I have a confession

2.4K 239 108
                                    

Alec não havia ido na igreja por dois dias. Magnus pensou — aliviado — que ele nunca mais viria. Porém, três dias depois do primeiro encontro deles, Alec estava lá. Ele foi a tarde, na hora de se confessar. Magnus estava arrumando todos os preparativos para a missa quando viu a família Lightwood entrar pela porta. Alec sorria, Isabelle parecia com tédio. Robert e Maryse estavam como sempre, as feições sérias e sem expressar emoções. Magnus não confiava neles, pareciam o típico casal que tentam fazer os seus filhos mais perfeitos possível. Pareciam o tipo de casal que fariam os seus filhos sentirem-se mal por serem gays.

— Padre Bane — Robert o comprimentou com um aperto de mão, Maryse em seguida fez a mesma coisa. Magnus manteu o sorriso firme e educado no rosto.

Após o que aconteceu com Alec, Magnus sentia-se culpado. Ele era um padre, ele não deveria ter esse tipo de sentimentos. Magnus sabia a verdade. Sabia que apenas era padre porque havia feito uma promessa, era padre porque nunca achou paz. Ele acreditava em Deus, não como a maioria das pessoas, ele acreditava em algo maior, algo bom que ajudava as pessoas quando elas precisavam. Magnus acreditava em uma força maior, algo parecido com o destino. Uma força maior que o ajudava quando precisava. Magnus sempre conseguiu ver com clareza o propósito das coisas em sua vida. Mas dessa vez estava sendo difícil, Magnus não conseguia ver o propósito de ter encontrado Alec. Ele não via o propósito de sequer pensar em querer Alec. Magnus estava confuso e em um conflito interno. Mas ele não deixaria mostrar.

— Viemos trazer os nossos filhos para se confessarem — Robert disse, sua voz soava cruel e Magnus quase pode ver Alec se encolher. Quase. Mas o garoto colocou o sorriso no rosto e olhou Magnus de cima a baixo.

Oh não.

— Claro — Magnus respondeu educado. — Por aqui.

Isabelle foi a primeira, ela entrou no confessionário e Magnus ouviu ela suspirar baixinho.

— Você pode dizer o que desejar — Magnus disse a ela —, não importa se for algo grande ou pequenas coisas.

— Tudo bem, hum, eu quero falar sobre Simon, padre — Ela disse baixinho.

— Quem é Simon? — Magnus perguntou. Ela suspirou.

— Ele é o garoto que eu gosto — Ela respondeu, Magnus ouviu ela fungar e soube que ela estava chorando. — Eu amo ele, mais que tudo. Mas meus pais... Eles não me deixam nem chegar perto de Simon. Simon é criado por dois pais, dois homens, e meus pais... eles odeiam isso. Acham que Simon vai fazer mal a minha sanidade, se é que você me entende. Alec me disse que você não o mandou para o inferno então acho que posso falar isso sobre isso. Eu não ligo para o fato de que Simon tenha dois pais. Eu amo ele, os pais dele, Raphael e Ragnor, são duas pessoas maravilhosas e educados, eles são uma família linda e não merecem ódio e eu apenas queria poder ver Simon mais vezes. Eu também queria que Alec fosse feliz, eu queria que ele parasse de sofrer. Alec parece um garoto forte, não é? Mas ele finge. Sempre fingiu. Ele sofre tanto... E ele é tão forte. Eu gostaria de ser mais como ele. Bem... eu... acho que é apenas isso. Confessar que quero ver Simon, confessar que eu quero que meu irmão seja feliz e que eu tenho orgulho dele.

— Pelo pouco que eu conheci do seu irmão... ele parece ser uma pessoa maravilhosa. Você deveria mesmo ter orgulho dele. Sobre Simon... querida, você já tentou falar com os seus pais? — Magnus perguntou, gentil.

— Milhares de vezes — Ela respondeu. — Eles apenas não entendem. Eles não são boas pessoas, padre.

— Creio que você deva pensar com cuidado no que fazer, já que a conversa não funcionou... Você tem que ser feliz. Tem que fazer o que lhe faz feliz — Magnus respondeu.

Unholy (malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora