Like To Be You II S.M

Capítulo 29

No fim, a mais desagradável das verdades é preferível a mais bela mentira.

– Harlan Coben.

Alexis Blair P.O.V

  Paramos em um residencial de prédios grandes, aparentemente abandonados e, com toda certeza, nós não estávamos em Westforest.

– Onde estamos? – perguntei o encarando. O seu olho esquerdo estava inchado e saia sangue do seu nariz que já se estendia para seu pescoço e não pararia por ali.

  O Shawn estacionou e saiu do carro, ele ficou me encarando e sabia que eu estava demorando demais. Tirei o cinto de segurança e logo sai do carro. Adentramos o saguão e não tinha uma única alma viva, mas tudo estava limpo e iluminado por dentro. Entramos no elevador e o Shawn apertou alguns números ali.

– Estamos no meu apartamento, em Cityside. – disse quando o elevador finalmente parou. Não havia corredores ou portas, era um sofisticado loft que dava para o centro da cidade. Ele saiu e o segui. – Geoff, Scott e Teddy, podem nos deixar sozinhos por um momento? – saíram os três num piscar de olhos com os instrumentos que seguravam. Eles subiram as escadas e desapareceram logo depois por um corredor.

– Por que me trouxe aqui? – perguntei amena.

– O que o Cameron disse? – perguntou ignorando totalmente minha pergunta.

  Bom, eu não sabia exatamente em quem confiar. A pessoa que eu estava confiando cegamente havia me traído da pior forma possível e a que havia se distanciado de mim há muito tempo agora se mostrava confiante, ou não.

– Ele disse que você não era quem eu pensava. – cruzei os braços e encolhi meus ombros.

  Ele se encostou no balcão que separava a sala da cozinha. Escutei o mesmo falar algo baixo demais para que eu conseguisse escutar.

– O que disse? – me aproximei mais dele.

– Talvez ele esteja certo. – falou me encarando.

– Shawn, eu gostaria muito de entender o que está acontecendo. – disse brava. Aquilo já estava me dando nos nervos.

– O que quer saber? – perguntou com os braços cruzados e as pernas abertas numa posição implacável e destemida.

– Tudo! – esbravejei. – Exatamente tudo. – suspirei. – Primeiro uma pessoa invade minha casa, tenta me matar e diz que vou morrer igual minha mãe, o que não faz nenhum sentido pelo fato da minha mãe ter morrido de câncer. Segundo o Cameron me trai da pior forma e tentou me avisar de uma coisa sem sentido sobre você e terceiro... – respirei. –, você tenta se aproximar de mim, por mais que eu ache que seja só coisa da minha cabeça, e diz que o Cameron está certo? Por que uma pessoa tentou me matar? Por que o Cameron disse que você não é quem eu penso que seja? E, por que você resolveu mostrar que se importa agora comigo?

  O vi andar de um lado para o outro e passar as mãos sobre seu cabelo, deixando alguns fios ondulados sedosos caírem sobre a testa.

– Primeiro, sim, sua mãe tinha câncer, mas não morreu dele. Ela foi assassinada. Assassinada pelas pessoas que o seu pai devia dinheiro. Me envolvi com essas pessoas depois que sua mãe morreu, em busca de vingança. – suspirou. – Sobre uma pessoa tentar te matar, bem, seu pai voltou a se endividar depois que sua mãe morreu. Paguei por essa divida depois que tentaram te matar, na realidade já tentaram te matar mais de 2 vezes. – ele sorriu com desdém. – Eu consegui um emprego para seu pai naquela empresa de tecidos e, quem saiba ele também consiga um bônus por bom desempenho.

  Passei tanto tempo olhando para o Shawn que quando pisquei, senti lágrimas caírem sobre minha bochechas. Aquilo estava me matando e me sentia mais triste e angustiada do que quando a minha mãe havia, tecnicamente, morrido de câncer e só era o primeiro das três coisas que eu havia o perguntado. Me dirigi a grande parede de vidro que havia no seu apartamento e olhei para o centro da cidade.

– Segundo, Blair eu... – escutei seus passos atrás de mim. –, eu decidi me distanciar de você porque eu sabia que iria arranjar mais problemas desnecessários porque eu havia me envolvido com aquelas pessoas, então eu preferi ficar na minha e te evitar. O Cameron também concordou comigo. – o olhei indignada. – Agora resolvi me aproximar a pedido da sua mãe, ela pediu para que eu cuidasse de você, independente do que acontecesse, eu a prometi. Não me aproximei antes porque eu não sabia como fazer isso. Você havia se tornado outra pessoa. Uma pessoa mais madura e destemida, Alexis. Você sabe se cuidar sozinha. Então eu decidi apenas te observar, de longe.

  Eu não sabia o que dizer, de verdade, era como se minha língua tivesse sido cortada no meio e eu a tivesse engolido propositalmente. Eu também queria muito dizer ao Shawn que confiava nele, mas ele havia ido "embora" da minha vida há tanto tempo que eu simplesmente não sabia o que fazer.

– E o terceiro? – perguntei passando brevemente a mão sobre a minha bochecha úmida.

– Eu não faço a mínima ideia do por quê o Cameron fez aquilo. – me respondeu com sua voz rouca e grossa. – A minha única vontade é de socá-lo. – disse secamente.

– Você não tem o direito de fazer isso. – disse o encarando.

– Me diga isso da próxima vez que ele estiver te beijando à força. – suspirou.

– Você deveria tentar ser menos idiota. – disse brava de uma coisa que nem sabia explicar.

– E você deveria ser um pouco menos mandona. – disse olhando através do enorme vidro.

– O mundo não gira ao seu redor, palhaço. – disse um pouco alto demais.

– Muito menos do seu. – revidou.

– Isso não teria acontecido se não fosse por sua causa. – ele franziu as sobrancelhas com um ar de indignado.

– Acha que eu sou o culpado pela morte da sua mãe? – me segurou pelos ombros. – Acha que eu apontei uma arma para cabeça da sua mãe e atirei? – eu me sentia tão impotente e culpada por ter falado aquilo. Eu simplesmente havia cuspido as palavras que vinham na minha mente na cara do Shawn sem dó nem piedade.

  Minha mãe morreu com um tiro na cabeça.

  Me distanciei do Shawn e sentei no sofá macio. Meu pai era o culpado, eu deveria odiá-lo como o Alex, mas não. Eu podia sentir pena dele. Pena da pessoa que ele poderia ter sido se não fosse pelas malditas drogas.

– Ele deveria pelo menos ter me contado a verdade. – disse baixo.

– Essa é a última coisa que seu pai faria. – disse o Shawn subindo as escadas rapidamente.

  Me encolhi no sofá e apenas fechei os olhos colocando tudo para fora. Eu me sentia na necessidade de simplesmente chorar. Eu gostaria de ter visto e ter dito a minha mãe o quanto eu sou idiota por não ter pedido desculpas a ela. Pela pessoa estupidamente estúpida que sou.