormir. – Revirei os olhos até quando está bêbado ele é teimoso!
– Estamos quase chegando, mas você tem que me ajudar. Você é quase do meu tamanho Sebastian! – Continuei puxando até entrarmos no quarto dele, ele estava agarrado no meu pescoço. Que Idiota, da próxima vez não deixo beber. Deixei ele sobre a cama e fui andando. – Boa noite.
– Trevor... – Ele me chamou.
– Que? – Fui até ele já cansado de ficar andando.
– Vem cá, abaixa aqui eu quero te contar uma coisa. – Passei a mão no cabelo e pensei um instante em apenas dar dedo pra ele e sair.
– Tá. – Cheguei perto dele e esperei ele falar alguma coisa.
– Esse corte de cabelo fica fofo em você. – Tsc, cretino. Ele tem a pele muito branca, quase Albino esse infame, suas bochechas estavam extremamente coradas, seu cabelo loiro estava desarrumado sobre o lençol Carmim. – Sabia que eu adoro quando você fica me encarando desse jeito?
– É melhor eu ir andando. – Ele levantou e ficou de joelhos em cima da cama, passou os braços ao redor de meu pescoço e ficou me encarando por um bom tempo.
– Trevor... – Senti o cheiro do seu hálito, estava puro cheiro de álcool. – Me beija... Eu sei que você quer. Você me olha assim todo dia.
– Você bebeu demais. – Cada vez mais eu me via sem saída. Suas mãos desceram até minha camisa preta, desabotoando botão por botão. Minha relação com o Sebastian é mais eu me desvencilhando dele já que tecnicamente as intenções de mim pra ele sempre foram bagunçadas em questão de sentimento. Chegando mais perto ele encostou seus lábios nos meus e depois separou rindo, senti um frio no estômago nunca pensei que eu fosse acabar beijando ele.
– Vem logo. – Isso não vai dar bom... – Anda. – Ele começou a me puxar, aos poucos fui subindo em cima da cama e logo eu estava em cima dele. – Eu falei pra você vir. – Ele sorriu, aqueles lábios cor de rosa sempre me chamavam a atenção.
Flashback off
– TREVOR! – Escutei Minerva me chamar. – TEMOS QUE IR! – Peguei meu telefone, carteira de cigarro, isqueiro e a carteira com os documentos. Desci e encontrei o Sebastian cabisbaixo ao lado de Minerva.
– Credo, você e seu irmão são parecidos até pra demorar. – Saímos e entramos no carro, no caminho eu acabei pensando se não foi muito cedo pra falar sobre isso com ele. Ainda mais depois de tudo que passamos juntos...
Flashback on
... Hoje seria meu aniversário, iria fazer 14 anos, eu sou Trevor filho da empregada... Eu acabei morando aqui desde meus 8 anos, já que minha mãe não teve como cuidar de mim na maior parte da minha vida. Sempre fui quieto, mesmo quando ainda morava na minha casa de origem.
– Trevor! Trevor! – Essa seria minha madrasta, ela é racista e claramente me explora na ausência da minha mãe, o meu padrasto fala mais comigo. No fim, o único que vale a pena conversar é o Sebastian, ele é dois centímetros mais baixo que eu, sendo que apenas tem 10 anos. – Hoje, eu irei sair pra comprar as coisas da festa do Sebastian, então preciso que fique de olho nele. – O aniversário dele é daqui três semanas e ele terá uma festa... Pra ele e entre aspas pra mim.
– Tudo bem. – Fui pro quarto dele, encontrei-o brincando com dois bonecos de ação. Revirei os olhos e peguei algum livro em sua estante.
– Trevor, vem brincar comigo! – Ele disse animado. – Você pode ser o Batman e eu o Aquaman!
– Eu não gosto muito de brincar. – Sebastian era incessantemente alegre e extrovertido, íamos a mesma escola, às vezes ele tentava fazer com que eu me enturmasse com os outros alunos o que era algo difícil então isso acabava o prejudicando. – Você está... indo bem na sua sala? – Perguntei tentando tirar aquela ideia de eu ir brincar com ele.
– Mais ou menos... Alguns dos meus colegas falam de você de uma maneira ruim e eu acabo brigando com eles.
– Eu falei pra você não me apresentar a eles, eu não gosto muito de pessoas... O que mais?
– Ontem, eu vi um garoto da minha sala beijar uma menina. Ele disse que era bom mas que ela beija mal. – Sebastian era muito inocente, ele até o ano passado achava que realmente tinha vindo da cegonha. – Eu fiquei curioso, no entanto nenhuma garota vai querer me beijar.
– E porque você quer beijar alguém? Quer dizer, você é novo pra isso.
– Eu não sou mais uma criança Trevor, em três semanas faço 11 anos! Já sou quase um adolescente. – Outra coisa persistente na personalidade desse garoto era sua vaidade, pelo menos ele consigo mesmo era vaidoso apesar de não dar certo com garotas.
– Certo. Então quem você vai beijar?
– Eu não sei, bom, tem a Raquel mas ela é estranha. E o meu amigo já beijou a Jessica então eu não quero pegar baba dele.
– No fim, você vai acabar a lista e não vai querer beijar nenhuma.
– Shiu! ... Trevor, você já beijou alguém? – Eu por incrível que pareça não me dou bem com ninguém então eu não beijo pessoas. Eu mal abraço alguém, no máximo o Sebastian quando ele não para de chorar.
– Não. Nunca tive vontade.
– Você quer me beijar? – Arregalei os olhos e olhei pra ele me perguntando o que ele tinha na cabeça pra me indagar aquilo.
– Por que eu iria querer beijar você? Somos irmãos.
– Tecnicamente somos, mas... – Ele parou e ficou triste, largou os bonecos no chão ficando quieto.
– O que foi?
– Eu sou feio não é?
– O que? Não. Você não é feio.
– Você não quer me beijar, nem as garotas da minha sala! – Ele ficou vermelho, suas orbes cinzas encheram de lágrimas. – Eu vou morrer sozinho! – O pequeno levantou e correu até a cama chorando.
– Sebastian. Também não é assim. – Fui até ele sentando ao lado dele na cama. – Ei, pare de chorar. – Ele continuou lá. Quando quer algo, ele quer, não adianta e não tem como fazer ele mudar de ideia quanto aquilo. – Se eu te der um beijo, você para de chorar?
– P-paro... – Ele sentou e enxugou as lágrimas.
– Mas você não pode contar pra ninguém!
– Tá bom... – Ele deu um sorriso e foi chegando perto de mim. Era estranho beijar um garoto, principalmente três anos mais novo que eu. Coloquei a mão no seu rosto e aproximei meus lábios dos seus, eram macios e pequenos, de certa forma era fofo. Pedi passagem com a língua e continuamos o ósculo por um tempo, até que não era tão ruim, quer dizer o que eu poderia dizer disso? Nos separamos e ficamos olhando um pro outro. – Droga... Você beija bem.
Flashback off
Eu comecei a rir dentro do carro enquanto lembrava dessa cena, ele e Minerva me olharam. – Apenas uma memória engraçada.
– Você não ri geralmente. – A garota disse ainda dirigindo. – Estou até estranhando.
– Fica tranquila. Foi momentâneo, nem vai rolar mais. – Voltei ao meu semblante sério e continuamos no trânsito, fiquei me perguntando "Será que ele ainda lembra disso?"
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Runassance
ParanormalInaugurado com o propósito de entreter as pessoas, Runassance fica marcado com acontecimentos que acabaram atraindo o perigo tanto físico como sobrenatural.