Sebastian ou Stevie?

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- Tem notícias dele?- Callie diz enquanto arrumava o travesseiro na minha cama.

Olho pela janela na intenção de ver a luz acesa ou ele sentada mexendo no computador, mas tudo o que vejo é uma escuridão.

- Nenhuma.- digo e olho pra ela.

- Você vai se despedir de Stevie no aeroporto?

- Acho que sim.- sento do lado dela.

Callie deita na cama e olha pro teto. No teto do meu quarto havia o desejo do universo que brilhava quando apagávamos as luzes, Callie então desligou a luz no interruptor ao lado da cama e olho pro teto, eu deitei ao lado dela e fiz o mesmo.

- Esse ano está sendo tão agitado, não acha?- ela pergunta.

- Como assim?

- Você e o Stevie, depois você e o Sebastian.- ela disse.- você gosta dele?- ela se vira pra mim.

- De quem? Stevie ou Sebastian?- pergunto olhando pra ela.

- Sebastian.

- Eu não sei…, quero dizer, eu sinto aquela necessidade de ajudar sabe, tipo, caraca a mãe dele está com leucemia e são só eles dois, eu acho que tipo, eu posso, não sei…

- Ser o porto seguro dele?- ela sorri.

- Isso parece tão errado!- coloco as mãos no rosto.

- Por que?- Callie levanta e acende a luz.- por que parece errado, Melly?

- Sebastian, ele é errado.- eu digo.

- Como assim?

- No domingo, ele e a mãe jantaram aqui e depois…- contei tudo o que havia acontecido na noite de domingo, desde o pedido ao meu pai, até as últimas palavras que ele me disse antes de me deixar em casa.

Eu sabia que Sebastian havia pedido pra não contar a ninguém, ele foi bem claro com isso, mas Callie é minha melhor amiga e eu confio nela, ela não contaria à ninguém, eu sei disso.

- Caraca, Melly!- ela diz boquiaberta.

- Sim, eu não, eu não sei o que fazer!- eu digo.

- Nesse momento, você vai se trocar, me deixar em casa e ir ver como Sebastian está!- ela se levanta.

- Como assim? ele me expulsou do hospital!- eu exclamo.

- E você vai deixar um marrento metido a gostoso, o que ele realmente é, te dizer aonde você deve ficar ou ir?- ela ergue uma sobrancelha.

Eu hesito, mas logo pego meu moletom e desço junto à ela, aviso meus pais que iria deixar a Callie em casa e entraria um pouco pra ver a tia Nath, meus pais concordaram e apenas disseram para não voltar tarde. Peguei as chaves e entramos no carro, o caminho todo discutimos se ir lá seria uma boa ideia, Callie disse que eu devia me desculpar pelo o que disse, e que talvez ele fosse uma manteiga derretida e nós nem sabíamos, eu ri de imaginar ele igual uma menininha, mas logo me recomponho. Assim que deixei Callie na porta, parti em direção ao hospital, quando entrei, pedi o número do quarto e assinei os papéis que precisavam. 62, 62, 62. Dou uma batidinha na porta antes de entrar, eu tinha no máximo uma hora de visita, então tinha que aproveitar, ou talvez sairia antes, caso Sebastian me expulsasse. Assim que adentro, vejo dona Clarissa ligada a um tubo respiratório e cheio de fios, ela está magra e pálida, ela parece morta, e isso me dá calafrios. Logo ao lado, Sebastian está sentado numa poltrona com a cabeça apoiada na mão, ele parecia estar exausto, era visível seu rosto abatido e só fazia dois dias que ele estava ali. Andei até ele e o chamei pelo nome, o mesmo deu um pulinho de susto e logo me olhou.

- Eu sei que eu sou a última pessoa que você queria ver nesse momento, mas…- digo rápido antes dele me expulsar.- me desculpa, eu não devia ter dito aquilo pra você, eu fiquei irritada de como me tratou, eu só…

- Tudo bem, eu fui grosseiro, eu sei que não queria dizer aquilo.- ela sorri de lado.

- Como você está?- pergunto me sentando na poltrona ao lado.

- Melhor que ela.- ele diz e acena com a cabeça para mãe. Sei que não era uma momento ideal para humor, mas eu ri do que ele disse.

- Eu não posso ficar por muito tempo, mas amanhã vamos fazer assim, quando eu sair da aula eu vou vir pra cá te buscar, nós vamos pra casa e você tomar um banho e comer.- digo e ele me olha confuso.- Você parece um zumbi.- eu tento amenizar.

- Ok.- ele sorri e eu me despeço.

Volto para casa, desejando estar com Sebastian. Ele parecia tão cansado, tão exausto. Eu só queria poder trocar de lugar com ele, mas as coisas não são assim.
Chego em casa e logo subo para meu quarto, depois de tirar aquela roupa do hospital, tomei banho como se tentasse tirar algo da pele, eu realmente odeio o ar de doença que sinto em mim quando volto do hospital. Deito na cama e apago as luzes, olho para estrelas do meu universo e desejo que amanhã seja tudo um sonho.

Não me deixe irOnde histórias criam vida. Descubra agora