Capítulo 16

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  O esquecimento mata as injúrias. A vingança multiplica-as.

- Benjamin Franklin.

Shawn Mendes P.O.V

 Eram exatamente 22:00 quando eu saí do ginásio de patinação quando encontrei o Nash sentado no meu capô enquanto fumava.

– Por que você não entrou para me chamar? – perguntei destravando o carro.

– Fiquei observando você jogar, não queria te atrapalhar. Saí de lá faltando uns 5 minutos para acabar a partida – se explicou. Ele tirou o cigarro da boca e me ofereceu, apenas balancei a minha cabeça negativamente.

– Bom, o que queria falar comigo? – perguntei.

– Você vai para a casa do lago, não? – assenti.

Ela vai? – perguntei.

– Não sabe ainda. – cruzou os braços. – Cara... tem certeza que quer fazer isso? – perguntou.

 Eu poderia mudar de ideia agora mesmo e dizer que de forma alguma faria aquilo, mas eu já tinha começado. Iria até o final e ponto.

– Sim. – disse e suspirei.

[...]

 Entrei em casa e encontrei meu pai sentado na poltrona apenas com a luz do abajur acessa.

– Acordado a essa hora? – perguntei enquanto o via passar as mãos em suas têmporas.

 Aquilo não era nada bom...

– O que aconteceu? – perguntei me agachando em sua frente. – Foi a mamãe de novo? – assentiu com lágrimas nos olhos.

 Levantei e passei a mão pelo meu rosto enquanto a outra eu matinha em minha cintura.

– Com quem desta vez? – perguntei indo até a janela dando uma varredura na casa da Alexis.

– Seu treinador de hóquei. – disse com a voz embargada. – Ela foi tomar banho e chegava mensagens sem parar e...

– Ei. – voltei a me agachar em sua frente. – Vai ficar tudo bem. – falei enquanto o via chorar. – Pai, já está na hora de pedir divórcio, não acha? – perguntei pendendo minha cabeça para um lado.

– A Aaliyah é minha única ligação que eu tenho com a Karen e, além disso. Ela ainda precisa de sua mãe. – assenti ainda sem acreditar no que meu pai falara.

 Mulheres são todas vadias...

– Vamos para meu quarto. – disse e subi as escadas sem esperar sua resposta.

 Puxei o colchão que sempre deixava embaixo de minha cama arrumando ele com lençóis e pus um edredom do lado do travesseiro. Logo meu pai entrou no quarto, ele tirou seus sapatos e deitou em minha cama.

– Ei! – exclamei quando vi que ele mostrou a língua para mim.

 Fui até o banheiro e tomei uma ducha rápida, pus minha calça moletom de sempre e deitei no colchão, mas antes de dormir peguei meu celular e vi uma mensagem do Nash.

Se o Cameron ficar sabendo disso ele te mata. Seremos no final dois mortos.

 Bloqueei o ecrã do meu celular e coloquei o mesmo embaixo do meu travesseiro. Olhei para meu pai que já dormia igual a uma pedra.

[...]

Ela arranhava meu peito enquanto eu a prensava contra a parede e puxava seus finos fios de cabelos. Era tentador a forma que ela me olhava, mas seus olhos eram escuros demais para que eu pudesse enxergar além.

– Já teve esses sonhos antes? – perguntou enquanto anotava em sua prancheta.

Eu não chamaria de sonhos, nem pesadelos. É apenas uma realidade na qual me escondo todos os dias. – disse fugindo de sua pergunta.

– Ela, deve ser uma garota interessante. – falou agora deixando sua prancheta de lado e empurrou seus óculos mais acima de seu nariz.

– Pode ter certeza, uma caixinha de surpresas. – disse me aproximando.

[...]

 Coloquei um calça preta junto com uma camiseta cinza e minha jaqueta. Peguei minha mochila e desci encontrando minha irmã tomando café, olhei para os lados e não vi nem o papai e nem a Karen.

– Onde está o papai? – perguntei pegando um maçã.

– No porão com a mamãe. – respondeu cantarolando.

 Suspirei e fui até lá, mas em vez de descer toda aquela escada fiquei apenas espreitando. Eu via e escutava coisas absurdas vindas da Karen, já meu pai apontava o dedo na direção da minha mãe, ela parecia desesperada com aquilo. Subi as escadas e fui em direção a cozinha, logo encontrei a Amber e a Aaliyah agora pintando enquanto balançava seus pequenos pés com os cadarços desamarrados.

 Elas não mereciam aquilo.

– Vamos para escola. – disse pegando a mesma no colo e peguei sua mochila.

– Mas a mamãe prometeu me levar hoje. – disse com os giz colorido em mãos.

– Eu sei. – menti. – Mas hoje a mamãe está ocupada.

  Olhei para Amber sem dizer uma palavra e a mesma levantou da mesa já entendendo tudo que estava acontecendo.

 Peguei a chave do Jeep encima da mesinha e fomos até a garagem. Tirei imediatamente o carro quando já podia escutar os gritos na sala.

– E tudo começa novamente... – suspirou a Amber colocando seus fones de ouvido.

– O que está acontecendo lá dentro, Shawn? – perguntou a Aaliyah erguendo seu pescoço para ver algo através da janela.

– Nada, amor. – terminei de colocar o cinto de segurança nela e sai o mais rápido possível dali.

 O caminho inteiro foi um continuo e inexplicável "laralara" vindo da Aaliyah. Eu realmente não entendia ela, garotas são tão incompreensíveis assim? Eu queria entendê-la, mas apenas ela. Porque querendo ou não, como eu já disse, mulheres são todas vadias.

– Mais tarde eu venho te buscar. – disse vendo a mesma apertar o botão e desenrolar o cinto de si.

– Tudo bem. – disse e saiu do carro pulando.

 Fiquei esperando ela entrar, apenas a observando quando percebi algo de estranho em uma pessoa. Kristy acabara de deixar sua irmã na porta da escola, a Kristy tinha olhos claros e um sorriso gentil, adoraria ensiná-la a servir como um pit-stop. Um carro logo atrás de mim buzinou para que eu desse partida e assim fiz, saindo de meus devaneios impuros.

 Logo cheguei na escola e Amber pulou do carro logo em seguida e nos deparamos olhando o relógio que ficava logo acima da porta da sala do diretor. A Amber conseguiu correr a tempo da coordenadora não vê-la, mas não funcionou comigo.

 Eu estava – pela milésima –, atrasado. Corri até a sala de biologia e entrei sem pedir licença, o que não passou despercebido pela professora.

– Essa é a última vez que você chega atrasado em minha aula  Sr. Mendes. – disse colocando uma de sua mãos na cintura e a outra ela apontava o lápis na minha direção.

– Me desculpe, Srta. Roberts, era de extrema necessidade aliviar o garotão. – disse sentando na cardeira.

  A turma logo riu e a professora ingênua ficou confusa com meu comentário de duplo sentido. Logo ela pediu silêncio e a aula voltou a ser igual a pouco antes que eu entrasse e o caos começasse.

Like To Be You II S.MOnde histórias criam vida. Descubra agora