Jungkook

528 15 4
                                    

As luzes de Seul estavam lindas naquela noite.

Kook gostava de ter por perto o seu caderno de melodias e letras; ele dizia que o fazia sentir menos bagunçado, e ali, ele derramava seus pensamentos e rascunhava mil coisas de forma rápida e sucinta. Era interessante ver como aquilo o despertava, bem ali, sentado na beira da janela de casa. O som dos carros e as risadas das crianças não o incomodavam, eram coisas que promoviam energia - e que belo que era de ver. Ele tinha a capacidade de se concentrar profundamente naquilo que fazia, fosse escrevendo, desenhando, cantando, dançando ou simplesmente editando os milhares de vídeos que era apaixonado por fazer. Admirá-lo ali era como encontrar um lar.
Tê-lo ali era um tanto quanto raro. Não, não que sua presença fosse rara, mas a sua essência pura, "O" Jungkook. Era fácil identificar, após 1 ano juntos, como era quando ele fingia seus sentimentos e quando estava face a face só sendo...ele. E era isso o que me importava, ele estar ali, ele ser somente ele e mais ninguém - e eu não desejaria que fosse qualquer outra pessoa.
A noite fresca balançava o cabelo preto que ele havia tingido para os shows, menino dedicado. Os jeans surrados e o suéter simétrico o deixavam com um rosto intelectual, o que sem dúvidas era um estereótipo criado pela minha parte, mas não pude evitar. Ao lado da estante cheia de cds da sala, ele estava lindo. O mais gratificante: ele estava feliz, isso era tudo.
O lápis parou. Ele fitava o caderno com carinho, mas era como se suas ideias tivessem se esgotado. Pedi aos céus que isso não o levasse a frustração, que isso fosse uma enxurrada de ideias que ele estivesse expelindo e que seus complementos se clareassem mais tarde. Por algum motivo, meu peito se encheu de preocupação, mesmo sabendo que eu não precisava desse sentimento. Precisava garantir que estava tudo bem.
Saindo do meu apoio perto da estante, caminhei até ele e enrolando, de leve, meus braços ao entorno de seu pescoço e clavícula, jazi minha cabeça acima da dele. Até o cheiro dos fios eram reconfortantes...era bom tê-lo de volta em casa.

— Kook, você trabalha muito — disse eu.

Com alguns sorrisos sutis, ele fez questão de olhar para mim. Seus olhos escuros e puxados faziam eu me sentir protegida, em casa. Eram as únicas coisas que, mesmo que quisesse, o tornavam incapaz de mentir. Brilhavam hoje do mesmo modo que brilhavam quando ele parava de cantar nos palcos e olhava a sua volta. Paz, era isso.

— Você sabe que nem tanto assim — ele, orgulhoso de seu desempenho.

Sorri largamente.

— Eu acho lindo seu gosto pelo trabalho, o jeito que você se doa às suas obras é um exemplo do que é viver com paixão, mas nenhuma lareira se mantém acesa a noite toda, não acha?
— Eu acho bem possível!
— Você, definitivamente, é bem teimoso! — e eu ria com essa teimosia de criança dele.
— Acho que só preciso parar um pouco para aliviar a mente. Porém, bom, posso trabalhar tão bem quanto uma máquina! E tão rápido quanto!
— Ah, é mesmo? Quer apostar? Eu te proponho um desafio, mas acho que para você vai ser simples demais...
— Isso é chantagem emocional! Deus...eu queria que você não fosse tão competitiva quanto eu...
— Você que pediu, sem reclamações!

Puxando-o pelas mãos e levando até o centro da sala, sugeri que jogássemos uma série de jogos. Se ele fosse o vencedor da maioria, ele me provaria que pode fazer várias coisas com rapidez, eficiência e ainda ser um ótimo músico. É óbvio que cada palavra era verdade, ele era tão bom em tudo que eu sentia uma leve pontada de raiva. Eu só queria que ele parasse um pouco, queria que ele me desse um pouco mais de atenção. Egoísta, eu sei, mas eu também queria que ele descansasse, o meu mundo inteiro estava ali na minha frente e eu decidi que cuidaria dele. Por ele. Uma tarefa e tanto, eu diria.

7 Shots (BTS)Onde histórias criam vida. Descubra agora