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Então sentamos, Makin e eu, à mesa da taberna O Anjo Caído com uma jarra de cerveja entre nós e a canção de um bardo estridente que lutava para ser escutado no meio da confusão. A nossa volta, os irmãos se misturavam à ralé da Cidade Baixa, jogando, trepando, devorando. Rike sentou-se ali perto, seu rosto enterrado numa galinha tostada. Parecia que ele tentava inalar o pedaço de comida.

"Você pelo menos já viu o Castelo Vermelho, Jorg?", perguntou Makin.

"Não."

Makin olhou para sua cerveja. Ele ainda não tocara nela. Por uns instantes, nós ouvimos o som de Rike esmigalhando ossos de galinha.

"E você?", perguntei.

Ele fez que sim com a cabeça e se debruçou em sua cadeira, o olhar nas lanternas sobre a porta da rua. "Quando eu era escudeiro de Sir Reilly, nós levamos uma mensagem para Lorde Gellethar. Ficamos uma semana nos salões de hóspedes do Castelo Vermelho antes que Merl Gellethar se dignasse a nos ver. A sala do trono dele humilha a do seu pai."

Irmão Burlow chegou cambaleando, sua barriga escapava sobre o cinto resistente, um naco de carne em uma das mãos e dois garrafões na outra, espuma sobre os nós dos dedos.

"O que tem o castelo?" Eu não poderia me importar menos a respeito de um concurso de mijo sobre salas de trono.

Makin brincava com sua cerveja, mas não bebia. "E suicídio, Jorg." "Tão ruim assim?"

"Pior", ele disse.

Uma puta maquiada, de cabelos com hena e lábios vermelhos, sentou-se no colo de Makin. "Cadê seu sorriso, meu bonitão?" Ela tinha belas tetas, grandes e empinadas, espremidas como um convidativo sanduíche num corpete armado com cordões e ossos de baleia. "Eu posso encontrar ele pra você." Suas mãos desapareceram dentro das ondas de sua saia, emaranhada ao redor da cintura de Makin. "A Sally aqui sabe fazer gostoso. Meu belo cavaleiro não precisa de rapazes para deixá-lo quentinho." Ela desferiu um olhar ciumento em minha direção.

Makin a jogou no chão.

"Ele foi construído dentro de uma montanha. O que se vê sobre as pedras são paredes tão altas que você fica com o pescoço dolorido de olhar para as ameias."

Makin pegou sua cerveja, fechando as duas mãos ao redor da jarra.

"Ai!" A puta se levantou das tábuas molhadas e secou as mãos em seu vestido.

"Não precisava me tratar assim!"

Makin nem mesmo a espiou. Ele virou seus olhos negros para mim. "As portas são de ferro, tão grossas como uma espada é comprida. E o que está sobre a superfície não chega a ser um décimo do castelo. Nos porões, eles estocam mantimentos suficientes para durar anos e anos."

Sally demonstrou ser uma autêntica profissional. Ela transferiu suas atenções para mim, tão suavemente que você pensaria que eu havia sido objeto de sua afeição desde o começo. "E você quem é, hein?" Ela chegou perto, acariciando meus cabelos.

"Você é bonito demais para esse mercenário resmungão", ela disse. "Você é velho o bastante pra aprender como se faz com uma garota e a Sally aqui vai mostrar."

Ela mantinha a boca muito perto da minha orelha, produzindo arrepios na minha nuca. Eu senti sua colônia barata de capim-li- mão abrindo espaço pelo fedor da cerveja e o cheiro de erva dos sonhos em seu hálito.

"De quantos homens vamos precisar para tomar o castelo sob as barbas de Lorde Gellethar?", perguntei.

Os olhos de Makin retornaram às lanternas e os nós de seus dedos ficaram brancos em volta da jarra. De algum lugar atrás de nós, Rike soltou um urro, rapidamente seguido pelo som estrondoso de um corpo encontrando uma mesa em alta velocidade.

"Se você tivesse dez mil homens", disse Makin, elevando a voz sobre os sons de coisas quebrando. "Com dez mil homens, bem equipados e com catapultas, muitas catapultas, talvez você pudesse derrotá-lo em um ano. Isso, se você conseguir afastar os aliados dele. Com três mil homens, você talvez conseguisse, afinal, matá-lo de fome." Eu segurei a mão de Sally quando ela a escorregou pela minha barriga até a fivela do meu cinto. Eu torci seu pulso, um pouquinho, e ela se virou na minha frente, estridente, num suspiro uma oitava acima. Debaixo da maquiagem ela aparentava ser pouca coisa mais velha do que eu, diferente do que imaginei a princípio. Teria uns vinte anos, não mais do que isso.

"E se a gente descobrisse um jeito de entrar? E então, irmão Makin? Com quantos homens nós dominaríamos o Castelo Vermelho se eu abrisse a porta?", eu disse olhando para o rosto de Sally, a poucos centímetros do meu.

"As tropas chegam a novecentos homens. A maioria veteranos. Ele manda a carne fresca para as fronteiras e a traz de volta depois que está temperada." Ouvi a cadeira de Makin arranhar o chão. "Que filho da puta atirou isso em mim?", ele gritou.

Continuei torcendo o pulso da prostituta. Agarrei seu pescoço com minha outra mão e a trouxe mais para perto. "Hoje à noite você vai se chamar Katherine e poderá me mostrar como é que se faz com uma garota."

Um pouco menos delirantes, seus olhos agora demonstravam medo. O que para mim era ótimo. Eu tinha duzentos homens e nenhuma porta secreta para entrar no Castelo Vermelho. Parecia justo que alguém estivesse preocupado.

Prince of ThornsWhere stories live. Discover now