Adeus - Parte 1

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cinco dias depois…

Faz quase uma semana que não vejo Sebastian ou visito Clarissa. Meus pais perguntam sobre eles e eu minto dizendo estar tudo bem sem ao menos saber se ela ainda está viva.
Talvez já devesse ter passado minha chateação com Sebastian, mas nada disso tinha passado, ainda era muito intenso tudo que eu sentia naqueles últimos dias.
Ouço a campainha tocar, meus pais provavelmente já haviam saído para trabalhar uma hora dessas, e então desço para ver quem é, talvez seja o carteiro ou o senhor Clinton para dizer que ganhou da aposta de jogos com meu pai.
Procuro a chave e abro a porta. Esverdeados e brilhantes, eram exatamente assim os olhos de Sebastian toda a vez que o via. Ele se vira para mim. Ele estava acabado, seus olhos estavam com olheiras, seu cabelo bagunçado e sua pele pálida, naquele estado confundiriam ele com um zumbi.

- Oi.- ele diz assim que abro a porta.

- Oi.- digo seca na esperança de que ele perceba que ainda estava chateada.

- Eu sei que, eu meio que não sou a pessoa que você queria ver parado na sua porta…

- É!- mentira.

- É só que…- ele faz uma pausa.- São os últimos dias delas, e eu achei que iria querer se despedir.- ele diz sério.

Eu sinto meu coração se apertar a cada batida. Ela relamente morreria? É isso? Acabou? Uma doença idiota vai tirar a vida daquela mulher jovem e forte? Isso era tão injusto!

- E-eu sinto muito, Sebastian…- digo o encarando.

- Eu também…- ele diz.

- eu vou vê-la sim.- digo.- Quer entrar? Eu vou me trocar.- ele assente e entra.

Corro para o quarto e me troco, desço e vejo Sebastian vendo algumas fotos minhas na parede. Meu pai colocou todas fotos minhas desde quando nasci até hoje. Ele se vira assustado por não ter visto eu descer e então diz que eu podia ir com ele, porque depois ele voltaria para casa. Confirmo e pego minhas chaves de casa. Seu carro era impecável, tanto por fora quanto por dentro, era totalmente lindo. Ele dá partida e vamos o caminho todo em silêncio. Ao chegar no hospital, adentro o quarto, e me deparo com uma mulher mais magra do que eu havia deixado à cinco dias atrás, sua pele que era um pouco corada, já não havia mais cor, era toda braca, seus olhos mal abriam e sua boca era quase no mesmo tom que sua pele.

- Meu pai veio visita-la todos esses dias, e o médico disse que ela teve uma melhora de 80%, mas na madrugada de antes de ontem para ontem, ela teve paradas cardíacas e ficou nesse estado…- Sebastian diz atrás de mim.- Eu preciso assinar algumas papeladas do hospital, se importa de ficar com ela?- ele pergunta e eu nego com a cabeça e então ele se retira.

Sento ao lado de Clarissa e a observo, ela é tão linda, ela tem o sorriso igual ao dele - lembro dela quando abriu a porta para mim e minha mãe nos cafés da tarde em sua casa. Mesmo naquele estado, ela continua linda como uma rainha. Toco seu rosto deixando uma lágrima escorrer. Sinto-a segurar meu braço e abrir os olhos lentamente, ela então sorri bem fraco ao meu ver

- Mellory!- ela diz fraca.

- Dona Clarissa.- sorrio entre as lágrimas.

- Não chore.- ela sorri fechando os olhos. O silêncio domina por um tempo, mas logo à mesma o quebra.- Posso te pedir algo?- pergunta.

- Claro.

- Cuida dele para mim. Eu sei que ele é rabugento, bipolar e totalmente difícil de lidar, mas ele gosta de você, gosta muito!- ela diz devagar devido a canseira.- Ele está mal desde o último dia, eu ainda acho que ele ama você.- rimos juntas.- mas eu só quero que não o deixe cometer algo besta. Pode fazer isso para mim?

- E-eu… t-tá. Claro.- exclamo sem saber o que dizer.

- Obrigada, querida.- ela diz e olha para o teto suspirando.

***

Depois de me despedir, Sebastian me leva em casa e eu ainda continuo irritada com ele, mas entendo que a única pessoa que ele mais ama, está indo embora e então apenas fico calada. Ele para o carro enfrente a minha casa e desliga o mesmo, encostando no assento. Agradeço e tento sair do carro. Mas ele segura a porta.

- Espera.- ele me olha.- Me desculpa, Mellory. Eu fui um idiota, babaca, tudo de horrível que quiser me chamar. Foi terrível esses últimos dias sem a sua companhia. eu só…- ele se recompõe.

Encaro seus olhos e ele faz o mesmo, e então eu fico quieta sem saber o que dizer. Eu me aproximo dele, sua boca vermelha parecia implorar por um beijo, ou talvez meu cérebro criou essa ideia estúpida, mas antes de algo acontecer, ele recuou, apenas virou o rosto e eu já entendi o recado. Só amigos. Agradeci novamente e sai do carro. Ele estaciona o carro na garagem e entra para sua casa, o observo a cada passo, eu já não sinto mais raiva dele e isso me irrita, esse poder que ele tem sobre o que sinto ou penso sobre ele. Sebastian Hastings é o cara mais estranho e bipolar que eu já conheci e o maior erro da minha vida é ter me apaixonado por ele.

Não me deixe irOnde histórias criam vida. Descubra agora