𝟎𝟐

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Lia Davis Parker

A aula hoje foi a mais interessante de todas. Elijah explicava os séculos 80 e 90 de uma forma tão detalhada que parecia ter vivido naquela época. Cada detalhe que ele mencionava, desde os aspectos culturais até os eventos históricos, era transmitido com uma clareza e entusiasmo que cativavam toda a turma. Nenhum professor conseguia prender a atenção de todos como ele. Havia algo nele que cativava, que prendia a atenção e nos fazia querer saber mais.

Enquanto ele falava sobre a música, a moda e os movimentos sociais dos anos 80, sua paixão pelo assunto era evidente. Ele conseguia trazer aqueles anos à vida, como se estivéssemos assistindo a um documentário vívido em vez de apenas ouvindo uma palestra. Ele fazia referências a filmes, músicas e eventos históricos, ligando-os de uma maneira que fazia todo sentido. Depois de uma explicação envolvente sobre os magníficos anos 80, ele parou por um momento, respirando fundo.

— Por hoje é isso, amanhã continuamos com o assunto. — Ele se sentou e lançou um olhar penetrante pela sala. — Senhorita Davis, você fica...

Que droga! Nunca precisei ficar depois da aula. Estava me sentindo uma estúpida por ter me atrasado logo hoje, com esse novo professor que deixava qualquer um desequilibrado. Meus pensamentos corriam, tentando encontrar uma desculpa válida. Era a primeira vez que eu me atrasava, e justamente hoje, quando eu estava tão ansiosa para não perder um segundo da aula de Elijah.

— Sim, senhor Mikaelson? — Me aproximei beirando ao nervosismo.

— Odeio diversas coisas, senhorita Davis. Uma delas é o atraso. — Ele ergueu uma sobrancelha, como se me desafiasse. — Você se atrasou hoje. Isso acontece sempre?

— Não, senhor. O ônibus se atrasou e eu não pude fazer nada... — Minha voz saiu quase como um sussurro, um reflexo do meu nervosismo.

— Óbvio, não pode fazer nada... — Ele repetiu com deboche, o tom de sua voz carregado de sarcasmo. — Tudo bem, se for para chegar atrasada, quer dizer que não possui responsabilidade suficiente para estudar em uma universidade como essa.

Senti meu rosto esquentar. Era injusto ele me julgar assim por um único atraso. Tentei manter a compostura e respondi, talvez com um pouco mais de firmeza do que deveria.

— Você é o professor. As únicas pessoas que podem me cobrar alguma coisa são a diretoria. — Rebati, tentando manter a calma.

Ele fechou os olhos por alguns minutos, e eu me preparei para o pior. Pensei em pedir desculpas pelo meu tom de voz, mas me mantive firme. Não queria parecer fraca diante dele.

— Está na sua razão. Me acompanhe e vamos resolver isso com eles. Talvez seja uma boa oportunidade para conversarmos, e eu colocar no papel todos os seus atrasos. Sua irresponsabilidade será vista, não por mim, mas como você disse, pela diretoria.

Droga, a última coisa que eu queria naquele momento era problemas com a direção. Cruzei os braços e comecei a pensar em como sair daquela situação sem arrumar ainda mais problemas. Não queria um confronto maior, então tentei uma abordagem mais conciliatória.

— Desculpe. Isso não vai se repetir. — sussurrei, sentindo minha determinação vacilar.

Ele sorriu, mas não de um jeito reconfortante. Parecia mais um sorriso de triunfo.

— Não, não precisa se importar com a minha opinião, senhorita Davis. Pode continuar como quiser. Afinal, não devo me preocupar, não é mesmo?

O sangue subiu à minha cabeça. Minha vontade era de agredi-lo, mas não podia perder a calma assim. Não vou dar esse gostinho a ele. Suspirei pesadamente, apertei meu caderno contra o corpo, confirmei com a cabeça, e ele fez sinal para que eu saísse da sala. Elijah tinha algo misterioso em seu olhar, algo que me intimidava de uma maneira inexplicável. Estava a caminho da saída quando senti meu celular vibrar no bolso de trás. Era uma mensagem de Eduarda.

𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐫𝐢𝐠𝐢𝐧𝐚𝐥𝐬 - DαrkηєssOnde histórias criam vida. Descubra agora