Capítulo 25

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  A traição nunca triunfa. Qual o motivo? Porque, se triunfasse, ninguém mais ousaria chamá-la de traição.

– J. Harington.

Alexis Blair P.O.V

  Eu na verdade não sabia o que fazer. Sempre tinha as cartas nas mãos e se elas não tivessem acessíveis, tinha nas mangas, mas sinceramente, elas resolveram simplesmente se embaralharem junto com as outras.

  Havia corrido o mais rápido e o mais longe que eu conseguira. Me encontrava no campo de lavanda que, graças a chuva o cheiro estava mais forte que o normal. Minha bolsa pesava e simplesmente sentei embaixo da minha árvore. Ela estava velha, com uma casca escura e quebradissa. A água escorria sobre ela e eu não era a única que estava ensopada.

  Poderia não ter chorado na frente de todo mundo na escola, mas aqui eu desabara por completo, de verdade eu chorei mais que qualquer outra vez na minha vida. Deixei a minha bolsa de lado e juntei meus joelhos os espremendo contra meus seios. Eu não sabia como lidar com aquela situação, não mais.

Só não desista de mim, Ali.

  Como eu pude ter sido tão burra? Como eu pude ter me deixado levar vagarosamente? Ele estava lá, fazendo tudo de errado e eu simplesmente estava o perdoando como fui...

– Estupidamente estúpida. – repeti a frase típica do Shawn sobre mim.

  Pela primeira vez eu teria que concordar que ele estava certo, certo o suficiente por ter me alertado sobre o Cameron e tudo o que estava acontecendo e, por fim eu acabei acreditando na pessoa que eu tanto confiava.

  Eu me sentia tão usada, suja, fraca, impotente, vulnerável...

[...]

  Depois da chuva ter passado e as coisas se assentado, ou pelo menos superficialmente, segui caminho a minha casa. O caminho foi de apenas uma pergunta que vagava sobre meu inconsciênte.

  Quais os motivos que levaram o Cameron a fazer isso?

  Queria saber, mas aquilo faria com que o visse e se isso acontecesse, pularia em seu pescoço sem pensar duas vezes. As ruas estavam mais vazias que a noite, me perguntava se era por causa da chuva.

  Meu rosto deveria estar péssimo, algumas pessoas me olhavam com uma certa pena ou nojo. Eu concordaria com elas no quesito nojo, porque eu também estava sentindo nojo de mim mesma.

  A Alexa perguntou o que havia acontecido a porque meu rímel estava borrado e entendi por que as pessoas na rua olhavam para mim.

– Não quero falar sobre isso agora, onde está o papai? – perguntei tentando não parecer aterrorizada.

– Ele disse que ia ao mercado fazer algumas compras. – disse visivelmente confusa.

– Se ele perguntar o por quê que eu cheguei mais cedo... – fiz uma pausa pensando numa boa desculpa. –, diga que eu não passei muito bem na escola. – assentiu com certa relutância em querer saber o que realmente havia acontecido. Ela era esperta demais para uma garota de 9 anos.

  Meu corpo pesava, minha cabeça doía e o arrependimento resolvera me golpear mais forte.

  Abri o chuveiro e voltei a dasabar em lágrimas, peguei a pequena bucha na prateleira e não pensei duas vezes antes de começar a esfregar todo o meu corpo enquanto soluçava. De certa forma aquilo me fez com que eu me sentisse bem, temporariamente.

  Saí de lá e coloquei um suéter cinza com uma legging preta. Escutei alguém bater na porta do meu quarto e logo vi uma cabeça se esgueirar na minha direção.

– Tem gente querendo falar com você lá embaixo. – disse a Alexa com sua voz suave. Sorri ao mesmo tempo que assentia na direção da mesma.

– Eu já estou descendo. – dito aquilo penteei meu cabelo e desci vendo apenas uma silhueta escura no outro lado da janela que dava para a varanda.

  Olhei para a Alexa ao longe na cozinha, fazendo com toda certeza bagunça.

  Abri a porta e encontrei o Cameron sentado no balanço, com os braços cruzados e os olhos levemente fechados. Suspirei e me mantive o mais forte que conseguia.

– O que faz aqui? Eu acredito que já tenha deixado as coisas claras. – ele levantou com um salto e veio lentamente na minha direção.

– Ali, olha... escuta. – tocou levemente no meu cotovelo.

  Quase deixei que ele se apoderasse dele, mas com um gesto rápido e abrupto me denvincilei.

– Tem noção do que você fez, Cameron? – perguntei dura.

  Assentiu.

  Passei a mão sobre meus cabelos e recuei até o parapeito.

– Como? Por quê? O que eu fiz? – perguntei o encarando com os braços cruzados.

– Não posso contar, Ali. – tentou me tocar mais uma vez.

– Não encosta. – levantei as mãos.

– Me desculpa de verdade. – pediu com as mãos juntas.

– Acha? Acha mesmo que eu vou te perdoar desta vez? Você conseguiu acabar o que construímos em 4 anos em meros 5 minutos de gravação, não só isso, mas como a mim também. – respirei ofegante enquanto me aproximei dele alguns centímetros. – O que você ganha com isso?

– Eu fui um idiota de ter feito aquilo, eu te peço mil desculpas. – balancei a cabeça negativamente.

– O meu perdão vai ser a única coisa nesse mundo que você não vai ter, Dallas. – apontei no meio do seu peito. – Isso foi uma espécie de jogo? 4 anos para que eu pudesse me despir na sua frente e você simplesmente acabar com minha vida assim? – perguntei com os olhos lagrimejados.

– Não quero que o nosso namoro acabe, Blair. – franziu as sobrancelhas e pude ver seu arrependimento, mas agora era tarde demais para se arrepender.

– Eu espero que você nunca mais volte aqui. – disse de uma maneira fria.

– Alexis...

– Vai embora.

– Me deixa pelo menos...

– Pelo menos o quê? Me beijar pela última vez? – assentiu brevemente. Ri com escárnio. – Melodramático. E isso está fora de cogitação.

  Ele descia as escadas quando vi um carro parar e o Shawn sair de lá furioso. O Shawn se aproximou com passos largos e rápidos na direção do Cameron, e com apenas uma mão desferiu um soco no meio do rosto do Cameron forte o suficiente para derrubá-lo.

  Arregalei mais olhos com tal atitude do mesmo e desci as escadas rápido antes que o Shawn resolvesse matar o Cameron de vez.

– Eu te disse para que não fizesse isso, Cameron. – levantou o mesmo pelo colarinho e o Shawn parecia calmo demais para alguém com o temperamento tão impulsivo.

– Shawn, solta ele. – puxei seu ombro para trás inutilmente.

– Não, Alexis. Ele vai levar umas boas porradas para aprender o que é certo e o errado. – falou encostando o Cam no capô do seu carro.

  Não sabia exatamente o que aquilo significava, nem o por quê do Shawn ter batido nele de tal forma que agora estava me deixando confusa demais.

– Shawn, deixa o Cameron ir embora. – o puxei de novo agora com mais força.

  Ele soltou o colarinho do mesmo com o nariz franzido e começou a dar voltas enquanto o Cameron se recuperava.

– Isso ainda não acabou seu merdinha. – apontou na direção do Cameron longe o suficiente para que eu pudesse evitar que eles entrassem numa briga de novo, ou pelo menos o Shawn.

O Cameron cambaleou na direção do seu carro logo indo embora e apenas observei o Shawn de costas andando em direção a varanda de sua casa, sem mais nem menos.

O que porra aconteceu aqui?

Like To Be You II S.MOnde histórias criam vida. Descubra agora