06.

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Estar de volta em Artena, em seu castelo, era um alivio. A criadagem de Montemor até que tentou mas apenas Lucíola sabia exatamente como gostava de seu banho, qual a temperatura ideal da água etc.


"Lucíola, eu espero não ter que voltar a Montemor por um bom tempo." Disse Catarina, fechando os olhos e apenas desfrutando da sensação da água quente em seu corpo.


"Foi uma estádia ruim, alteza?" indagou Lucíola, em pé do lado de fora da imensa banheira e jogando cuidadosamente água que estava numa jarra no cabelo da princesa.

Catarina suspirou, os olhos ainda fechados e recordando-se de todos os acontecimentos que ocorreram em Montemor. "Não de todo." Murmurou, a lembrança de um beijo e uma mão quente em sua cintura e olhos - olhos que a encaravam como quem sabia exatamente quem ela era e não tinha medo disso ou queria mudar isso; o que era algo novo. "Mas não posso negar que houve momentos bem desagradáveis." Lembrou-se de Otávio e do olhar cobiçoso de Rodolfo.


"A cerimonia de coroação ao menos ocorreu sem nenhum problema, imagino?"


Catarina bufou. "A cerimonia de coroação foi o maior problema Lucíola." Disse, enfim abrindo os olhos e olhando para a criada. "Rodolfo não deveria jamais ter se tornado rei de Montemor."


"Talvez ele possa surpreender vossa alteza e acabar se tornando um rei melhor do que príncipe Afonso poderia ter sido."


"Eu duvido muito." Disse Catarina, levantando-se abruptamente da banheira. Lucíola imediatamente lhe enrolou no pano mais macio para que se secasse. "E pare de chamar Afonso de príncipe Lucíola, ele não passa de um plebeu agora."


Assentindo Lucíola acompanhou a princesa até a penteadeira, onde calmamente começou a lhe secar os cabelos para que pudesse penteá-lo.

"Me desculpe Alteza." Curvou brevemente a cabeça e Catarina rolou os olhos antes de suspirar.


"Eu compreendo. Vai levar um tempo até todos se acostumarem com essa situação absurda. Acho que até mesmo Afonso não se acostumou tanto quanto faz parecer."


"Alteza?"


Mas Catarina já não a estava ouvindo, tampouco queria prosseguir com aquela conversa. Estava se lembrando a expressão de Afonso, quando o acusou de abandonar o trono por covardia. Por um momento, ele pareceu chocado e então - antes que a raiva e oque quer que tenha sido que o fez beijá-la daquela forma - houve.... vergonha. Como se ela tivesse descoberto algo que nem mesmo ele havia se dado conta sobre si mesmo ainda.


Poderia ser? Catarina sempre achou absurda essa ideia dele ter largado tudo, todo um povo por uma plebeia. Não condizia muito com o que sempre ouviu a respeito do príncipe, e enquanto não acreditava muito em boatos ela duvidava muito que todos eles fossem sem fundamento.


"Sabe, Lucíola..." começou novamente a princesa, depois de um longo tempo em silencio e fazendo a criada a olhar através do espelho. "...ter Afonso nos acompanhando até Montemor, fez com que pudesse analisar um pouco melhor a personalidade dele... E depois de também observar o comportamento de Rodolfo..." balançou a cabeça, de repente se sentindo cansada.

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