Não vou deixa-lo ir.

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Fazia tempo que eu não entrava na casa dos Hastings, acho que desde a ida de Sebastian para a clínica. Nada estava diferente. Sebastian entra no seu quarto, arrancando suas roupa, acompanho ele e então vejo-o o parar e me encarar.

- O que foi?- pergunto adentrando o quarto.

- Estou me despindo...- ele diz erguendo as sobrancelhas.

- E? Nada do que eu já não tenha visto.- digo e me jogo em sua cama.

Eu estava exausta, poderia dormir ali tranquilo, ainda mais sentindo o cheiro do perfume de Sebastian no travesseiro e cobertor. Minutos depois ele sai do banho, e seus machucados já estavam limpos, mas mesmo assim, ele volta para o banheiro e passa alguns medicamentos.

- Droga, como vou explicar isso para a psiquiatra?- diz enquanto se olhava ao espelho.

- Diz que caiu e tropeçou.- digo voltando a me recompor em sua deliciosa cama.

- Ah claro, até porque cair faz esse estrago aqui...- ele aponta para a cara.

- Não vejo nada demais.- dou de ombros.

- Estou com três cortes na cara e um olho roxo, Carson.- ele diz impaciente. Novidade.

- Stevie saiu pior...- dou uma risada e vejo Sebastian rir um pouco.

Levanto da cama e pego minha bolsa, retiro algumas bases e coloco na mão. Sebastian olha o que estou fazendo sem entender nada, me aproximo dele e passo uma delas em seu rosto.

- Ou, ou, ou!- ele grita tirando minha mão.- Ta louca? Não vou usar essas coisas...- ele diz deixando aquela linda ruga entre as sobrancelhas que me diziam que ele estava bravo.

- Você não quer disfarçar para a psiquiatra?- digo e me afasto.- essa é a única maneira.

- Deixa quieto, eu me viro quanto à isso.- ele diz voltando ao banheiro.

O que eu ainda não havia percebido, era que Sebastian usava apenas uma toalha para cobrir suas partes. Ao perceber isso, comecei a encara-lo e lembrar o quão gostoso ele era.

- Curtindo a paisagem?- perguntou rindo e se aproximando do seu guarda roupa.

Balanço a cabeça para esquecer meus pensamentos impuros, aliás, eu ainda namorava Stevie. Ah, Stevie! o que eu faria agora. Me jogo na cama e tampo o rosto.

- O que faço com Stevie?- digo na intenção de Sebastian arranjar uma solução para mim.

- Jogue ele na mata e deixa ser engolido por lobos selvagens.- ele diz sério e então me levanto rapidamente o encarando com uma das sobrancelhas erguidas.- É bricnadeira...- ele ri fraco e volta a vestir sua blusa.- Tampa a cara!- ele joga o coberto na minha cabeça, fazendo tudo ficar escuro.- pronto.- diz puxando o cobertor.

Sebastian havia se vestido já. Olho para meu quarto pela janela e penso que não tô afim de voltar para casa, ao perceber isso, Sebastian para e me olha.

- Tem algumas roupas suas ali...- faz sinal com a cabeça deixando eu ver algumas coisas minhas.- Pode tomar banho, sabe qual a sua toalha...- ele diz e sai do quarto.

Talvez eu tenha sorrido ao saber que eu ainda tinha pelo menos uma peça de roupa aqui e uma toalha que ele podia muito bem ter jogado no lixo só de raiva. Vou para o banheiro e entro no banho deixando com que a água quente caísse sobre meu corpo. Mellory, você vai se arrepender disso, penso ao perceber que eu não estava ali só porque não queria voltar para casa, estava ali porque queria ficar perto de Sebastian, eu já não aguentava mais olhar aquela boca vermelha e não agarra-lo, ou de poder abraça-lo ou qualquer coisa que tinha a ver com toca-lo. Saio do banho e visto meu shorts, coloco minha blusa e vou até seu armário atrás de meias e seu moletom dos Guns, visto-os e vou para a sala. Sebastian cozinhava algo na cozinha, ele olhou para mim quando adentrei a mesma.

- Você encontrou esse moletom...- ele diz rindo fraco.

- É, eu estava com frio, e a única blusa minha era regata.- digo.

- Gostei das meias...- ele diz de costas sem me olhar.

- Ah... é, se não se importar, eu peguei elas emprestadas...

- Não, eu não me importo.- ele diz me interrompendo.

Sebastian havia feito ovos e bacons, ele se senta na mesa e me serve, sem perguntar se eu queria, mas era óbvio que ele sabia que eu não resistia a bacons. Sentamos na mesa em silêncio e permanecemos assim. No relógio já marcava quase duas da manhã. Sebastian então se levanta, colocando nossos pratos na pia, quando levantei para limpa-los, ele disse que não precisava. Ele andou em direção ao seu quarto e pegou um outro travesseiros e uma coberta.

- Pode dormir aí.- ele diz.- vou dormir no quarto da minha mãe.

- Não, eu durmo no sofá, sério...- digo.

- Até parece...

- É serio, eu durmo...

- Eu sei que dorme...

- Então...

- Até parece que eu vou deixar você dormir naquele sofá minúsculo.- ele sai antes que eu possa responder algo. Droga, Sebastian, pare de em tratar assim

***

Depois de arrumarmos nossas camas, eu já estava deitada tentando pegar no sono, mas algo fez eu dar um pulo da cama. A tv estava ligada. Faziam-se quase uma hora que fomos nos deitar. Levantei e andei até a porta, vendo Sebastian deitado no sofá vendo o programa da Oprah regravado. Lembro do dia em que vim aqui e vi Clarissa  assistindo as gravações do programa. Aproximo-me e deixo com que ele perceba minha presença.

- No escuro da noite, você gosta de ver o programa da Oprah?- digo sarcastica. Fazendo-o rir.

- Eu gosto de dormir, mas quando não consigo, vejo esse negócio tediante, aí sim me dá um baita sono.

- Chega pra lá.- digo quase sentando suas pernas. Sebastian afasta as pernas me dando lugar para sentar.

- Não consegue dormir?- ele pergunta olhando para a tv.

- É, talvez.- digo abraçando meus joelhos.

- Ela adorava aos programas da Oprah...- ele diz sorrindo.- Ela passava a tarde toda assistindo...

A luz da tv iluminava o rosto de Sebastian, ele parecia mais lindo do que à um ano atrás.
A quem eu estava querendo enganar, eu o amava, e só estava com Stevie porque não tinha mais ninguém, mas agora, com Sebastian de volta, tudo o que eu achei nao sentir mais, parecia ter duplicado quando vi aqueles dois pares de olhso esverdeados em encarando pela janela. Eu o amava e aquilo não parecia mudar.
Antes de pensar em qualquer consequência, me atirei nos braços se Sebastian, beijando-o. Quando ele se deu conta do que eu estava fazendo, me afastou um pouco e me encarou.

- Você ainda está bêbada?- ele diz irônico. Demos risadas e então voltei à beija-lo.

Eu estava exausta para uma noite de sexo, mas eu queria dormir ao lado dele, igual nossa última noite. Puxei-o e ele desligou a tv, deixando-me guia-lo. Ele se deitou na cama ao meu lado e então me virei encostando nossos narizes.

- Eu sei que minha mãe esta sendo uma babaca e vai por mim, nada vai acontecer com você, isso eu te prometo!- digo olhando em seus olhos.- Mas eu quero tentar de novo, eu amo você e está sendo insuportável não ficar contigo, desculpa por...- antes que dissesse, ele me beijou.

- Deixa as desculpas por último.- ele me dá um selinho.- eu também te amo, Mellory.- ele volta a me beijar.

Não adianta, o quão longe ele esteja, quantos dias ele fique sem falar comigo, quantos anos não conseguimos nos ver, eu nunca o deixaria ir, e ele também nunca me deixaria ir, porque era isso, ele era meu e eu era dele, e ninguém podia mudar aquilo!

Não me deixe irOnde histórias criam vida. Descubra agora