Capítulo 11

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Podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio.

Sigmund Freud.

Alexis Blair P.O.V

  Tirei minhas roupas ficando apenas de sutiã e calcinha, não tinha vergonha. Afinal ninguém iria acordar em plena 2:00 da manhã para olhar uma garota semi-nua nadando em um lago, mas era estranho de se ver uma garota semi-nua nadando num logo em plena 2:00 da manhã. Me peguei rindo por coisas bobas do passado e coisas bobas do presente, e me perguntava se riria das do futuro. 

  Sabe, tinha horas que meu subconsciente falava "vamos dar uma olhadinha no seu passado e sair dessa vibe pesada", mas eu sempre tenho alguém em mente para culpar, talvez eu não fosse uma pessoa tão boa quanto eu costumo pensar.

 Mas culpar? Pelo quê? Pela pessoa que eu realmente sou? Ou pelas verdades na qual eu insisto em fechar os olhos?

  Ouvi barulhos em meio os arbustos e tentei me esconder em algumas pedras na margem do lago. Logo os passos pararam e palavras roucas e um tanto vazias soaram:

–  Eu sei que está aqui, Hermione. –  olhei por cima das pedras e vi o Shawn se agachando para pegar meu vestido e meus sapatos.

  Saí de lá e apenas fiquei o observando enquanto metade do meu rosto ficava dentro da água.

– O que faz aqui? – perguntei.

– Sabia que estaria aqui. – disse.

– Como? Avisar por telepatia não é bem o que aconteceu. – falei.

– Não preciso disso. – levantou com minhas coisas nos braços. – Apenas o barulho dos seus saltos exagerados no asfalto me avisaram.

– Não sabia que seus ouvidos eram tão aguçados assim. – disse e comecei a andar até a margem do rio. – Peço desculpas por ter acordado a Vossa Majestade.

  Como disse antes, não sentia vergonha de ficar de calcinha nem de sutiã, não na frente de ninguém. Mas nesse exato momento senti minhas bochechas queimarem por estar daquele jeito, na frente do Shawn. Ele me olhava como se analisasse minha alma.

– O que quer? – perguntei cruzando os meus braços. Aquilo foi como ter apertado um interruptor na qual os olhos do Shawn foram diretos nos meus seios, agora avantajados por causa dos meus braços cruzados.

– Vim pedir desculpas por... 

– Espera um minuto, deixa eu pegar a ficha de coisas que você fez de errado para mim, e saber qual delas foi mais insignificante para você ter me seguido até aqui e pedir desculpas. – o interrompi. 

  Ele revirou os olhos e começou a andar para fora do lago.

– Não, espera. – puxei seu pulso. – Eu deixo você falar. – disse.

– Não, obrigada. Agora eu preciso ir. – disse e voltou a andar agora mais rápido.

– Aonde vai com minhas roupas? – perguntei o seguindo, mas ele já estava longe demais.

– Eu vou para casa, o que acha? – disse.

– Devolva minhas coisas. – disse.

– Venha pegar então. – disse, virou para mim sorrindo igual a um idiota – se é que ele não já fosse – logo depois disso começou a correr no meio da rua. 

  Fiquei alguns segundos parada, mas quando ele já estava virando a esquina comecei a correr atrás do mesmo. Aquele vestido e o colar que eu estava usando, eram as únicas coisas que minha mãe me dera antes de morrer.

  Estava com muito frio agora, eu precisava daquelas roupas imediatamente. Toda vez que eu virava para dar em uma rua nova, o Shawn já estava em outra.

– Filho da puta. – murmurei parando para respirar.

  Quando vi que não dava para alcançá-lo mais, comecei a andar como uma pessoa normal, poderia ser se eu não estivesse andando de calcinha e sutiã. Já podia ver minha casa quando fui puxada para perto da casa do Shawn.

– Está ficando maluco! – esbravejei batendo em seu peito. Ele ria igual a uma criança.

– Devia ter visto a sua cara. – disse ainda rindo.

– Deixa de ser idiota e me devolva as minhas roupas. – disse com os braços cruzados.

– Que roupas? – perguntou.

– Agora a madame vai dar uma desentendida? – disse colocando dois dedos na sua têmpora. – Estou esperando.

– Está maluca, inventando histórias. São 3:30 da manhã, isso deve ser o efeito do sono. Boa madrugada, Hermione. – disse e andou até a varanda de sua casa sem que desse tempo para que eu o protestasse.

  Fiquei o olhando até ele entrar por completo dentro de sua casa e logo pus a andar em direção a minha, por quê fiz isso? Não faço a mínima ideia, eu poderia ter corrido e insistido para que ele me devolvesse minhas coisas, mas não fiz.

  Subi as grandes escadas da minha casa com passos lentos e calculados, entrei em meu quarto e fui direto para o banheiro. Lá tomei uma ducha quente e coloquei uma roupa também quente, espirrei umas vezes. Deduzi que pela manhã estaria com um lindo e maravilhoso resfriado, sei que isso é desejar mal, mas eu queria guardar aqueles espirros e jogar na cara do Shawn até ele pegar um resfriado também. 

  De agora em diante eu prometo a mim mesma que não irei mais cair nas implicações, tanto do Shawn quanto de seus amigos ainda mais babacas. Senti um peso sobre a cama e consegui ver em meio ao escuro uma bola de pelos se aninhar perto de mim. Fiz carinho na Rubby enquanto tentava pensar no que fazer.

  A Karen havia mandado uma mensagem de que eu só iria cuidar da Aaliyah amanhã, já que hoje era meu aniversário e dia de comemorar um feliz ano. Meu dia teria sido ótimo se eu não tivesse brigado com o Cam, se o Jack J não tivesse colocado teorias em minha cabeça e, se o Shawn não tivesse me enchido o saco.

  Pode ter certeza que ter completado 18 anos foi a melhor coisa de minha vida...

Like To Be You II S.MOnde histórias criam vida. Descubra agora