Capítulo 9 (parte 2)

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À tarde, quando o sol estava mais baixo, foram, então, à praia, levando duas toalhas, uma troca de roupas e uma bermuda para nadar. Seguiram de carro por cerca de meia hora, até que chegaram ao litoral da cidade. Até o mar parecia ser mais verde ali. Gaivotas voando ao longe, a orla cheia de pessoas caminhando, a areia cheia de homens, mulheres, crianças, vendedores...

— Aqui está cheio — disse Andrew. — Lá adiante é mais calmo, quase deserto. Prefere ficar aqui ou onde é mais sossegado?

— Você que sabe.

— Então vamos adiante. A vista lá é mais bonita.

Continuaram a pequena viagem por mais alguns minutos. Aos poucos, algumas rochas começavam a surgir na paisagem, a avenida parecia ter se transformado numa rodovia e não se via praticamente mais ninguém.

— Chegamos.

Andrew entrou com o carro por um caminho estreito que se estendia por entre algumas rochas e estacionou. Desceram ele e John do carro, trocaram de roupa e caminharam até a areia, observando a paisagem.

— Que praia linda — disse John.

— Também acho. Aqui é meu segundo lugar preferido em Atma.

Ouvia-se apenas o marulho, o sussurrar dos ventos e o canto dos pássaros, como se aquele lugar fosse uma bolha, um santuário isolado do restante da civilização. A areia morna aquecia os pés e suavizava os passos, lentos.

— Eu já disse que não nado muito bem, né?

— Já, mas não se preocupe, eu te salvo dos tubarões.

— Tem tubarões aqui?!

— Hahahahaha! Não. Vamos. Quem chegar por último é a mulher do padre!

E correram em direção à água. Logo se podiam sentir as pequenas ondas se quebrando na altura das panturrilhas. Mais alguns passos contra a maré e logo mergulharam.

Andrew nadava como um peixe. Em poucos segundos, se afastou e sumiu do alcance dos olhos. John, mais modesto, preferiu não ir muito longe; nadou mais próximo à praia. A água, límpida e translúcida, permitia ver pequenos cardumes passando rapidamente. O silêncio turbulento do movimento da água se agitando preenchia os ouvidos. Em pouco tempo os pulmões pediram oxigênio e John emergiu. Mal se lembrava da última vez que nadara, ou que esteve numa praia.

Nadou até se cansar, em poucos minutos. Emergiu novamente e caminhou devagar, ainda um pouco ofegante, até a areia, onde se sentou, envolvendo os joelhos com seus braços. Admirou mais um pouco a paisagem e, ao olhar para os lados, percebeu a presença de um casal, a uns cem metros de distância.

Minutos depois, Andrew saiu da água. Viu que John estava sentado na areia e caminhou devagar em direção a ele. Também se sentou e olhou para os lados. Viu o mesmo casal que John vira há pouco.

— Olha, tem dois pombinhos ali, cê viu?

— Vi. E para de olhar que eles estão olhando pra gente.

— Ué, deixa olhar. Meu olho não tem cerca, nem o deles.

— Cerca não tampa.

— Limita.

John deu um tapa na nuca de Andrew.

— Para de olhar e não discute.

Andrew observou o casal por mais alguns segundos e fitou John em seguida, com um sorriso malicioso. Devagar, se aproximou e, subitamente, atirou-se sobre John, deitando-o na areia.

Entre o Amor e o Fogo (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora