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Quando o sol ameaçou a se esconder e a luz foi trocada por sombras e pingos de chuvas, retornamos para a mansão em silêncio. O trocar parecia mais suave e  brisa, mesmo úmida e fria pela garoa, ainda assim era suave.

Eu tentei me contentar com as suas costas mas precisava ouvir sua voz de perto e sentir o seu calor e cheiro por isso fiz no caminho Declan me colocar na sua frente sentada com as pernas para o lado direito como nos contos de fadas. Agora eu sentia o calor que emanava de seu corpo forte e quente. Com  gotas de chuva fina nossas roupas se colaram deixando-nos unidos de uma certa maneira. De vez em quando, ousadamente, eu o beijava ou então vice-versa. Dávamos risadinhas quando acontecia e na maioria Declan corava enquanto eu devagava pensando no passado.

Por vezes me peguei chorando em outras olhando para o nada. Assim, eu sabia, como meu coração doía por medo que o de Declan ardia em receio. Fomos traídos, humilhados e por fim isolados do amor de certo modo até que aqui chegamos. Se voltei setenta e poucos anos no passado havia motivo e eu esperava que fosse Declan.

Mas ai estava, se eu voltei para salva, supostamente, Declan logicamente quando minha "missão" tivesse sido cumprida, eu recressaria para casa. Porém, o que aconteceria com eles? Teoricamente estariam mortos...

— Oh, aí estão! — Aimee exclamou ao longe... em algum lugar na minha mente.

— Kirsty? — Declan segurou meu ombro.

Eu simplesmente parei. O mundo se desligou e me recordo apenas de cenas que iam se cortando como uma onda trocada por outra.  Aimee me guiava sempre falando coisas baixas para o irmão que foi quem me deitou na minha cama e me fez engolir um monte de mato — praticamente foi isso que me deu porque o gosto era de mato com terra. Ah, claro deveria ser as ervas da Emogen.

Engasgei e cuspi as ervas no chão cobrindo a boca para que nada daquilo fosse enfiado nela outra vez. Tentei me esquivar de Declan que der repente levantou e expulsou todos do quarto até mesmo Aimee. Tentando entender o que aconteceu fui inesperadamente abraçada pelo mesmo. Fiquei sem qualquer reação.

— Declan? — questionei.

— Eu... Eu. — se calou quando a coisa parecia estar tomando um rumo que fez meu coração disparar e atropelar as batidas sem paciência.

— Você? Continue, por favor.

Declan me olhou de um jeito que nunca tinha feito antes. Os olhos brilhavam de um tom dourada a um cobre envolvidos numa manta negra luminosa. Ele apenas me encarou como se não existisse palavras boas o suficiente para definirem o que queria dizer e não conseguia. Para qualquer outra pessoa que nunca tenha passado pelo que passamos, aquela "simples" reação poderia ser de recusa ou negação, mas ambos sabiamos que ás vezes o silencio pode sussurrar muito mais do que palavras ditas ao alento.

Visto que os olhos são o reflexo da alma as palavras verdadeiras viviam escondidas no silencio. Queria sim ouvir o que ele tinha para me falar, embora compreendia sua falta de palavras as mãos trêmulas que rapidamente cercaram meu rosto distribuindo carícias lentas e amáveis. Meus olhos se perderam nos seus e eu entendi o que o silencio sussurrava entre nos.
Amor.

Quatro letrinhas inesquecíveis e tão pouco faladas com o coração. O silencio contava-me que já havia passado da hora de recomeçar e me dar uma segunda chance. Ambos; Declan e eu, havíamos chegado no máximo. Esconder-se do amor pode parecer fácil embora quando se encontra o que precisa e procura, afastar-se é irrelevante.

Até mesmo no futuro ainda não havia uma expressão que pudesse definir o amor nada alem da própria palavra e do sentimento por trás dela. O amor se resumia naquilo que eu sentia agora. Foi apenas olhar nos olhos de Declan para saber que eu o amava e ele a mim. Um olhar e nada mais.

Traveler - Destinados a se encontrarOnde histórias criam vida. Descubra agora