Capítulo 28

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Falta muito para que a inocência tenha tanta proteção como o crime.

– François La Rochefoucauld.


Alexis Blair P.O.V

  Passamos pelo corredor da escola e, sinceramente não foi como eu pensei. As pessoas não me fizeram perguntas, mas conseguia escutar os murmúrios. Elas não me olhavam diretamente, mas todas as vezes que eu virava as costas, eu era motivo de alvo de vários olhos curiosos.

  Já estávamos na terceira aula e eu não havia visto o Cameron nem o Shawn. Dava graças pelas nossas aulas não bateram nos mesmos horários.

  Escutei o sinal bater e saí o mais rápido possível da sala, queria ficar um pouco sozinha e pensar sem que ninguém soubesse onde eu estava. Me dei conta disso depois que eu já estava no meio do refeitório onde todo mundo me olhava. Não era um ou dois, eram todos, sem exceção de ninguém. A Amber me empurrou para írmos até a nossa mesa e, eu podia perceber que todo mundo me olhava estranho, até mesmo o Jack G. Vi o mesmo pegar o seu sanduíche de picles e vir sentar ao meu lado.

– Como está? – perguntou só para que nós dois escutassemos. Dei de ombros.

– Como eu deveria me sentir? – perguntei deixando minha comida de lado. – Me dê um conselho, na maioria das vezes você está certo. – voltei a dar de ombros.

  Ele passou o braço por cima dos meus ombros e me puxou para mais perto num abraço aconchegante.

– Pela primeira vez, Ali. Eu te peço desculpas por não saber como te ajudar. – me olhou decepcionado.

– Está tudo bem. – o olhei dando um sorriso de lado. – Pelo menos você tentou levantar meu autoestima.

– Vamos sair à noite, o que me diz? A gente pode ir ao cinema ou quem sabe eu posso aturar você 4 horas provando roupas na Forever 21 e não comprar nenhuma, como você sempre faz. Só não quero ver você triste. – me olhou com os lábios curvados, igual a uma criança prestes a chorar. Sorri balançando a minha cabeça.

– Eu vou cuidar da irmã do Shawn agora depois da aula. – disse um pouco entusiasmada, pelo menos ela não sabia de nada e não sentiria pena de mim como os outros. – Fica para a próxima. – disse pegando minha comida de volta.

– Você me deve uma saída para o cinema. – falou pegando seu sanduíche de picles.

  Observei a Kristy se aproximar e logo depois a Cara. Elas não falaram nada e a Cara as vezes me olhava e me lançava um sorriso sem mostrar os dentes, sempre devolvia com um olhar acolhedor, mas eu não conseguia acolher nem a mim mesma.

  Suspirei deixando a comida mais uma vez de lado e levantei empurrando a pesada porta do refeitório. Segui pelos corredores vazios olhando para o chão e com os braços cruzados. Senti meu corpo se chocar contra alguma coisa e olhei para cima na esperança de ver quem era.

  Grandes olhos me encaravam surpresos e revirei meus olhos por ter que, uma hora ou outra, encontrá-lo.

– Era você que eu estava procurando. – oberservei que ele puxava sua bolsa em suas costas.

– Eu já disse tudo o que eu tinha para falar com você, Cameron. – disse tentando passar por ele.

– Ali, eu te amo muito e você sabe disso...

– Ama muito? – ri com deboche. – Poupe seu tempo, e poupe o meu. – tentei passar por ele mais uma vez.

  Senti seu braço pegar com força o meu e me puxar para um corredor vazio, tropecei nos meus próprios pés quando ele me prensou na parede

– Você está me machucando. – o olhei com um certo medo.

– Alexis, você precisa me escutar. Você não tem noção do perigo que você está correndo...

– Cameron, você está ficando maluco, me solta. – tentei empurrá-lo sem sucesso.

– O Shawn não é quem você pensa que é. – apertou mais meu braço. Ele olhava de um lado para o outro, como se estivesse com medo que alguém visse o que ele fazia.

– Se não me soltar eu vou gritar. – avisei.

  Senti seu corpo se aproximar do meu e o seus lábios me beijarem com certa voracidade. Voltei a tentar empurrá-lo, mas agora ele segurava meus dois braços com mais força que da outra vez.

– SOCORRO! – gritei de imediato.

  O Cameron continuou a me beijar só que me espremia ainda mais contra a parede.

– Por favor Cameron, pare. – supliquei. – Pare! – exclamei.

– ELA MANDOU VOCÊ PARAR SEU MERDINHA! – suas mãos não se encontravam mais apertando meus braços e agora eu podia sentir algumas lágrimas escorrerem sobre minhas bochechas.

  Observei o Shawn bater sem dó no Cameron, eu poderia estar sendo meio egoísta se dissesse que queria ver aquilo acontecer com o Cameron, mas essa fora a segunda vez que acontecera. Era a segunda vez que o Shawn batia no Cameron em minha frente.

  O Cameron estava apanhando até o mesmo revidar com três socos seguidos no rosto do Shawn. O mesmo cambaleou alguns metros para trás e logo voltou com tudo empurrando o Cam no meio dos armários, fazendo um tremendo barulho.

  Eu não queria interferir, mas eu não podia deixar que um dos dois morressem ou até mesmo que as pessoas vissem eles brigando. Escutei o sinal tocar e a grande e pesada porta se abrir com pessoas rindo e se dirigindo as suas salas.

  O Shawn saiu de cima do Cameron e começou a me levar ao lado contrário das pessoas, passamos pela quadra de de basquete e logo depois estávamos no campo de lacrosse.

  Olhei de relance meu braço que tinha marcas de dedos e, sabia que mais tarde elas ficariam roxas. Chegamos ao estacionamento e o Shawn abriu a porta do seu carro para que eu entrasse, não protestei, os olhos dele mostravam raiva e ele arfava.

  30 minutos se passaram e nada de nenhum dos dois falarem uma palavra sequer. O rádio estava desligado e eu só escutava o ronco do carro e o quanto o Shawn suspirava de raiva.

Like To Be You II S.MOnde histórias criam vida. Descubra agora