Ataque

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Eu realmente preciso saber o que vai acontecer comigo, por que sou necessária para esse plano?

Ser meio estranha parece uma explicação plausível pra você?

Pelos ancestrais, consciência, agora não!

Dikeledi parece saber de algo mais sobre mim e não me contou nada, só agora, correndo no meio de uma floresta desconhecida, que sinto minha irritação surgir.

Ela não me disse mais nada do que uma ordem, embora isso seja óbvio, já que é a alfa, mesmo assim eu sinto que precisava ouvir alguma explicação.

Crack

Deixo meus pensamentos de lado ao pisar num galho seco espalhado no solo coberto de musgos jovens.

Não posso perder tempo, pensando em algo agora - se o que o Corvo fazer, não funcionar, tenho que achar uma rota de fuga e ser rápida, muito rápida por sinal.

Não posso nem cogitar a ideia de lutar com os lobos, não seria nem uma luta para ser sincera - seria uma morte certa e dolorosa.

É como correr para uma tempestade e não querer se molhar.

O Corvo voa baixo e forço meus músculos ao máximo para correr tão ágil quanto um coelho.

Ele não me diz nada também.

Aperto meus dentes uns contra os outros.

- Estamos chegando perto. - Suindara nos fala. - Raksha, eu vou observar do alto e se algo der errado, eu chamo as lobas.

- Tudo bem. - a respondo, com o pingo de palavras que minha língua consegue formar no momento.

Ouço as asas de Suindara baterem para longe - para mais alto da floresta e logo depois foco minha visão no Corvo.

Depois de vinte passos, ele para subitamente.

Seu último bater de asas ao tocar o solo - lembra a última respiração de algum ser que sofreu demais ao deixar a vida.

Meus pelos se eriçam de forma estranha e involuntária.

Quando o ar ficou tão pesado ao nosso redor?

Já consigo sentir o cheiro dos lobos e por sorte o vento empurra o meu para longe dos seus focinhos.

- Talvez eu devesse te contar logo o por que de você ser escolhida, mas isso é trabalho para Sune. - ele limpa a garganta, como se essa fosse uma conversa de fim da tarde observando o pôr do Sol. - Então apenas confie em mim e siga seus instintos, não é a primeira vez que faço isso com você, mas é a primeira vez que você irá ver e quando sairmos daqui, juro que lhe dou uma pequena explicação.

Se eu não estivesse sentindo o solo sob as minhas patas eu juro que estaria caindo de um abismo.

O que?! O que ele está dizendo?!

- Vou esperar ansiosa pela explicação. - respondo.

- Quero que você vá até onde eles estão e perguntem o que querem. - de novo a voz sem nem um pingo de preocupação.

Isso é alguma piada?

A pergunta fica presa em minha garganta e a engulo junto com o medo que começa a se acumular.

Eu concordei em fazer isso, não é hora de voltar atrás.

E também nem pode.

Você sabe como me animar não é consciência?

De nada.

Engraçadinha.

Olho uma última vez para o Corvo, e ele assente com os olhos fechados, concentrado em algo distante.

RakshaOnde histórias criam vida. Descubra agora