Capítulo 10

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O pensamento é o ensaio da ação.

– Sigmund Freud.

Alexis Blair P.O.V

  Não era como se minha cabeça estivesse focada em um só lugar. Poxa hoje era meu aniversário, eu deveria me contentar por passar ele com alguém e estar sendo levada para um jantar romântico com meu namorado, sem falar do grande ramalhete de flores que ele me dera assim que chegara em minha casa. Mas meus pensamentos insistiam em voltar na noite anterior, não que eu não quisesse pensar, era só que cada vez que vinha essa lembrança a minha garganta apertava, como se eu ainda pudesse sentir aqueles longos e grossos dedos envolta de minha pele sensível.

  Paramos em um restaurante que era considerado um dos mais bonitos da cidade, ainda não tivera a chance de conhecê-lo. O Cam fez questão de abrir a porta para mim e oferecer seu braço, o aceitei com um sorriso e entramos no restaurante, ele falou com a recepcionista e logo depois estávamos sentados em uma mesa um tanto afastada. Além disso, ele teve a liberdade de fazer nossos pedidos sem pedir minha opinião sobre.

– Ali. – disse e pegou uma de minhas mãos que estavam estiradas na mesa. – Não quero mais te preocupar. Sei que causo mais confusão na sua vida tanto quanto na minha e, eu quero te pedir desculpas mais uma vez. 

– Não quero que fique se culpando. – me pronunciei. Eu criei um certo sentido de saber quando a pessoas se sentiam culpadas por alguma coisa. Era exatamente isso que o Cam estava fazendo.

– Sei que não, mas chego a pensar quando você vai perder as esperanças em mim. – disse e olhou para nossas mãos. – Eu prometo que vou dar meu melhor, Ali. – nesse momento chegou nossos pedidos e nos afastamos por impulso.

  Sabia que ele tentava ajustar algumas coisas aqui e outras ali, mas o nosso relacionamento vem mudando de uns dias para cá. Fica sempre faltando alguma coisa por menor que seja, parece perder o ânimo, ou até mesmo a graça de si pronunciar amar o outro. Começamos a namorar com 14 anos, não que fosse tão cedo, mas eu jugara que sim, assim como todas as outras pessoas. Mas podíamos mostrar para elas que aquilo sobreviveria. Sobreviveu, está vivendo, mas eu tenho receio que esses 4 anos de graça acabe. 

[...]

  Andando pelas grandes ruas e passando por vários edifícios exóticos e cabisbaixos de Woodforest. Não estava sozinha, sabia disso, ainda mais se você tem quem gosta ao seu lado, parece clichê ou romântico demais. Mas essa sou eu grossa, chata ou até mesmo insuportável, como diria a Amber e as outras meninas. Mas digo que tenho meu lado sensível e até mesmo carismático, da qual me privo muitas vezes.

  Demos algumas voltas pelo Central Parkforest e depois voltamos andando devagar para onde o Cam havia estacionado o carro.

– Eu não aguento mais andar. – ri quando corremos por alguns metros. 

  O Cam se encostou no carro e me puxou pela cintura depositando um beijo demorado em meus lábios. Ficamos uns minutos abraçados e logo entramos dentro do carro.

– Eu estou horrivelmente cansada. – disse quando o Cameron fechou a porta. 

– Então deixa a outra surpresa para depois. – disse dando partida. 

– Que outra surpresa? – perguntei me inclinando em sua direção.

– Você está muito cansada para tê-la.

– Cameron, você está falando sério?

– Acha que eu estou brincando? – perguntou e logo me olhou.

– Quer mesmo que eu responda? – perguntei.

– Não responde não. – disse rindo.

  Paramos em frente à casa da Amber e, sem muito rodeios o Cam abriu a porta para que eu pudesse sair e mais uma vez, ofereceu seu braço. 

– O que estamos fazendo aqui? – perguntei olhando a casa da Amber toda escura.

– Eu já disse que era surpresa, para de tentar estragar ela. – disse 

  O Cam abriu a maçaneta e um grito de "surpresa" aguçou meus ouvidos. Todos estavam na casa da Amber com chapeuzinhos de aniversário e segurando algum tipo de embrulho.

  Ultimamente eu estava me questionando sobre o Shawn, eu não conseguia de certa forma tirá-lo dos meus enfermos pensamentos sobre o mesmo. Ele tinha dado atenção no desaparecimento do Cam e até ter me dado uma carona. Ele salvou minha vida.

  Por que pensei na possibilidade dele ter vindo na minha festa surpresa? 

  Até que me toquei das seguintes palavras "não estou fazendo isso por você, Alexis, faço pelo Cameron. Ele é meu melhor amigo."

  Procurei distanciar aquilo dos meus pensamentos e colocá-lo em seu devido lugar, em meu subconsciente. Também procurei estampar um sorriso em meu rosto e abraçar a todos que estavam presentes na festa. 

[...]

 Depois dos abraços, entregas de presentes e de cortar o bolo, fui até um jardim respirar um pouco e sair daquele mar de pessoas e palavras. Morávamos quase na mesma rua, o que era maravilhoso porque podíamos passar altas horas sem que nossos pais ficassem preocupados com nossa segurança e, apesar de ser uma cidade grande. Existia uma parte da natureza adorável, como por exemplo: no final da rua havia um pequeno lago escondido com águas termais. Íamos lá a maior parte do tempo, assim que nos conhecemos. Parecia que em cada final de rua existia uma parte surpreendente da natureza. Campo de lavandas, lago, o parque feito todo de madeira e inúmeras outras coisas. Comecei a explorar esses lugares quando sentia a necessidade de ficar sozinha ou sentia falta da minha mãe.

– Ei, o que faz aqui fora? – perguntou o Cam com as sobrancelhas arqueadas.

– Eu só vim dar uma respirada. – disse cruzando os braços.

– O pessoal já está começando a ir embora. – me informou.

– Já? – franzi o senho.

– Ali, vai dar 2:00 da manhã e mais tarde ainda temos aula. – disse. – Acho que você passou tempo demais aqui fora. – disse vindo em minha direção. – Vem, eu vou te deixar em casa.

  Entramos e a Amber acabara de fechar a porta para a Cara.

– Nós já vamos indo também. – disse e peguei meus sapatos que havia deixado num canto da sala.

– Mais tarde nos vemos. – veio me abraçar. – Quero conversar depois. – murmurou em meu ouvido.

 Fomos embora e uma coisa que não saiu de minha cabeça era o que a Amber queria dizer com aquilo.

 Era sobre mim ou ela?

[...]

– Até mais tarde. – disse o Cam e se inclinou me beijando.

– Até. – murmurei e andei até a porta de minha casa. 

  Fingi que estava abrindo a porta, olhei para os lados e eu só conseguia ver as pequenas luzes dos faróis do carro do Cam bem longe. Desci as pequenas escadas da fachada de minha casa e pus a andar.

Like To Be You II S.MOnde histórias criam vida. Descubra agora