𝟏𝟑

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Klaus Mikaelson

Elijah nunca foi o irmão que confiasse em minhas melhores intenções. Sempre apegado à moralidade e aos códigos antiquados, como se tais coisas pudessem nos salvar da realidade brutal em que vivemos. E Rebekah... Ah, ela ainda menos. Seus sentimentos e sua nostalgia sempre a cegaram para o que realmente importa. Este sumiço, este pequeno espetáculo, não fazia parte do meu plano. E ser interrompido dessa maneira — ser privado da satisfação de ter Liandra exatamente como eu queria — isso me irritava profundamente.

Eu tinha Liandra nas minhas mãos, moldada, pronta para ceder ao meu controle, e de repente... tudo saiu do meu alcance. A facilidade com que tudo desmoronou foi alarmante. Ela era divina, é verdade, uma jovem bruxa de poder incomum, mas o que realmente me intriga é o modo como Elijah se viu preso a ela. Elijah, sempre tão controlado, tão meticuloso, agora refém de uma mera bruxa? O que há nela, afinal? O que essa garota tem dentro de si para fazer meu irmão, o mais equilibrado dos Mikaelsons, sucumbir de maneira tão... patética?

Há algo oculto ali, algo mais profundo do que poder bruto. Talvez seja seu espírito indomável, ou quem sabe, a escuridão que ela carrega sem sequer perceber. Mas de uma coisa estou certo: essa jovem é mais do que aparenta. E se Elijah se permite cair em sua órbita, bem, isso só torna tudo mais interessante, não é?

Eu estava determinado a não deixar aquela noite ser apenas uma memória, um fragmento preso em meus sonhos. Não, Liandra era real, tangível, e eu faria questão de aproveitar tudo o que ela tinha para me oferecer. Sua magia, sua presença... aquilo não seria esquecido tão facilmente. E, claro, eu já estava movendo os fios que precisavam ser puxados para encontrá-la novamente. Meus meios, meus recursos, todos seriam usados para localizá-la.

Elijah, claro, estava ao meu lado, a eterna sombra crítica, desconfiando até mesmo de como eu respirava. Seu olhar acusador, sempre alerta. Ele jamais entenderia. Elijah era ingênuo demais para perceber o jogo como ele realmente é. Suspeitar que eu havia armado tudo? Por favor. Não sou tão burro, e certamente, tão pouco previsível.

— Bruxas... — murmurou a mulher que eu havia contatado, suas mãos pousando suavemente sobre o mapa à sua frente, os dedos deslizando com uma graça fria e calculista.

Ótimo, pensei, mais uma vez as queridas bruxas interferindo em meus planos. Inferno! Sempre com sua intromissão insuportável, sempre um obstáculo.

— Mas tem algo... — A voz da bruxa soou de forma tensa, seus dedos começando a se mover mais rápido, frenéticos, enquanto um papel em branco ao lado começava a ser marcado com símbolos desconexos, desenhados com uma precisão assustadora. Os olhos dela, ainda fechados, enquanto sua boca sussurrava feitiços em uma língua antiga, palavras que eu não conseguia decifrar. Até que os sussurros se tornaram gritos. Gritos de pura agonia.

Lágrimas negras escorreram por seu rosto, como se sua alma estivesse sendo arrancada de dentro dela. Rebekah, como sempre, a mais sensível de nós, cobriu a boca, seus olhos arregalados de horror, sem entender o que estava acontecendo.

— Meu Deus... — ela murmurou, a incredulidade estampada em sua expressão.

Então, num piscar de olhos, o inevitável aconteceu. A bruxa tentou abrir os olhos, e eles simplesmente explodiram, espalhando sangue e matéria pelo ar, como uma macabra pintura à nossa frente. O corpo dela desabou logo depois, morto, caindo inerte ao lado do mapa.

E ali estava eu, encarando mais uma interrupção nos meus planos, mais uma vez pelas mãos amaldiçoadas das bruxas.

— Bem... isso foi inesperado, — murmurei com desprezo, um sorriso amargo se formando nos meus lábios.

Caminhei até o corpo da bruxa, meus olhos fixos em um dos desenhos que ela havia rabiscado em meio ao caos. Segurei o papel entre os dedos, observando a confusão de traços e símbolos. Eram rabiscos desordenados, o tipo mais baixo e grotesco de tentativa mágica que eu já havia visto. Nada fazia sentido. E, como sempre, Elijah não podia deixar passar a oportunidade de interferir. Ele tomou o papel da minha mão, e assim que seus olhos pousaram nos símbolos, sua expressão mudou. Um leve escurecimento em seu olhar, algo que denunciava o que ele estava pensando.

— Isso é magia negra... — disse, a voz grave e carregada com um tom de preocupação que não podia ignorar. — Magia que sua bruxa jamais teve o poder de acessar. Ela morreu tentando... — Ele fez uma pausa, analisando os rabiscos. — Essa é a magia que seria da Liandra, mas algo está errado.

— O que Elijah? — Rebekah perguntou, movendo-se para ficar ao lado dele, seus olhos inquietos alternando entre nós.

Eu continuei em silêncio, observando a expressão séria no rosto de meu irmão. Ele sempre tinha que complicar as coisas, sempre tinha que ver além do que era necessário. A impaciência crescia dentro de mim, mas me contive. Se Elijah tinha alguma informação útil, era melhor ouvi-lo.

— Precisamos encontrá-la, — ele continuou, finalmente levantando o olhar para mim e Rebekah. — Somente ela terá as respostas. Algo aconteceu com a magia dela, algo maior do que qualquer um de nós previu.

Seus olhos encontraram os meus, como se esperasse que eu respondesse. Mas no fundo, ele sabia que eu estava muito à frente dele. Claro que algo havia dado errado. Eu já sabia disso. Só que, diferente de Elijah, eu estava disposto a fazer o necessário para consertar as coisas.

Rebekah segurou o mapa com firmeza, e diante de nossos olhos, uma imagem começou a se formar. Era uma localização, vagamente delineada no papel, mas ao invés de permanecer estática, ela se movia. Lentamente, como se estivesse dançando pelo mapa, convidando-nos a segui-la. A localização parecia querer ser encontrada.

— É ela... Só pode ser a localização dela! — Rebekah falou com convicção, os olhos fixos no mapa como se aquilo fosse uma verdade absoluta. Havia algo na forma como ela disse, quase como um desespero para que fosse verdade.

— Vamos. — Ordenei sem hesitação, o comando saindo com a mesma frieza de sempre. Não havia mais tempo para esperar ou questionar. Se aquele era o rastro de Liandra, eu o seguiria até o fim.

Elijah lançou um olhar cauteloso para mim, mas mesmo ele sabia que a oportunidade era boa demais para ser desperdiçada. Não importava o que estivesse acontecendo com a magia de Liandra, eu a encontraria.

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⏰ Última atualização: Oct 09 ⏰

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𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐫𝐢𝐠𝐢𝐧𝐚𝐥𝐬 - DαrkηєssOnde histórias criam vida. Descubra agora