Capítulo 15 (parte 1)

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"O que você diz quando tudo está acabado?

O que você faz quando tudo está perdido?

O que você faz quando se perde dentro de sua alma?

Aonde você vai quando o amor se vai?

Por que você diz nada?"

(Anouk – For Bitter or Worse)


Faltava um pouco de ânimo. Sexta-feira, véspera de final de semana, mas John queria ficar em casa. Marcara compromisso com Andrew, mas já estava se arrependendo de tê-lo feito. Até gostava de festas e comemorações, mas era constrangedor ter que estar em uma onde ninguém era conhecido e não havia muito interesse em conhecer.

— John, nós estamos indo a uma festa de aniversário, não estamos indo receber o presidente. Não precisa caprichar tanto, veste qualquer coisa e pronto.

— Não vou vestir qualquer coisa, Andrew. E para de me acelerar.

— Tá bom, anda logo. Eu vou te esperar lá fora, não demora.

— Pode deixar.

Andrew saiu. Olhando-se no espelho, John percebia que seu semblante estava diferente. Não era dor nem angústia ou qualquer coisa parecida, mas havia um quê de preocupação e de incerteza estampados, coisa muito rara de se ver.

Antes de começar, pela ducentésima vez, a discutir consigo mesmo sobre seu atual estado de espírito, John escolheu logo uma troca de roupa dentro armário e se vestiu. Passou um pouco de gel no cabelo, perfumou-se e logo estava pronto. Pegou sua carteira, um pouco de dinheiro e saiu.

Andrew esperava sentado na pequena escadaria da casa.

— Pronto, podemos ir — disse John, descendo os degraus.

Andrew se levantou e o acompanhou.

— Tá gatinho, hein? Se arrumou todo assim pra quem? — perguntou.

— Pra minha avó. Acho que ela vai estar nessa festa, resolvi caprichar.

— Hahahaha! Idiota.

Ambos caminharam em passos moderados até o estacionamento. Andrew abriu aporta de seu carro e entrou. Destravou a porta do carona, então John também entrou e se acomodou. Fechadas as portas, passados os cintos de segurança, ligado o motor, partiram.

— Onde vai ser essa festa? — perguntou John.

— Num salão que eu conheço. Lá é legal, não se preocupe que a festa vai ser boa.

— Não estou muito pra festa.

— Eu sei que não, mas como você me ama demais e eu sou seu melhor amigo, você vai comigo porque não recusaria um convite meu. Certo?

— Modéstia mandou lembranças.

Andrew riu. Embora, de fato, o ânimo não fosse dos maiores, a noite estava bastante convidativa, e sair de casa soava com um plano.

Dentro de não muitos minutos, estavam no tal salão. A rua, próxima ao centro da cidade, estava cheia de carros estacionados. Ainda não era tarde, mas o movimento era grande.

— Tsc, falei! Se a gente tivesse saído mais cedo, teria lugar pra estacionar — reclamou Andrew.

— Para de drama, estaciona em qualquer lugar... Tem uma vaga ali, ó! — disse John, apontando o dedo.

Entre o Amor e o Fogo (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora