Colina amarela

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Assim que nos distanciamos do território, os ancestrais retornam às suas formas esféricas, iluminando o caminho à nossa frente.

Uma coruja grita e pelo som, consigo dizer que é Suindara.

Ela está se aproximando pelo lado direito e com ela, passos apressados de outros lobos tocando com força o solo da floresta.

A luz dos ancestrais não tem o alcance grande o suficiente para que eu possa ver os lobos.

Imediatamente penso que nos alcançaram, abaixo as orelhas, pronta para atacar e antes que eu possa saltar sobre eles Tepi fica ao meu lado, suas patas se distanciando muito do solo.

- Espere! - diz ofegante. - São as lobas, elas já estão aqui!

- Mas já? - pergunto sem esperar uma resposta, havia pensado que demoraria um pouco mais de tempo para chegarem até aqui.

Tepi educadamente acena com a cabeça, ou pelo menos tenta, na velocidade que estamos correndo, fica meio difícil se mover de forma precisa.

Não demora muito para que Teelen e as outras lobas com ninhos, se destaquem das sombras e se misturem na nossa formação quase inexistente.

Os ancestrais que as seguiam, antes nas formas completas de lobos, passam rapidamente para as suas esferas luminosas e flutuam num movimento fluído para o lado dos outros, formando um círculo de proteção ao nosso redor, assim como o círculo de luz que a Lua deixa no céu quando está cheia.

A floresta se estende à nossa frente como um rio infinito, a luz azul forte se torna tênue e delicada ao chegar nos troncos das árvores, iluminando muito pouco o relevo grosseiro dos troncos que pertencem a floresta.

Meus músculos começam a reclamar pelo esforço contínuo - mas ainda tenho forças para correr, todas nós temos temos, precisamos ter.

Embora a tensão a cada resgate nos deixe muito mais esgotadas que o normal.

Nossas passadas se tornam mais longas e só diminuímos o ritmo após cruzarmos um córrego tranquilo e uma das corujas soltar um grito estridente, nós dizendo que não há mais perigo, ao menos por enquanto.

O som do córrego se torna um sussurro perdido no vento a medida que avançamos.

A alfa pede para andarmos um pouco mais - até uma clareira com um excesso de troncos podres sobre o chão - ou pelo menos é o que vejo com a ajuda das esferas luminosas. Farejo o ar em busca do odor de outro lobos, mas há apenas o aroma da madeira e da grama perfumando o ar noturno.

Os novos filhotes são colocados com os outros e os ninhos ficam vazios novamente, prontos para receber mais outros recém-nascidos, eles grunhem ao sentir o ar gélido da noite passar pelos seus pelos mas ao sentirem o calor que emana dos seus novos irmãos no ninho, se calam.

Me pergunto quantos deles temos agora.

- Descansem por mais algum tempinho. - Dikeledi fala num tom baixo, a voz sendo engolida por suas inspirações desrregulares. - Assim que um vento forte balançar as folhas acima de nós, partimos, parando apenas ao nascer do Sol, quando avistarmos uma colina.

Escuto a sua declaração com um pingo de confusão, como podemos esperar por uma brisa como sinal de partida? 

Sacudo a cabeça, há coisas mais importantes para se pensar, como por exemplo: será que conseguiremos achar a coruja de fogo? Conseguiremos realizar todos os resgates? Sem perdas no nosso grupo? 

Me sinto um filhote novamente, por ter tantas dúvidas e velha por tantas apreensões e medo de que tudo dê errado.

Algumas das lobas se sentam, enquanto outras se juntam a Teelen para olhar alguns dos filhotes e amamentá-los.

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